Em 2016, ao menos 140 tiroteios em massa ocorreram nos EUA
Em 165 dias, o país sofreu com massacres que envolveram armas de fogo. É o que mostram os números de sites que monitoram esse tipo de violência nos EUA
Gabriela Ruic
Publicado em 15 de junho de 2016 às 12h56.
São Paulo – Nos 165 dias que já se passaram neste ano, os Estados Unidos (EUA) sofreram ao menos 140 tiroteios em massa. É o que apontam os números do site Gun Violence Archive, que é formado por um grupo de pesquisadores dedicados ao estudo da violência no país.
Vale notar que o conceito de tiroteio em massa não é um consenso entre autoridades do governo dos EUA e pesquisadores. Para o FBI, por exemplo, para que um evento possa ser classificado como tal, é necessário que tenha resultado em ao menos três mortes. Já para o GVA, um tiroteio em massa é aquele em que quatro ou mais pessoas tenham sido feridas ou mortas na mesma hora e local, sem incluir o atirador.
Desde a madrugada do último domingo (12), quando se desenrolou o massacre na boate Pulse, na Flórida, ao menos outros dois tiroteios em massa ocorreram pelo país nas cidades de Oakland (Califórnia) e Wilmington (Delaware). No primeiro, apenas uma das quatro vítimas morreu, enquanto o segundo não registrou vítimas fatais, mas quatro feridos.
Ainda de acordo com a análise do GVA, apenas em 2016, foram detectados 141 tiroteios em massa nos EUA e 23.647 incidentes envolvendo armas de fogo. Ao todo, 6.066 pessoas morreram em decorrência desse tipo de violência.
A apuração dos números, explica o site, é baseada na análise de 1.500 fontes de informação, que incluem registros policiais, e cada incidente é avaliado pessoalmente por um de seus pesquisadores.
Outro site que também monitora esses incidentes é o Mass Shooting Tracker (MST), que usa uma definição parecida com a do GVA sobre tiroteios em massa, mas um pouco mais abrangente, já que inclui na conta, além do mínimo de quatro vítimas mortas ou feridas, o estado do atirador e os tiros de policiais que possam ter atingido essas pessoas.
De acordo com as contas do MST, os EUA observaram 182 tiroteios em massa apenas em 2016. Só em junho, 75 pessoas foram mortas neste tipo de situação e 122 ficaram feridas. Em 2015, na análise desse mesmo período, foram registradas 46 mortes e 162 feridos.
Armas de fogo: um debate antigo nos EUA
Em uma semana na qual o mundo está atento aos desdobramentos das investigações da polícia dos EUA sobre o ataque na boate Pulse, no qual 49 pessoas foram mortas pelo atirador Omar Mateen, os americanos voltaram a discutir como se prevenir deste tipo de incidente e sobre a necessidade de políticas mais rigorosas para a compra de armas de fogo.
Uma pesquisa recente conduzida pela empresa Data Viz e divulgada pelo site The Atlantic, constatou que hoje, nos EUA, é mais fácil comprar armas de fogo que um café. Para cada 6 estabelecimentos especializados na venda dessas armas, há uma loja da famosa rede de cafés Starbucks. Evidente que a pesquisa usou essa rede como exemplo e, portanto, a comparação não é tão exata, mas reflete a dimensão do problema.
O presidente Barack Obama é um dos firmes defensores da ideia de que é preciso rever a política de venda de armas de fogo e vem recorrentemente falando sobre o tema desde o início do seu mandato. Só no último ano, Obama falou publicamente ao menos seis vezes sobre o tema depois de massacres similares ao de Orlando, mostrou o jornal USA Today.
Há algumas semanas, inclusive, ele lembrou que não seria impossível que um militante do grupo Estado Islâmico (EI) conseguisse colocar as mãos em uma arma e realizar um atentado. Essa previsão infelizmente se consolidou no último domingo, embora as motivações do atirador da boate Pulse tenham transitado entre o viés político, já que o próprio jurou lealdade ao EI em ligação para a polícia durante o incidente, e a homofobia.
Do outro lado da discussão está o grupo que defende que, quanto menos barreiras uma pessoa tiver para comprar e portar armas, melhor. Ele é liderado pela poderosa National Rifle Association (NRA), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1871 e que defende a segunda emenda da Constituição Americana, a norma fundamental protetora desse direito.
Para os defensores das armas, um maior controle sobre a venda desses itens será pouco efetivo. Em um artigo no site Daily Beast, o jornalista e autor Nick Gillepsie argumentou que “leis endereçadas ao comportamento criminal não vão parar o terrorismo” e questionou como a redução no acesso a armas poderia impedir que uma pessoa conduzisse um ataque.
A população americana também se mostra dividida nessa questão. De acordo com números do Instituto Gallup, que conduziu uma pesquisa sobre armas de fogo nos EUA, 41% dos americanos entrevistados informaram ter uma arma em casa, mas 55% dessas pessoas crê ser necessária uma lei mais rígida para a compra desses itens e 33% prefere que nada mude.
