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Eleições municipais turcas serão teste para premiê

Os turcos vão às urnas no domingo para eleições municipais que ganharam contornos de um referendo sobre o primeiro-ministro Recep Tayyp Erdogan

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyp Erdogan (d), ao lado do presidente Abdullah Gul (e): partido de Erdogan encara este teste eleitoral em uma posição desconfortável (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 13h04.

Ancara - Os turcos vão às urnas no domingo para eleições municipais que ganharam contornos de um referendo sobre o primeiro-ministro Recep Tayyp Erdogan , em meio a um escândalo políticos financeiro e protestos de rua.

Dez meses após as manifestações que deixaram o governo em alerta, Erdogan e seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002, encaram este teste eleitoral em uma posição desconfortável.

Desde 17 de dezembro, o chefe do partido islâmico conservador é alvo de denúncias de corrupção que lhe valeram críticas na Turquia e no exterior.

Estas acusações ganharam força com a publicação na internet de uma série de conversas telefônicas comprometedoras pirateadas.

Ao longo da campanha eleitoral, o primeiro-ministro tem se defendido denunciando "uma conspiração" organizada por seus antigos aliados da confraria do pregador muçulmano Fethullah Gülen e pediu a seus partidários a dar-lhe "uma boa lição" em 30 de março.

"A estratégia é simples", resume Sinan Ulgen, do centro de pesquisa Edam de Istambul, "acabar com as acusações de corrupção nas urnas".

Mas seus discursos contra os "terroristas" e "traidores", seus expurgos na polícia e na justiça, suas leis consideradas "draconianas" e o bloqueio do Twitter e YouTube radicalizaram o debate político.

Em 12 de março, centenas de milhares de turcos aproveitaram o funeral de um adolescente morto após ser ferido pela polícia durante as manifestações de junho de 2013 para exigir a renúncia do primeiro-ministro "assassino".

Determinada a aproveitar a situação, a oposição também procurou "nacionalizar" as eleições municipais e espera um "voto" que desafie Erdogan, chamado abertamente de "ladrão" e "ditador".

Os institutos de pesquisa turcos preveem um enfraquecimento do AKP, que conquistou cerca de 50% dos votos nas eleições legislativas de 2011.


Os indicadores apontam para entre 35 e 45% dos votos a nível nacional, porque, apesar dos escândalos e polêmicas, Erdogan continua sendo o político mais popular do país.

Resiliência

Seu partido, que venceu todas as eleições desde 2002, deve voltar a contabilizar a maioria dos votos no domingo, à frente do Partido Republicano do Povo (CHP), social-democrata, e do Movimento pela Ação Nacionalista (MHP).

"Erdogan é um político muito hábil e ainda exerce uma forte pressão sobre todas as instituições turcas", lembra Brent Sasley, cientista político da Universidade do Texas. "É difícil quantificar o recuo que ele sofrerá, mas há poucas chances de que prejudique a sua popularidade", acrescenta.

Os responsáveis ​​pelo partido governista já indicaram que todo resultado acima dos 38,8% obtidos em 2009, será considerado uma vitória.

Erdogan, muito seguro de si, proclamou publicamente que deixará a política se o AKP não terminar à frente nos resultados das eleições de domingo.

Apesar de sua liderança a nível nacional, o partido do primeiro-ministro é contestado nas duas principais cidades do país, onde os resultados terão um valor simbólico.

A provável vitória da oposição na capital Ancara ou em Istambul, onde Erdogan iniciou sua carreira como prefeito, poderia ter implicações para o seu futuro político.

Em caso de vitória de seu partido no domingo, o primeiro-ministro poderia se apresentar nas eleições presidenciais de 10 de agosto, a primeira a ser realizada por sufrágio universal direto.

Caso contrário, ele poderia alterar o estatuto do AKP, que impede mais de três mandatos seguidos, para precipitar as eleições legislativas previstas para 2015, com o objetivo de voltar a chefiar o governo.

