Draghi: premiê da Itália perto de deixar de vez o cargo (Krisztian Bocsi/Bloomberg)
Carolina Riveira
Publicado em 14 de julho de 2022 às 14h14.
Última atualização em 14 de julho de 2022 às 22h54.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, anunciou nesta quinta-feira, 14, que vai renunciar ao governo da Itália. Em comunicado, afirmou que vai apresentar "nesta noite" sua renúncia.
O anúncio acontece horas depois de o Senado italiano votar uma moção de confiança contra Draghi após crise na coalizão do governo.
O premiê venceu, conseguindo o apoio da maior parte dos congressistas. Mas o embate segue com o Movimento 5 Estrelas, um dos membros da coalizão e que retirou seu apoio ao governo.
"As votações de hoje no Parlamento são muito significativas do ponto de vista político. A maior parte da unidade nacional que apoiou este governo desde a sua criação se foi", disse Draghi no comunicado ao afirmar que iria renunciar.
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Na teoria, Draghi tem a maioria no Parlamento mesmo sem o 5 Estrelas. Mas não ter o apoio do grupo, na prática, pode deixar o governo inviável. Draghi já havia descartado nesta semana montar uma nova coalizão sem o 5 Estrelas.
Mais cedo, Draghi se reuniu com o presidente italiano, Sergio Mattarella. Se a renúncia for adiante oficialmente, Mattarella pode pedir aos congressistas ou ao próprio Draghi que formem uma nova coalizão, ou, a depender do cenário, a Itália pode passar por novas eleições.
O líder do 5 Estrelas e ex-primeiro-ministro, Giuseppe Conte, anunciou na noite de ontem que não votaria a favor de Draghi, oficializando o racha na coalizão.
O 5 Estrelas não é um partido, mas um agrupamento com pautas antissistema na Itália e que ganhou espaço no Congresso nos últimos anos. O grupo foi fundado em 2009 e cresceu em meio à crise econômica europeia nos anos 2010.
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Draghi está no cargo desde 2021, assumindo o poder em momento de instabilidade política prolongada na Itália, a terceira maior economia da zona do euro.
Draghi é visto como uma figura de credibilidade à frente do país, tendo sido presidente do Banco da Itália de 2006 a 2011 e presidente do Banco Central Europeu de 2011 a 2019 (ajudando a liderar a resposta à última crise do euro).
Se sua saída for confirmada, crescem as dúvidas a partir de agora sobre o futuro das políticas econômicas na Itália e a economia de toda a zona do euro.
Com o aperto monetário nos juros em todo o mundo, o custo da dívida da Itália, que supera 130% do PIB, também irá piorar, e investidores têm demandado maiores prêmios para assumir o risco de ter títulos do país.
As incertezas fizeram o euro desvalorizar ainda mais e chegar a ter valor abaixo da paridade com o dólar na tarde desta quinta-feira.