São Paulo – Nos 165 dias que já se passaram neste ano, os Estados Unidos (EUA) sofreram ao menos 140 tiroteios em massa. É o que apontam os números do site Gun Violence Archive, que é formado por um grupo de pesquisadores dedicados ao estudo da violência no país.
Vale notar que o conceito de tiroteio em massa não é um consenso entre autoridades do governo dos EUA e pesquisadores. Para o FBI, por exemplo, para que um evento possa ser classificado como tal, é necessário que tenha resultado em ao menos três mortes. Já para o GVA, um tiroteio em massa é aquele em que quatro ou mais pessoas tenham sido feridas ou mortas na mesma hora e local, sem incluir o atirador.
Desde a madrugada do último domingo (12), quando se desenrolou o massacre na boate Pulse, na Flórida, ao menos outros dois tiroteios em massa ocorreram pelo país nas cidades de Oakland (Califórnia) e Wilmington (Delaware). No primeiro, apenas uma das quatro vítimas morreu, enquanto o segundo não registrou vítimas fatais, mas quatro feridos.
Ainda de acordo com a análise do GVA, apenas em 2016, foram detectados 141 tiroteios em massa nos EUA e 23.647 incidentes envolvendo armas de fogo. Ao todo, 6.066 pessoas morreram em decorrência desse tipo de violência.
A apuração dos números, explica o site, é baseada na análise de 1.500 fontes de informação, que incluem registros policiais, e cada incidente é avaliado pessoalmente por um de seus pesquisadores.
Outro site que também monitora esses incidentes é o Mass Shooting Tracker (MST), que usa uma definição parecida com a do GVA sobre tiroteios em massa, mas um pouco mais abrangente, já que inclui na conta, além do mínimo de quatro vítimas mortas ou feridas, o estado do atirador e os tiros de policiais que possam ter atingido essas pessoas.
De acordo com as contas do MST, os EUA observaram 182 tiroteios em massa apenas em 2016. Só em junho, 75 pessoas foram mortas neste tipo de situação e 122 ficaram feridas. Em 2015, na análise desse mesmo período, foram registradas 46 mortes e 162 feridos.
Armas de fogo: um debate antigo nos EUA
Em uma semana na qual o mundo está atento aos desdobramentos das investigações da polícia dos EUA sobre o ataque na boate Pulse, no qual 49 pessoas foram mortas pelo atirador Omar Mateen, os americanos voltaram a discutir como se prevenir deste tipo de incidente e sobre a necessidade de políticas mais rigorosas para a compra de armas de fogo.
Uma pesquisa recente conduzida pela empresa Data Viz e divulgada pelo site The Atlantic, constatou que hoje, nos EUA, é mais fácil comprar armas de fogo que um café. Para cada 6 estabelecimentos especializados na venda dessas armas, há uma loja da famosa rede de cafés Starbucks. Evidente que a pesquisa usou essa rede como exemplo e, portanto, a comparação não é tão exata, mas reflete a dimensão do problema.
O presidente Barack Obama é um dos firmes defensores da ideia de que é preciso rever a política de venda de armas de fogo e vem recorrentemente falando sobre o tema desde o início do seu mandato. Só no último ano, Obama falou publicamente ao menos seis vezes sobre o tema depois de massacres similares ao de Orlando, mostrou o jornal USA Today.
Há algumas semanas, inclusive, ele lembrou que não seria impossível que um militante do grupo Estado Islâmico (EI) conseguisse colocar as mãos em uma arma e realizar um atentado. Essa previsão infelizmente se consolidou no último domingo, embora as motivações do atirador da boate Pulse tenham transitado entre o viés político, já que o próprio jurou lealdade ao EI em ligação para a polícia durante o incidente, e a homofobia.
Do outro lado da discussão está o grupo que defende que, quanto menos barreiras uma pessoa tiver para comprar e portar armas, melhor. Ele é liderado pela poderosa National Rifle Association (NRA), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1871 e que defende a segunda emenda da Constituição Americana, a norma fundamental protetora desse direito.
Para os defensores das armas, um maior controle sobre a venda desses itens será pouco efetivo. Em um artigo no site Daily Beast, o jornalista e autor Nick Gillepsie argumentou que “leis endereçadas ao comportamento criminal não vão parar o terrorismo” e questionou como a redução no acesso a armas poderia impedir que uma pessoa conduzisse um ataque.
A população americana também se mostra dividida nessa questão. De acordo com números do Instituto Gallup, que conduziu uma pesquisa sobre armas de fogo nos EUA, 41% dos americanos entrevistados informaram ter uma arma em casa, mas 55% dessas pessoas crê ser necessária uma lei mais rígida para a compra desses itens e 33% prefere que nada mude.