O tráfego no Canal de Suez, por onde passa mais de 10% do comércio mundial, foi retomado em 29 de março (SUEZ CANAL/AFP)
AFP
Publicado em 13 de abril de 2021 às 11h38.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 11h39.
Egito reclama 900 milhões de dólares de indenização após o bloqueio do Canal de Suez no fim de março e apreendeu o navio cargueiro que provocou o incidente, informou o jornal Al-Ahram, vinculado ao governo.
Na segunda-feira à noite, a Autoridade do Canal de Suez (SCA) indicou ao canal público de televisão que negociações foram iniciadas para obter uma indenização pelo prejuízo provocado pelo navio "Ever Given", que ficou encalhado por quase uma semana no canal e paralisou o tráfego nesta importante via marítima.
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O Egito não cometeu nenhum erro no incidente, afirmou a SCA, que responsabiliza o navio pelo ocorrido.
"As negociações continuam, ainda há muitos pontos (de divergência) com a empresa e a seguradora, começando pelo valor", afirmou o almirante Osama Rabie, presidente da SCA.
Uma fonte da SCA confirmou à AFP as negociações com a empresa japonesa Shoei Kisen, proprietária do navio, e com seguradoras.
O almirante, citado nesta terça-feira pelo Al-Ahram, indicou que o país deseja o pagamento de 900 milhões de dólares.
"O navio de bandeira panamenha 'Ever Given' foi apreendido pelo não pagamento de 900 milhões de dólares [...] em virtude de uma sentença proferida pelo tribunal econômico de Ismailia", no leste do país, disse.
O valor corresponde, segundo a fonte, às "perdas que o navio provocou à SCA, além do custo da operação de retirada e operações de manutenção".
O tráfego no canal, por onde passa mais de 10% do comércio mundial, foi retomado em 29 de março, depois que o cargueiro voltou a flutuar com a ajuda de especialistas internacionais.
Mais de 400 embarcações ficaram bloqueadas ao norte e ao sul do canal durante seis dias, o que formou grandes engarrafamentos.
O "Ever Given" tem um comprimento equivalente a quatro campos de futebol e foi atracado no Grande Lago Amargo, no meio do canal.
A SCA calcula que o Egito perdeu entre 12 e 15 milhões de dólares por dia enquanto o canal permaneceu fechado.
Em 2019-2020, o Canal de Suez representou quase 5,7 bilhões de dólares para os cofres do Cairo.
De acordo com a seguradora Allianz, enquanto o canal permaneceu bloqueado, a cada dia foram registradas perdas globais de entre 6 e 10 bilhões de dólares.