Depois de um primeiro turno histórico, eleitores de 506 distritos franceses voltaram às urnas neste domingo, 7, para escolher seus representantes no Parlamento. E contrariando as pesquisas, até o momento os resultados confirmam que o bloco de esquerda Nova Frente Popular se consolidou como a maior força do Parlamento.
A extrema direita, liderada pelo Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e Jordan Bardella — que havia obtido ótimos resultados no primeiro turno — , acabou ficando apenas em terceiro lugar, segundo as projeções, atrás também do bloco do presidente Emmanuel Macron , de centro-direita. Após os resultados iniciais, o primeiro-ministro Gabriel Attal, do bloco macronista, anunciou que deixará o cargo na segunda-feira.
Entenda o que acontece agora
O Palácio do Eliseu anunciou que Macron aguarda a “estruturação” da nova Assembleia para “tomar as decisões necessárias”. O chefe de Estado defende “cautela” diante dos resultados que ainda podem mudar e quer esperar que a Assembleia Nacional tome forma antes de nomear um novo chefe de governo.
Como nenhum bloco conseguiu maioria absoluta, surgem vários cenários possíveis. Um deles seria uma improvável coalizão entre o bloco da esquerda, o partido no poder e os deputados de direita que não se associaram ao RN, ou mesmo um governo tecnocrata com apoio parlamentar.
Nesse caso, seria possível formar uma maioria absoluta. Contudo, se as divergências dentro da esquerda já são delicadas, ajustar as arestas entre o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon (LFI), e Macron parece ainda mais difícil. Apesar da mobilização pelas desistências, o bloco macronista se negou a abdicar dos seus quadros em disputas contra a LFI.
Aliança contra a extrema direita
A aliança Nova Frente Popular (NFP) se formou após os resultados do primeiro turno, unindo numa coalizão de partidos de esquerda e centro-direita, que teceram mais de 200 pactos locais implícitos. Foi uma resposta para impedir uma vitória esmagadora de Le Pen e seus aliados, que se saíram melhor no primeiro turno.
As legislativas foram convocadas pelo presidente Emmanuel Macron após os resultados das eleições europeias em 9 junho, quando a extrema direita saiu vitoriosa.
"Saúdo a todos que aceitaram ser candidatos e retirar suas candidaturas e se mobilizaram porta a porta para conseguir arrancar um resultado que parecia ser impossível. Essa noite o Reagrupamento Nacional está longe de ter a maioria absoluta, é um imenso alívio", afirmou, em discurso, Jean-Luc Mélenchon, do partido A França Insubmissa, que integra a coalizão.
Além disso, Mélenchon considerou que os resultados "confirmam a derrota do presidente (Emmanuel Macron) e de sua coalizão (Juntos)" e pediu que ele "não tente escapar dessa derrota com subterfúgios".
Ele também disse que o chefe de governo tem que ser da NFP, coalizão que seu partido, o radical A França Insubmissa, formou com socialistas, comunistas e ecologistas.
"E tem que aplicar seu programa e somente seu programa", enfatizou Mélenchon, que se recusou a entrar em negociações com o bloco de Macron.
"Esta noite tudo começa", diz líder da extrema-direita
Em seu discurso após os primeiros números, Jordan Bardella, líder do RN, chamou a aliança entre partidos de esquerda e centro de "alinça da desonra".
"Infelizmente, a aliança da desonra e os arranjos eleitorais feitos por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com a extrema esquerda privam os eleitores de um governo RN", declarou Bardella, em um ataque contra a frente republicana que levou a desistências à esquerda, ao centro e à direita para evitar a chegada da extrema direita ao poder. Segundo ele, "esses acordos eleitorais jogam a França nos braços de Mélenchon".
Embora admita a derrota, Bardella afirmou que nestas eleições o desempenho da extrema-direita trouxe esperança e que "esta noite tudo começa". "Eu estarei aqui, para vocês, com vocês, até a vitória. Esta noite, um velho mundo caiu, e nada pode parar um povo que voltou a ter esperança", concluiu. (Com Agência O Globo e EFE).
