Enriquecimento de urânio no Irã supera limite de 4,5%
O país já havia anunciado que iria aumentar seu enriquecimento de urânio acima do limite estabelecido em um acordo nuclear de 2015
AFP
Publicado em 8 de julho de 2019 às 13h41.
O Irã anunciou nesta segunda-feira que começou a enriquecer urânio a mais de 4,5%, um nível proibido pelo acordo internacional de 2015 sobre seu programa nuclear. "Esta manhã, o grau de pureza do urânio (enriquecido) produzido (pelo Irã) atingiu 4,5%", indicou a agência de notícias Isna, citando Behruz Kamalvandi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA). "Este grau de pureza é perfeitamente suficiente para as necessidades do país em termos de combustível para central nuclear ", acrescentou Kamalvandi, segundo a Isna.
O governo havia anunciado no domingo que começaria a enriquecer urânio a um nível superior a 3,67%, definido no acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano.
Segundo Ali Akbar Vélayati, conselheiro do guia supremo iraniano, as necessidades do país para suas "atividades (nucleares) pacíficas", a saber a alimentação de sua única central atômica, corresponde a um enriquecimento de urânio a 5%. Este nível continua muito distante dos 90% necessários para a fabricação de uma bomba atômica.
Em reação ao anúncio, a União Europeia (UE) pediu que o Irã pare o enriquecimento acima dos níveis definidos no acordo de 2015. "Instamos encarecidamente o Irã a parar e reverter todas as atividades que sejam incompatíveis com os compromissos contraídos" no âmbito do acordo nuclear, declarou Maja Kocijancic, porta-voz da diplomacia europeia.
Dizendo-se "preocupada", a Rússia pediu "diálogo" com a República Islâmica. "A Rússia espera prosseguir o diálogo e os esforços diplomáticos", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusando os Estados Unidos de serem responsáveis pelas tensões atuais.
A China também denunciou as atitudes americanas como causas das tensões. "A pressão máxima dos Estados Unidos sobre o Irã é a fonte da crise nuclear iraniana", afirmou Geng Shuang, um porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.