Mundo

Donald Trump anuncia Elon Musk para chefiar novo Departamento de Eficiência

Presidente eleito comparou novo órgão ao Projeto Manhattan, que criou a bomba atômica

Elon Musk (de boné) e Donald Trump, durante comício de campanha

Elon Musk (de boné) e Donald Trump, durante comício de campanha

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 12 de novembro de 2024 às 21h52.

Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 22h31.

Tudo sobreEleições
Saiba mais

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite desta terça-feira, 12, que nomeará Elon Musk para chefiar um novo órgão federal, chamado de Departamento de Eficiência Governamental, com a missão de reduzir burocracias e aumentar a eficiência. Os departamentos no governo dos EUA são similares aos ministérios no Brasil.

"Tenho o prazer de anunciar que o grande Elon Musk, em colaboração com o patriota americano Vivek Ramaswamy, liderará o Departamento de Eficiência Governamental ("DOGE"). Juntos, esses dois americanos excepcionais abrirão caminho para que minha administração desmonte a burocracia governamental, corte regulações excessivas, reduza despesas desnecessárias e reestruture as agências federais - essencial para o Movimento “Salvar a América”, disse Trump, em comunicado.

"Isso enviará ondas de choque através do sistema, e qualquer pessoa envolvida em desperdícios no governo, o que inclui muita gente!”, disse Musk, de acordo com o mesmo comunicado.

O governo federal dos EUA gastou US$ 6,75 trilhões no ano fiscal de 2024, mas obteve só US$ 4,92 trilhões em receitas, o que ampliou o déficit fiscal do país.

No anúncio, Trump disse que o novo departamento poderá ser "o projeto Manhattan de nosso tempo", em referência ao plano do governo americano que criou a bomba atômica, nos anos 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial.

"O Departamento de Eficiência Governamental fornecerá conselhos e orientação de fora do Governo, e fará parceria com a Casa Branca e o Escritório de Gestão e Orçamento para impulsionar uma reforma estrutural em larga escala e criar uma abordagem empreendedora no governo como nunca visto antes", disse Trump, no comunicado.

O republicano, que toma posse em 20 de janeiro, disse ainda que o trabalho dos dois no novo departamento deverá ser concluído até 4 de julho de 2026, dia em que os EUA completam 250 anos de Independência.

Em uma ironia, a sigla do novo departamento em inglês, Doge, lembra o de uma criptomoeda, Dogecoin, que já foi citada por Musk diversas vezes.

Musk pode entrar para o governo?

Elon Musk, 53 anos, é considerado o homem mais rico do mundo, com fortuna de mais de US$ 314 bilhões. Musk atua em diversas empresas, e várias delas possuem contratos com o governo americano, o que deverá gerar uma situação de conflito de interesses. A Starlink, por exemplo, que oferece internet via satélite, tem contratos bilionários com o governo americano.

De outro lado, empresas como a Tesla podem ser impactadas por decisões da Casa Branca. Um aumento de tarifas sobre importações da China poderia trazer prejuízos para a Tesla, por exemplo, que produz carros e componentes daquele país.

Ao mesmo tempo, a proximidade com Trump poderá dar a ele poder para sugerir e pressionar por mudanças regulatórias que beneficiem suas empresas.

yt thumbnail

Assim, podem haver questionamentos jurídicos sobre a nomeação de Musk. No comunicado, Trump disse que o departamento ficará fora do governo. Musk já disse que, se fosse nomeado a algum cargo, o faria sem receber salário.

O republicano promete cortar regulações quando tomar posse, assim como baixar impostos para grandes empresas e pessoas muito ricas, o que se tornou uma pauta comum aos dois.

Musk endossou Trump publicamente após o republicano ser alvo de um atentado a tiros em junho, na Pensilvânia. Além de doações milionárias, o empresário foi a alguns comícios ao lado de Trump e pediu votos para o americano durante a campanha.

Neto de um americano, Musk nasceu na África do Sul, o que o impede de disputar a Presidência dos EUA no futuro. "Eu realmente não quero ser presidente. Quero fabricar foguetes e carros. Eu acredito que queremos uma civilização espacial, e é onde meu foco vai se manter", disse, em um evento em outubro. 

Quem é Vivek Ramaswamy?

Ramaswamy, 39 anos, que atuará no novo departamento junto com Musk, é um empresário que disputou as primárias republicanas para presidente contra Trump nestas eleições, mas desistiu no início do ano.

Filho de pais indianos, Ramaswary nasceu nos EUA e se formou em Harvard e Yale, duas das mais prestigiadas do país. Como empreendedor, criou algumas empresas e enriqueceu com a ideia de captar recursos de investidores do mercado financeiro para criar remédios e outros produtos a partir de inovações na biotecnologia.

Uma de suas empresas, a Axovant, levantou 315 milhões de dólares em seu IPO, em 2015, o maior valor obtido por uma biotech até então. A empresa buscava desenvolver um remédio para o Alzheimer, que não funcionou. A falha deu prejuízo a investidores, mas Ramaswary conseguiu proteger seu patrimônio.

Nos últimos anos, o empreendedor ficou conhecido por criticar os esforços das empresas para se tornarem mais inclusivas e responsáveis socialmente, as ações resumidas na sigla ESG. Em livros como "Woke.Inc", de 2021, ele defende que as companhias devem se concentrar em dar lucro e compara os movimentos de inclusão, como o de mulheres, LGBTs e imigrantes, a puro vitimismo.

Ramaswary publicou uma lista que chama de "dez verdades", na qual defende que existem apenas dois gêneros, que Deus é real, que a humanidade precisa de combustíveis fósseis e que racismo reverso é racismo, entre outros temas, que o aproximam das ideias de Trump.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpElon MuskEleições EUA 2024

Mais de Mundo

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô