Mundo

Edmundo González Urrutia: quem é o rival de Maduro nas eleições da Venezuela

Político foi nomeado de última hora para campanha presidencial após a inabilitação de María Corina Machado e o veto de outros possíveis substitutos

Candidato da oposição à presidência da Venezuela, Edmundo González Urrutia (Ronald PEÑA/AFP)

Candidato da oposição à presidência da Venezuela, Edmundo González Urrutia (Ronald PEÑA/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 26 de julho de 2024 às 13h55.

Tudo sobreVenezuela
Saiba mais

Até recentemente, Edmundo González Urrutia conversava de varanda em varanda com os netos, vizinhos de um prédio adjacente. Mas o seu papel de avô foi inesperadamente substituído pelo de candidato à presidência da Venezuela, em uma eleição em que enfrenta o presidente Nicolás Maduro.

Em um instante, sem procurar, González Urrutia trocou sua tranquila varanda pela campanha presidencial. Foi nomeado de último minuto após a inabilitação da carismática líder María Corina Machado e o veto de outros possíveis substitutos.

"Nunca, nunca, nunca pensei em estar nesta posição", admitiu o discreto diplomata de carreira, de 74 anos, à AFP em abril. "Esta é a minha contribuição para a causa democrática... faço isso com desprendimento, como uma contribuição para a unidade".

Sua nomeação foi inicialmente temporária, o que é conhecido na Venezuela como "candidato tampão" da coalizão Plataforma Unitária, que elegeu Machado nas primárias, a quem Urrutia devolveria o lugar.

"Estava em minha casa, em um sábado à tarde, quando me telefonaram" para "assinar uma carta ao CNE", o Conselho Nacional Eleitoral, recordou. "Quando ouvi meu nome, eu disse: 'Mas aqui tem algo diferente".

"O que eles não sabiam é que aquele ‘tampão’ ia virar uma garrafa, e aqui estamos hoje nestas condições", disse ele com um sorriso.

Na época, ele era desconhecido pela maioria. Ramón Guillermo Aveledo, ex-secretário da MUD, o retratou como "um venezuelano decente, um democrata e um servidor da República".

"Sem um pingo de populismo"

Nascido em La Victoria, uma pequena cidade a cerca de 110 quilômetros de Caracas onde ocorreu uma das batalhas mais heroicas da guerra de independência em 1812, González Urrutia viveu e estudou lá até se mudar para a capital para iniciar a universidade.

Formou-se em Estudos Internacionais pela prestigiada Universidade Central da Venezuela (UCV) e depois ingressou na Chancelaria.

No escritório de sua casa, destaca-se um cartaz com a frase em latim: "Verba volant, scripta manent".

"Trabalhei com um embaixador que me dizia: 'Você tem que ter mais uma conquista na vida. Tudo que você faz, tudo que está escrito, fica e as palavras voam'", explicou sobre o significado dessa frase.

Falar diante de multidões não é fácil para ele. Ele geralmente lê seus discursos de maneira monótona e muito raramente improvisa. Prefere que as câmeras e microfones estejam apontados para Machado, que transborda carisma e é a alma da campanha que lhe transfere seu capital político. As pesquisas o apontam como vencedor por uma ampla margem.

O analista José Toro Hardy o descreve como "a antítese do chavismo, do madurismo e da politicagem tradicional".

Como diplomata, morou na Bélgica e nos Estados Unidos. Foi embaixador na Argélia (1994-99) e na Argentina (1999-2002). Embora tenha vivido muitos anos fora da Venezuela, ele sempre insiste que conhece bem o país.

Acompanhe tudo sobre:Nicolás MaduroVenezuelaEleições

Mais de Mundo

Trump ameaça UE com tarifas caso não aumente compra de petróleo e gás dos EUA

Malásia retomará buscas do voo MH370, desaparecido há 10 anos

Tarifas alfandegárias podem fazer disparar preços nos EUA, alerta assessora de Biden

Scholz e Trump concordam com necessidade de fim rápido para guerra na Ucrânia