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Dinâmica de violência é retomada na Síria

Os conflitos enterraram definitivamente a trégua preparada pelo mediador internacional Lakhdar Brahimi, que se prepara para apresentar novas "ideias"

Uma imagem obtida de um vídeo postado no YouTube mostra uma família correndo em meio a combates em Homs
 (AFP)

Uma imagem obtida de um vídeo postado no YouTube mostra uma família correndo em meio a combates em Homs (AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2012 às 16h52.

Damasco - A Síria entrou neste domingo em uma nova espiral de violência com bombardeios aéreos do Exército e ataques rebeldes, enterrando definitivamente a trégua preparada pelo mediador Lakhdar Brahimi, que se prepara para apresentar novas "ideias".

Desde sexta-feira, dia em que a trégua deveria ter entrado em vigor, cerca de 300 pessoas morreram em episódios de violência na Síria, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), eliminando qualquer chance de obter uma suspensão das hostilidades depois de mais de 19 meses de uma revolta transformada em conflito armado.

Depois de ter deixado pelo menos 146 mortos na sexta e 114 no sábado, a violência matou neste domingo pelo menos 23 pessoas -9 civis, 7 soldados e 7 rebeldes- em todo o país, de acordo com um registro provisório do OSDH, organização com sede no Reino Unido, que se baseia em uma rede de militantes e fontes médicas de hospitais civis e militares da Síria.

Depois de ter tentado obter o cessar-fogo durante os quatro dias da festa muçulmana do Eid al-Adha, de sexta a segunda-feira, Brahimi deve retornar em novembro ao Conselho de Segurança da ONU com "algumas ideias de ação" para levar o presidente Bashar al-Assad e a oposição à mesa de negociações, afirmaram à AFP diplomatas da Organização das Nações Unidas.

Mas nem o regime nem os rebeldes parecem dispostos a silenciar suas armas, se acusando mutuamente de terem violado a trégua no país, onde a violência deixou mais de 35.000 pessoas mortas, segundo o OSDH, e obrigou centenas de milhares a se exilar.

O Exército, que tenta retomar os redutos rebeldes com o apoio da aviação nas províncias de Damasco e de Idleb (noroeste), assegurou que apenas "responde" aos ataques rebeldes, enquanto a oposição armada classificou a iniciativa de Brahimi de "natimorta" em razão dos bombardeios incessantes efetuados pelo regime.


Segundo um diplomata da ONU, "o processo político não começará antes que Assad e a oposição estejam tão esgotados que não tenham outra escolha. Eles ainda não estão neste estado, mas Brahimi tem algumas ideias".

Em abril, um outro projeto de trégua, iniciado pelo antecessor de Brahimi, Kofi Annan, já tinha ido pelos ares em algumas horas.

Na província de Damasco, a aviação efetuou três ataques em Erbine, Zamalka e Harasta, a nordeste da capital, onde muitos rebeldes estão entrincheirados, segundo o OSDH. Os insurgentes tomaram o controle de três postos do Exército em Douma, próximo a Damasco, segundo a mesma fonte.

Mais ao norte, os rebeldes destruíram um tanque e mataram três soldados em combates na entrada de Maaret al-Nooman (noroeste), controlada pelos insurgentes desde o início de outubro, embora a aviação continue a bombardear a cidade.

Em Aleppo, combates foram registrados entre o Exército e facções islamitas da rebelião, como o "Batalhão dos Soldados de Maomé", os "Batalhões do Islã" e ainda a influente Frente Al-Nusra, que reivindicou diversos atentados suicidas desde o início da revolta, segundo o OSDH.

Esses grupos, que não se consideram submetidos ao Exército Sírio Livre (ESL), têm geralmente uma organização melhor e são mais bem armados.

A Frente Al-Nusra, um grupo jihadista rebelde que reivindicou vários atentados na Síria, rejeitou qualquer responsabilidade pelo ataque que na sexta-feira deixou oito mortos em Damasco, e acusou o regime por esse ato "desprezível" e "obsceno".


Na sexta-feira, combates inéditos foram travados em Aleppo entre rebeldes e milicianos curdos, deixando 30 mortos e 280 prisioneiros, em sua maioria curdos, de acordo com o OSDH. Neste domingo, os rebeldes libertaram mais da metade dos prisioneiros, segundo a mesma fonte.

A minoria curda tenta manter distância em relação às partes em conflito.

Em Meca, onde milhões de peregrinos realizam neste domingo os últimos ritos do hajj, milhares de sírios agitavam bandeiras da revolução e bradavam lemas hostis ao regime, segundo uma jornalista da AFP.

A Síria não enviou cidadãos a Meca este ano, na ausência de um acordo com Riad, mas a Arábia Saudita concedeu 10.000 vistos do hajj aos refugiados sírios no Líbano, na Turquia e na Jordânia.

"Que Bashar tenha o mesmo destino de (Muamar) Kadhafi", gritavam dezenas de fiéis, em referência ao líder líbio morto depois de ter lutado durante meses contra uma rebelião armada no ano passado.

Ainda neste domingo, as autoridades iraquianas anunciaram pela segunda vez em um mês que haviam obrigado um avião de carga iraniano que sobrevoava o território iraquiano com destino à Síria a aterrissar para inspeção, permitindo a sua partida posteriormente.

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