Das 700 pessoas que responderam à chamada do EI e abandonaram a Alemanha para ir às zonas de combate, cerca de 100 são mulheres (John Macdougall/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2015 às 13h43.
Berlim - As autoridades da Alemanha sabem que pelo menos dez recrutadoras do Estado Islâmico (EI) estão no país para tentar atrair mulheres para se unir ao grupo jihadista.
Segundo um trabalho de investigação das emissoras "WDR", "NDR" e do jornal "Süddeustche Zeitung", confirmado nesta quinta-feira pelo Escritório Regional Criminal da Renânia-Palatinado, a maneira pela qual as mulheres estão sendo recrutadas é ainda mais sistemática do que as suspeitas das autoridades.
A reportagem revela a cooperação entre mulheres que se encontram na Síria e no Iraque com as colaboradoras que operam na Alemanha. Além disso, indica que há um documento interno das autoridades responsáveis locais que já fala em uma "rede de moças".
O Escritório Federal de Proteção da Constituição (BfV) - o serviço secreto do Ministério do Interior - alertou ontem que, das 700 pessoas que responderam à chamada do EI e abandonaram a Alemanha para ir às zonas de combate, cerca de 100 são mulheres.
Os jihadistas não param de conquistar novos adeptos. E, conforme o presidente da BfV, Hans-Georg Maassem, há uma "capacidade de atração ainda mais forte entre as mulheres", que caem nas armadilhas das atividades de recrutamento tanto na internet como por meio de contatos pessoais.
A matéria sustenta que, depois que as jovens são "captadas" com sucesso, as recrutadoras oferecem apoio para preparar a saída do país, inclusive com auxílio logístico.
Segundo a investigação, as mulheres são recebidas na Síria, na cidade de Raqqa, onde o EI administra sob estrita vigilância uma casa na qual elas são entregues a seus futuros maridos.
O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, alertou ontem sobre a progressiva radicalização de islamitas no país e citou sobre 330 que estão em uma lista de "potencialmente perigosos". Suspeita-se que "vão cometer delitos politicamente motivados de considerável magnitude".
Maizière ressaltou que a Alemanha é um país capaz de se defender e indicou que em todo o país estão abertos atualmente mais de 500 inquéritos contra 800 acusados.