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Em livro, Bento XVI se diz surpreso com eleição de Francisco

Papa Bento XVI quebrou o silêncio após sua renúncia com dois livros, nos quais analisa seu pontificado e se diz surpreso com a eleição do sucessor, Francisco

Bento XVI: papa emérito disse ter por Francisco "um sentimento de comunhão profunda e de amizade" (Vincenzo Pinto/AFP)
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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2016 às 08h30.

Cidade do Vaticano - Após sua renúncia em fevereiro de 2013, Bento XVI afirmou que viveria "afastado do mundo", e em muito poucas ocasiões quebrou seu silêncio, mas nos últimos dias foram anunciados dois livros-entrevista nos quais pela primeira vez o papa emérito confessou amplamente os detalhes de sua decisão.

Um deles é, em versão italiana, "Ultime conversazioni" ("Últimas conversas"), à venda a partir desta sexta-feira mundialmente e escrito pelo jornalista alemão e biógrafo do papa emérito, Peter Sewald, que já publicou outras três conversas com Joseph Ratzinger, duas quando ele era cardeal e outra como papa.

Nesta ocasião, o papa emérito fala sobre seus oito anos de pontificado, sobre como aceita a proximidade da morte, sobre seus pensamentos a respeito do papa Francisco ou o contexto no qual apresentou sua renúncia como sucessor de Pedro para os católicos romanos, segundo alguns trechos divulgados pelo jornal italiano "Corriere della Sera".

"O texto da renúncia eu escrevi. Não posso dizer com precisão quando, mas no máximo duas semanas antes. Eu o escrevi em latim porque algo tão importante se faz em latim", declarou.

Em 2013, Bento XVI surpreendeu o mundo e a Igreja Católica ao anunciar sua renúncia ao Pontificado, algo que não ocorria desde Celestino V em 1294.

Sua decisão foi uma ação serena e meditada, livre de pressões e fruto de um "estado de ânimo pacífico" que lhe permitiu "passar tranquilamente o governo" a seu sucessor.

"Não se tratou de uma retirada sob pressão dos eventos ou de uma fuga pela incapacidade de encará-los", disse.

A saída também não foi uma consequência de uma desilusão ou algum tipo de coação: "Não o teria permitido", nem "teria renunciado" ao pontificado se tivesse estado "sob pressão", reiterou.

Em outro capítulo, Bento XVI lembra seus anos à frente da Igreja Católica e faz autocrítica ao admitir que uma de suas fraquezas foi "a pouca determinação" que teve em algumas ocasiões na hora de "governar e tomar decisões".

No entanto, embora aceite que "o governo prático" não é seu "forte", não considera que sua etapa à frente da Igreja Católica tenha sido "um fracasso", pois "durante oito anos" desempenhou um trabalho ao serviço desta instituição.

"Houve momentos difíceis, basta pensar, por exemplo, no escândalo da pederastia, o caso Williamson ou inclusive o escândalo do Vatileaks", citou.

Bento XVI lembrou assim polêmicas como a protagonizada pelo bispo britânico Richard Williamson, que em 2009 negou o Holocausto judeu e a existência das câmaras de gás, o que pôs de pé de guerra a comunidade judaica internacional.

No mesmo ano, Bento XVI suspendeu a excomunhão que pesava sobre Williamson desde 1988, sem conhecer seu negacionismo, uma ação que causou notáveis críticas internacionais.

O bispo tinha sido excomungado por João Paulo II após ser ordenado por Marcel Lefebvre (o mais destacado representante do tradicionalismo católico) sem mandato pontifício.

Bento XVI também lembrou escândalos de pedofilia , de cuja existência era ciente (poucos dias antes de ser eleito papa ele denunciou a "sujeira" e a "soberba" "entre os que, por seu sacerdócio, deveriam estar entregues ao Redentor"), embora nunca pensou que pudessem ser tantos.

O papa emérito citou ainda o caso Vatileaks, sobre a divulgação de suas correspondência privadas em 2010.

Mas não houve apenas momentos difíceis, já que Bento XVI enumerou sucessos como a quebra de um "lobby gay" formado por "quatro, talvez cinco pessoas".

Ao longo de suas francas confissões, o pontífice emérito falou sobre Francisco, reconhecendo que "não tinha pensado nele" para sucedê-lo e que sua escolha foi "uma grande surpresa".

Em relação ao atual papa, ele agradece as atenções recebidas ao longo de seus já três anos de pontificado e admira, por exemplo, que seja "um homem de reforma prática", com capacidade para "colocar a mão nas ações de caráter organizativo".

Aos 89 anos - completará 90 em abril do ano que vem -, Bento XVI está em uma etapa de sua vida na qual já se prepara para a morte, "tendo-a sempre presente", e se diz ciente de que "toda a vida tende ao encontro" com Deus.

"Últimas conversas" não é o único livro-entrevista sobre Bento XVI comentado nas últimas semanas, já que no dia 30 de agosto foi lançado "Servitore di Deo e dell'umanità" ("Servidor de Deus e da humanidade"), do italiano Elio Guerriero.

Na obra, o papa emérito explica que a decisão de renunciar ao Pontificado começou a ser pensada após uma viagem a México e Cuba, em março de 2012, onde comprovou "os limites" de sua "resistência física" e tomou consciência de que não poderia suportar uma viagem ao Brasil em 2013 para liderar a Jornada Mundial da Juventude.