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De acordo com os primeiros números, o vencedor do pleito foi a aliança Nova Frente Popular (NFP), formada pelos quatro maiores partidos da esquerda francesa, seguida da coalizão de centro-direita
(De acordo com os primeiros números, o vencedor do pleito foi a aliança Nova Frente Popular (NFP), formada pelos quatro maiores partidos da esquerda francesa, seguida da coalizão de centro-direita)
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Apoiadores da aliança Nova Frente Popular (NFP) comemoram números iniciais que indicam a vitória da esquerda nas eleições
(Apoiadores da aliança Nova Frente Popular (NFP) comemoram números iniciais que indicam a vitória da esquerda nas eleições)
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Segundo turno das eleições legislativas ficou marcado por um recorde de participação, sendo o maior índice desde 1981
(Segundo turno das eleições legislativas ficou marcado por um recorde de participação, sendo o maior índice desde 1981)
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As primeiras projeções mostram que uma ampla coalizão de esquerda estava liderando uma apertada eleição legislativa francesa, à frente tanto dos centristas do Presidente quanto da extrema direita, sem que nenhum grupo tivesse conquistado a maioria absoluta
(As primeiras projeções mostram que uma ampla coalizão de esquerda estava liderando uma apertada eleição legislativa francesa, à frente tanto dos centristas do Presidente quanto da extrema direita, sem que nenhum grupo tivesse conquistado a maioria absoluta)
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Manifestantes em Nantes levantavam placas contrárias às propostas da extrema-direita
(Manifestantes em Nantes levantavam placas contrárias às propostas da extrema-direita)
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Em Nantes, manifestante levanta a placa: Racismo não é opinião, é ofensa
(Em Nantes, manifestante levanta a placa: Racismo não é opinião, é ofensa)
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Participantes reagem enquanto ouvem o anúncio dos resultados projetados do segundo turno das decisivas eleições legislativas da França durante um comício em Nantes, oeste da França
(Participantes reagem enquanto ouvem o anúncio dos resultados projetados do segundo turno das decisivas eleições legislativas da França durante um comício em Nantes, oeste da França)
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A estimativa da IFOP para a emissora TF1 é de que a Nova Frente Popular poderia ganhar 180-215 assentos no parlamento no segundo turno de votação, enquanto uma pesquisa Ipsos para a France TV projetou 172-215 assentos para o bloco de esquerda
(A estimativa da IFOP para a emissora TF1 é de que a Nova Frente Popular poderia ganhar 180-215 assentos no parlamento no segundo turno de votação, enquanto uma pesquisa Ipsos para a France TV projetou 172-215 assentos para o bloco de esquerda)
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Um homem entra em uma cabine de votação para votar no segundo turno das eleições legislativas da França em um local de votação em Le Touquet, norte da França, em 7 de julho de 2024. A França vota nas eleições legislativas em 7 de julho de 2024, que serão decisivas para determinar seu futuro político e podem ver a extrema direita se tornar o maior partido no parlamento pela primeira vez
(Um homem entra em uma cabine de votação para votar no segundo turno das eleições legislativas da França em um local de votação em Le Touquet, norte da França, em 7 de julho de 2024. A França vota nas eleições legislativas em 7 de julho de 2024, que serão decisivas para determinar seu futuro político e podem ver a extrema direita se tornar o maior partido no parlamento pela primeira vez. (Foto de MOHAMMED BADRA / POOL / AFP))
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O presidente da França, Emmanuel Macron (à direita), acompanhado por sua esposa Brigitte Macron (no centro), deposita seu voto no segundo turno das eleições legislativas da França em um local de votação em Le Touquet, norte da França, em 7 de julho de 2024
(O presidente da França, Emmanuel Macron (à direita), acompanhado por sua esposa Brigitte Macron (no centro), deposita seu voto no segundo turno das eleições legislativas da França em um local de votação em Le Touquet, norte da França, em 7 de julho de 2024)