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Eleições na Argentina: vice de Milei diz que Argentina só sairá da crise com 'uma tirania'

Fala de Victoria Villarruel provocou debate no país, em meio a campanhas sobre a suposta ameaça à democracia que representa o candidato da direita radical

Victoria Villarruel: palavra "tirania" saindo da boca de uma candidata a vice-presidente, faltando apenas quatro dias para o segundo turno do próximo domingo, não impactou os apresentadores (Luis Robayo/AFP)

Victoria Villarruel: palavra "tirania" saindo da boca de uma candidata a vice-presidente, faltando apenas quatro dias para o segundo turno do próximo domingo, não impactou os apresentadores (Luis Robayo/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 16 de novembro de 2023 às 11h38.

Última atualização em 16 de novembro de 2023 às 11h39.

A entrevista já estava no fim e, quando os jornalistas já quase se despediam, a candidata a vice-presidente da chapa do partido A Liberdade Avança, Victoria Villarruel, lançou uma frase que desatou forte reação no mundo político argentino ao indicar que só uma "tirania" resolveria a crise argentina:

— Me surpreende que [Sergio] Massa esteja incendiando tudo e pretenda assumir o poder no dia 10 de dezembro — disse aos apresentadores do programa de TV do canal do grupo La Nación. — Então, que país você quer assumir? Um país devastado. E como você acha que poderá resolver isso se não for com uma tirania?

A palavra "tirania" saindo da boca de uma candidata a vice-presidente, faltando apenas quatro dias para o segundo turno do próximo domingo, não impactou os apresentadores, que não reagiram — algo que também chamou a atenção. Mas nas redes sociais, meios de comunicação e entre dirigentes de vários partidos as reações se multiplicaram.

O jornalista Jorge Rial, da Rádio 10, uma das mais ouvidas no país, foi um dos primeiros a questionar a fala de Villarruel. Segundo Rial, até agora o candidato da direita radical, Javier Milei, e seus colaboradores tinham “mostrado posições polêmicas sobre venda de órgãos, libre porte de armas, entre outros, mas agora, com as declarações da candidata a vice, deram nome aos bois: tirania”.

Consultada, uma fonte próxima da ex-candidata presidencial Patricia Bullrich, agora aliada de Milei, disse não saber como explicar a fala de Villarruel. Nesta quarta, Milei e Bullrich se reuniram em Buenos Aires para traçar os últimos passos antes da votação.

Dirigentes peronistas como Jorge D’Onofrio, ministro de Transporte da província de Buenos Aires, assegurou que as declarações de Villarruel são uma “barbaridade” e que a candidata a vice é quem verdadeiramente “tem um plano de governo”.

Até mesmo ex-aliados de Milei, como o advogado Carlos Maslatón, um militante do liberalismo que foi importantíssimo no início da carreira política do candidato, em 2021, repudiou a atitude de Villarruel. Em sua conta na rede X (ex-Twitter), Maslatón escreveu que “Villarruel promove uma tirania para a Argentina. Diz isso diretamente, confirmando o que eu já tinha advertido. Se eles ganharem as eleições, vão impor um estado de sítio com presos políticos e ativar esquadrões da morte”.

As falas da candidata a vice acontecem no momento em que cresce uma campanha dentro e fora da Argentina sobre o suposto risco que Milei representa para a democracia do país, apoiada, entre outros, pela ONG Anistia Internacional.

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