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Em 2011, China mostra lados repressor e salvador do Ocidente

O país começou o ano ultrapassando o Japão e tornando-se definitivamente a segunda maior economia do mundo

O crescimento do país foi de 9%, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, que viram piorar seus problemas com a dívida pública (Jim Watson/AFP)

O crescimento do país foi de 9%, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, que viram piorar seus problemas com a dívida pública (Jim Watson/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2011 às 15h21.

Pequim - Em 2011, a China mostrou ao mundo lados opostos: de um deles, a superpotência econômica que salvou o Ocidente com a compra de títulos da dívida; do outro, a ditadura que aumentou a repressão aos dissidentes por medo do contágio da Primavera Árabe.

O país começou o ano ultrapassando o Japão e tornando-se definitivamente a segunda maior economia do mundo. O crescimento do país foi de 9%, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, que viram piorar seus problemas com a dívida pública.

Por isso, Washington e Bruxelas (sede da União Europeia) começaram a enxergar em Pequim a tábua de salvação do sistema capitalista, que segue abalado desde a crise de 2008. Ao longo de todo o ano, o Ocidente pediu que a China comprasse bônus da dívida europeia e participasse dos fundos de estabilidade, que poderiam ser usados para socorrer economias em crise.

O governo chinês prometeu continuar ajudando com sua reserva de divisas, que é a maior do mundo, mas se mostrou reticente em divulgar dados sobre as compra dos títulos do tesouro.

Apesar desse papel de salvador, no interior do país ocorreram problemas econômicos, como forte inflação e especulação imobiliária. Mas a pior situação, com certeza, é em relação à violação aos direitos humanos e a repressão aos críticos ao regime.

Com medo de que a Primavera Árabe chegasse ao país, o Partido Comunista da China (PCCh) prendeu centenas de dissidentes, ativistas, defensores dos direitos humanos e artistas.

Um caso emblemático foi o do criador do Estádio Olímpico de Pequim, Ai Weiwei, detido ilegalmente em abril durante 81 dias e depois acusado de evasão fiscal. O caso foi considerado uma represália por sua posição política e provocou forte reação nos países ocidentais e em organizações humanitárias.


As críticas, porém, não impediram Pequim de esmagar qualquer tentativa de oposição. Outro exemplo foi o do advogado cego Chen Guangcheng, várias vezes candidato ao Prêmio Nobel da Paz, que está em prisão domiciliar junto com sua família desde setembro de 2010.

Um forte aparato de segurança foi montado em sua casa para impedir a aproximação de jornalistas e simpatizantes. Situação semelhante vive Liu Xia, esposa do escritor premiado com o prêmio Nobel da Paz em 2008, Liu Xiaobo.

Os dissidentes, entre eles Ai Weiwei, acusam o Ocidente de só se preocupar com questões econômicas, o que possibilitaria um aumento da repressão do regime comunista. Pequim chegou ao ponto de tentar legalizar as detenções secretas, que já fizeram milhares de vítimas, segundo a Human Rights Watch (HRW).

O ano de 2011 também foi marcado pelo 90º aniversário do PCCh, e pelo início da preparação da substituição da quarta geração de líderes do partido, encabeçada pelo presidente Hu Jintao e pelo primeiro-ministro Wen Jiabao.

Além disso, aumentaram as tensões entre Pequim, Filipinas e Vietnã, que disputam territórios situados no Mar da China Meridional.

Neste ano, também ocorreu o primeiro acidente de trens de alta velocidade no país, que deixou 40 mortos e se seguiu a uma onda de criticas ao governo.

Por fim, 2011 foi marcado na China pelo atropelamento de uma menina de dois anos, Yue Yue, que após o acidente ficou um longo período ser que ninguém a socorresse. O caso comoveu a sociedade e levantou debates sobre a pressa, o individualismo e a obsessão pelo lucro. 

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