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Egito em crise lembra aniversário de revolta contra Mubarak

Cerca de quinze partidos, movimentos e coalizões convocam manifestações contra o atual presidente, a quem se referem como "Mursi Mubarak


	Mohamed Mursi: Mursi é o primeiro chefe de Estado egípcio escolhido em eleições livres.
 (REUTERS)

Mohamed Mursi: Mursi é o primeiro chefe de Estado egípcio escolhido em eleições livres. (REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 13h09.

Cairo - O Egito celebrará na sexta-feira o segundo aniversário do início da revolta que derrubou o governo de Hosni Mubarak, com uma convocação a se manifestar contra o presidente islamita Mohamed Mursi, no âmbito de uma crise política e econômica.

Dois anos após o terremoto político, o país continua buscando o equilíbrio entre um poder que invoca a legitimidade das urnas e seus adversários, que denunciam a emergência de um sistema autoritário dominado pela Irmandade Muçulmana.

A oposição laica convoca os manifestantes a "todas as praças Tahrir do país", em referência à famosa praça do Cairo que se converteu a partir de 25 de janeiro de 2011 no epicentro de uma rebelião que culminou 18 dias depois com a queda de Mubarak.

Cerca de quinze partidos, movimentos e coalizões convocam manifestações contra o atual presidente, a quem se referem como "Mursi Mubarak", sob o mesmo slogan de dois anos atrás: "pão, liberdade, justiça social".

As autoridades prometeram que as forças de segurança não estarão visíveis na praça Tahrir para evitar incidentes, mas estarão presentes nos arredores com o objetivo de deter os provocadores.

No entanto, o clima também será tenso pelo veredicto do processo contra os supostos responsáveis pela morte de 74 pessoas na saída de uma partida de futebol em Port Said, a noroeste do país, em fevereiro de 2012. O anúncio da decisão é esperado para sábado.

Os torcedores do clube do Cairo Al-Ahly, que asseguram que a maioria das vítimas pertencia a sua torcida, ameaçam com protestos violentos e com uma nova revolução se a justiça não for feita.


O porta-voz da Irmandade Muçulmana, Mahmud Ghozlan, indicou que seu movimento ainda não decidiu se marchará no domingo para celebrar o "Dia da Revolução" e apoiar o presidente.

A poderosa confraria prevê, no entanto, realizar ações sociais e de caridade por ocasião deste aniversário.

"O Egito não terminou sua transição e ela durará enquanto os pedidos de justiça e progresso social, de luta contra a corrupção e a burocracia não estiverem satisfeitos", afirmou Ahmed Abed Rabo, professor de Ciências Políticas da Universidade do Cairo.

"Mas não se pode dizer que o Egito não tenha avançado em direção à democracia. Os egípcios tiveram cinco eleições ou referendos em dois anos e demonstraram que são capazes de escolher e punir pelas urnas", acrescentou.

A oposição, composta por movimentos heterogêneos de esquerda e liberais, mostrou uma precária unidade no fim de 2012 contra um projeto de Constituição promovido pelos islamitas.

O texto foi adotado finalmente por referendo, mas o país ainda se encontra profundamente dividido, especialmente quando se aproximam eleições legislativas nos próximos meses.

Mursi é o primeiro chefe de Estado egípcio escolhido em eleições livres, assim como o primeiro islamita e o primeiro civil a presidir o país.


Conseguiu colocar limites ao poder dos militares que tomaram as rédeas do Egito após a queda de Mubarak e prometeu consolidar a democratização.

Seus adversários o acusam de dar primazia à ideologia islamita sobre o interesse geral e de incompetência na gestão dos assuntos políticos.

O presidente também enfrenta uma grave crise econômica, com o afundamento dos investimentos estrangeiros, a queda do turismo e um déficit orçamentário em alta.

As reservas de divisas egípcias alcançaram um mínimo crítico de 15 bilhões de dólares, segundo o Banco Central. A moeda nacional encontra-se em seu nível mais baixo frente ao dólar.

Um empréstimo do FMI de 4,8 bilhões de dólares, esperado no fim de 2012, deve ser alvo de novas negociações.

Hosni Mubarak, de 84 anos, doente e condenado à prisão perpétua, espera um novo julgamento diante da indiferença de uma grande parte da população, para quem o homem que dirigiu o Egito de maneira incontestável durante três décadas já permanece no passado.

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