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Eric Hobsbawm, grande intelectual marxista e amante do jazz

O historiador britânico, um dos intelectuais mais influentes da segunda metade do século XX, morreu nesta segunda-feira aos 95 anos


	Eric Hobsbawm: o historiador publicou seu último livro em 2011, intitulado "Como Mudar o Mundo"
 (Wesley/Keystone/Getty Images)

Eric Hobsbawm: o historiador publicou seu último livro em 2011, intitulado "Como Mudar o Mundo" (Wesley/Keystone/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2012 às 12h58.

Londres - O historiador britânico Eric Hobsbawm, que morreu nesta segunda-feira em Londres aos 95 anos, foi um dos intelectuais mais influentes da segunda metade do século XX, cuja vida e obra refletem seu profundo compromisso com o marxismo.

Entre seus títulos mais importantes, que marcaram gerações de historiadores e cientistas políticos, estão "Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 - 1991" e "Globalização, Democracia e Terrorismo".

Hobsbawm ficou especialmente conhecido por sua série "A Era das Revoluções", "Era do Capital", "A Era dos Impérios" e "Era dos Extremos", traduzida a mais de 40 idiomas.

O admirado intelectual, que utilizou os princípios do marxismo para explicar o mundo atual, publicou seu último livro em 2011, intitulado "Como Mudar o Mundo".

Eric Hobsbawm nasceu em Alexandria (Egito) em 1917 - às vésperas da Revolução Russa -, de pais judeus, Leopold Percy Obstbaum, comerciante britânico, e Nelly Grün, escritora austríaca.

Eric - cujo sobrenome foi modificado por um erro na certidão de nascimento, cresceu em Viena (Áustria) e Berlim (Alemanha), antes de se mudar para Londres, em 1933, o ano em que Hitler chegou ao poder na Alemanha.

O jovem e sua irmã Nancy, que foram criados em inglês por seus pais, ficaram órfãos na adolescência e foram adotados por seus tios, com que vieram ao R.Unido.


Aos 14 anos, o pensador se filiou ao Partido Comunista em Berlim, afiliação que levou para a Grã-Bretanha, onde foi membro da formação britânica até pouco antes de seu desaparecimento em 1991 (apesar de dizer que a tinha abandonado durante a invasão soviética da Hungria em 1956).

Após estudar na universidade inglesa de Cambridge, em 1947 se tornou professor na universidade londrina de Birkbeck, com a qual colaborou durante anos até chegar à reitoria.

Ao longo de sua carreira, Hobsbawm gerou polêmica por suas ideias políticas, que em sua opinião o impediram de progredir mais rapidamente no mundo acadêmico.

Em sua autobiografia, "Tempos Interessantes", publicada quando tinha 85 anos, escreveu: "Pertenço a uma geração para a qual a revolução de outubro representou esperança para o mundo".

Casado duas vezes, com Muriel Seaman e Marlene - hoje sua viúva -, e pai de três filhos, Julia, Andy e Joseph, Hobsbawm era, além de admirador de Marx, um apaixonado pelo jazz.


Durante anos foi o crítico de jazz da revista progressista "New Statesman", sob o pseudônimo de Francis Newton - em homenagem ao trompetista comunista de Billie Holiday -, e escreveu um livro sobre o estilo.

Após publicar sua primeira obra em 1959, nos anos 1960 se estabeleceu como historiador de referência internacional, com uma análise da história não baseada na vida dos reis e estadistas, mas no contexto econômico e social.

Embora consciente dos excessos do comunismo totalitário, Hobsbawm foi fiel até o fim a suas ideias socialistas e sustentava que "a injustiça social ainda deve ser denunciada e combatida", já que "o mundo não vai a melhorar por si só".

No R.Unido, onde foi membro da Academia Britânica de Ciências Sociais, o governo trabalhista de Tony Blair intermediou em 1998 para que fosse concedida ao autor a condecoração real de "Companheiro de Honra" por seu trabalho nas ciências humanas.

Eric Hobsbawm, que há anos lutava contra a leucemia, faleceu na primeira hora do dia no hospital Royal Free de Londres, onde estava sendo tratado de pneumonia, segundo informou sua família. 

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