Contudo, alguns analistas acreditam que a crise atual afetou a imagem de Erdogan. "Ele se tornou a principal fonte de instabilidade do país", diz Ahmet Insel, professor da universidade Galatasaray de Istambul, "independentemente do resultado de domingo, sua legitimidade continuará a ser contestada".

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Dez meses após as manifestações que deixaram o governo em alerta, Erdogan e seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002, encaram este teste eleitoral em uma posição desconfortável.

Desde 17 de dezembro, o chefe do partido islâmico conservador é alvo de denúncias de corrupção que lhe valeram críticas na Turquia e no exterior.

Estas acusações ganharam força com a publicação na internet de uma série de conversas telefônicas comprometedoras pirateadas.

Ao longo da campanha eleitoral, o primeiro-ministro tem se defendido denunciando "uma conspiração" organizada por seus antigos aliados da confraria do pregador muçulmano Fethullah Gülen e pediu a seus partidários a dar-lhe "uma boa lição" em 30 de março.

"A estratégia é simples", resume Sinan Ulgen, do centro de pesquisa Edam de Istambul, "acabar com as acusações de corrupção nas urnas".

Mas seus discursos contra os "terroristas" e "traidores", seus expurgos na polícia e na justiça, suas leis consideradas "draconianas" e o bloqueio do Twitter e YouTube radicalizaram o debate político.

Em 12 de março, centenas de milhares de turcos aproveitaram o funeral de um adolescente morto após ser ferido pela polícia durante as manifestações de junho de 2013 para exigir a renúncia do primeiro-ministro "assassino".

Determinada a aproveitar a situação, a oposição também procurou "nacionalizar" as eleições municipais e espera um "voto" que desafie Erdogan, chamado abertamente de "ladrão" e "ditador".

Os institutos de pesquisa turcos preveem um enfraquecimento do AKP, que conquistou cerca de 50% dos votos nas eleições legislativas de 2011.


Os indicadores apontam para entre 35 e 45% dos votos a nível nacional, porque, apesar dos escândalos e polêmicas, Erdogan continua sendo o político mais popular do país.

Resiliência

Seu partido, que venceu todas as eleições desde 2002, deve voltar a contabilizar a maioria dos votos no domingo, à frente do Partido Republicano do Povo (CHP), social-democrata, e do Movimento pela Ação Nacionalista (MHP).

"Erdogan é um político muito hábil e ainda exerce uma forte pressão sobre todas as instituições turcas", lembra Brent Sasley, cientista político da Universidade do Texas. "É difícil quantificar o recuo que ele sofrerá, mas há poucas chances de que prejudique a sua popularidade", acrescenta.

Os responsáveis ​​pelo partido governista já indicaram que todo resultado acima dos 38,8% obtidos em 2009, será considerado uma vitória.

Erdogan, muito seguro de si, proclamou publicamente que deixará a política se o AKP não terminar à frente nos resultados das eleições de domingo.

Apesar de sua liderança a nível nacional, o partido do primeiro-ministro é contestado nas duas principais cidades do país, onde os resultados terão um valor simbólico.

A provável vitória da oposição na capital Ancara ou em Istambul, onde Erdogan iniciou sua carreira como prefeito, poderia ter implicações para o seu futuro político.

Em caso de vitória de seu partido no domingo, o primeiro-ministro poderia se apresentar nas eleições presidenciais de 10 de agosto, a primeira a ser realizada por sufrágio universal direto.

Caso contrário, ele poderia alterar o estatuto do AKP, que impede mais de três mandatos seguidos, para precipitar as eleições legislativas previstas para 2015, com o objetivo de voltar a chefiar o governo.

Contudo, alguns analistas acreditam que a crise atual afetou a imagem de Erdogan. "Ele se tornou a principal fonte de instabilidade do país", diz Ahmet Insel, professor da universidade Galatasaray de Istambul, "independentemente do resultado de domingo, sua legitimidade continuará a ser contestada".

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