Mundo

ELN pode declarar cessar-fogo unilateral durante visita do papa

O ELN e o governo do presidente Juan Manuel Santos estão negociando um acordo de paz para suspender as hostilidades enquanto o papa visita a Colômbia

Papa Francisco: Bogotá e o ELN, o segundo maior grupo insurgente do país, iniciaram negociações de paz formais em fevereiro (Tony Gentile/Reuters)

Papa Francisco: Bogotá e o ELN, o segundo maior grupo insurgente do país, iniciaram negociações de paz formais em fevereiro (Tony Gentile/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 10 de agosto de 2017 às 16h00.

Bogotá - Os rebeldes do Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) podem declarar um cessar-fogo unilateral temporário durante a visita do papa ao país no mês que vem se não conseguirem acertar um acordo com o governo para uma trégua bilateral, disse um líder da guerrilha no final da quarta-feira.

O ELN e o governo do presidente Juan Manuel Santos estão negociando um acordo de paz no Equador que pode permitir que os dois lados suspendam as hostilidades enquanto o papa está visitando a Colômbia, segundo o líder guerrilheiro, mas a menos de um mês da chegada do pontífice ainda não há nenhum pacto à vista.

"Faremos todo o esforço necessário para que o cessar-fogo seja bilateral, mas se não for alcançável, cogitaremos a possibilidade de torná-lo unilateral", afirmou Pablo Beltrán, negociador-chefe do ELN, à Reuters em uma entrevista por telefone de Quito.

"Sua Santidade Francisco é um papa que fez a Igreja voltar a pensar nos pobres e das maiorias excluídas. Ele é um papa progressista, e tudo que nós, colombianos, pudermos fazer para recebê-lo é um aceno ao apoio que ele dá ao processo de paz", disse.

Bogotá e o ELN, o segundo maior grupo insurgente do país, iniciaram negociações de paz formais em fevereiro depois de mais de três anos de conversas secretas sobre a pauta e a logística.

Santos exigiu que o ELN pare com os sequestros, as hostilidades contra civis e os ataques à infraestrutura de petróleo para rumar para um cessar-fogo bilateral, mas o grupo diz que os ataques são defensivos e uma reação às ofensivas militares contra seus combatentes.

O ELN tem cerca de 2 mil membros e é considerado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como uma organização terrorista. Ele se inspirou na revolução cubana com apoio de padres católicos radicais e emergiu em 1964.

Beltrán também disse que o ELN foi para áreas antes ocupadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que assinaram um acordo de paz com o governo no final do ano passado e encerraram sua atuação em um conflito de meio século que matou mais de 220 mil pessoas e deslocou milhões.

Muitas antigas áreas das Farc estão sendo ocupadas por grupos paramilitares de direita, e por isso o ELN está protegendo a população civil, argumentou Beltrán.

Será difícil concluir as negociações de paz antes de Santos deixar o cargo no ano que vem, por isso as conversas precisam progredir com firmeza para que a próxima gestão se sinta pressionada a continuar o processo, disse ele.

Acompanhe tudo sobre:ColômbiaEquadorPapa Francisco

Mais de Mundo

Com Itália envelhecida, projeto quer facilitar ida de imigrantes para trabalhar no país; entenda

Premiê de Bangladesh cancela viagem ao Brasil após protestos em massa

Supremo de Bangladesh anula cotas de emprego que geraram protestos com mais de 100 mortos

Coreia do Norte lança mais balões de lixo e Seul diz que tocará k-pop na fronteira como resposta

Mais na Exame