Bento XVI também falou de Francisco, ressaltando que tem por ele "um sentimento de comunhão profunda e de amizade".

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Cidade do Vaticano - Após sua renúncia em fevereiro de 2013, Bento XVI afirmou que viveria "afastado do mundo", e em muito poucas ocasiões quebrou seu silêncio, mas nos últimos dias foram anunciados dois livros-entrevista nos quais pela primeira vez o papa emérito confessou amplamente os detalhes de sua decisão.

Um deles é, em versão italiana, "Ultime conversazioni" ("Últimas conversas"), à venda a partir desta sexta-feira mundialmente e escrito pelo jornalista alemão e biógrafo do papa emérito, Peter Sewald, que já publicou outras três conversas com Joseph Ratzinger, duas quando ele era cardeal e outra como papa.

Nesta ocasião, o papa emérito fala sobre seus oito anos de pontificado, sobre como aceita a proximidade da morte, sobre seus pensamentos a respeito do papa Francisco ou o contexto no qual apresentou sua renúncia como sucessor de Pedro para os católicos romanos, segundo alguns trechos divulgados pelo jornal italiano "Corriere della Sera".

"O texto da renúncia eu escrevi. Não posso dizer com precisão quando, mas no máximo duas semanas antes. Eu o escrevi em latim porque algo tão importante se faz em latim", declarou.

Em 2013, Bento XVI surpreendeu o mundo e a Igreja Católica ao anunciar sua renúncia ao Pontificado, algo que não ocorria desde Celestino V em 1294.

Sua decisão foi uma ação serena e meditada, livre de pressões e fruto de um "estado de ânimo pacífico" que lhe permitiu "passar tranquilamente o governo" a seu sucessor.

"Não se tratou de uma retirada sob pressão dos eventos ou de uma fuga pela incapacidade de encará-los", disse.

A saída também não foi uma consequência de uma desilusão ou algum tipo de coação: "Não o teria permitido", nem "teria renunciado" ao pontificado se tivesse estado "sob pressão", reiterou.

Em outro capítulo, Bento XVI lembra seus anos à frente da Igreja Católica e faz autocrítica ao admitir que uma de suas fraquezas foi "a pouca determinação" que teve em algumas ocasiões na hora de "governar e tomar decisões".

No entanto, embora aceite que "o governo prático" não é seu "forte", não considera que sua etapa à frente da Igreja Católica tenha sido "um fracasso", pois "durante oito anos" desempenhou um trabalho ao serviço desta instituição.

"Houve momentos difíceis, basta pensar, por exemplo, no escândalo da pederastia, o caso Williamson ou inclusive o escândalo do Vatileaks", citou.

Bento XVI lembrou assim polêmicas como a protagonizada pelo bispo britânico Richard Williamson, que em 2009 negou o Holocausto judeu e a existência das câmaras de gás, o que pôs de pé de guerra a comunidade judaica internacional.

No mesmo ano, Bento XVI suspendeu a excomunhão que pesava sobre Williamson desde 1988, sem conhecer seu negacionismo, uma ação que causou notáveis críticas internacionais.

O bispo tinha sido excomungado por João Paulo II após ser ordenado por Marcel Lefebvre (o mais destacado representante do tradicionalismo católico) sem mandato pontifício.

Bento XVI também lembrou escândalos de pedofilia , de cuja existência era ciente (poucos dias antes de ser eleito papa ele denunciou a "sujeira" e a "soberba" "entre os que, por seu sacerdócio, deveriam estar entregues ao Redentor"), embora nunca pensou que pudessem ser tantos.

O papa emérito citou ainda o caso Vatileaks, sobre a divulgação de suas correspondência privadas em 2010.

Mas não houve apenas momentos difíceis, já que Bento XVI enumerou sucessos como a quebra de um "lobby gay" formado por "quatro, talvez cinco pessoas".

Ao longo de suas francas confissões, o pontífice emérito falou sobre Francisco, reconhecendo que "não tinha pensado nele" para sucedê-lo e que sua escolha foi "uma grande surpresa".

Em relação ao atual papa, ele agradece as atenções recebidas ao longo de seus já três anos de pontificado e admira, por exemplo, que seja "um homem de reforma prática", com capacidade para "colocar a mão nas ações de caráter organizativo".

Aos 89 anos - completará 90 em abril do ano que vem -, Bento XVI está em uma etapa de sua vida na qual já se prepara para a morte, "tendo-a sempre presente", e se diz ciente de que "toda a vida tende ao encontro" com Deus.

"Últimas conversas" não é o único livro-entrevista sobre Bento XVI comentado nas últimas semanas, já que no dia 30 de agosto foi lançado "Servitore di Deo e dell'umanità" ("Servidor de Deus e da humanidade"), do italiano Elio Guerriero.

Na obra, o papa emérito explica que a decisão de renunciar ao Pontificado começou a ser pensada após uma viagem a México e Cuba, em março de 2012, onde comprovou "os limites" de sua "resistência física" e tomou consciência de que não poderia suportar uma viagem ao Brasil em 2013 para liderar a Jornada Mundial da Juventude.

Bento XVI também falou de Francisco, ressaltando que tem por ele "um sentimento de comunhão profunda e de amizade".

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