O narcotráfico é um dos maiores problemas da região, aponta o relatório (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2011 às 18h34.
Cidade da Guatemala - O abismo social e a exclusão, bem como a onda de criminalidade e o narcotráfico, podem levar os países da América Central a um colapso, alerta um relatório elaborado por uma rede de entidades de pesquisa divulgado na Guatemala.
"Já chamam a atenção a vulnerabilidade e as ameaças aos Estados, que se enfraquecem ou degradam, e que podem levar vários países a se tornarem Estados falidos", indicou o especialista costa-riquenho Miguel Gutiérrez ao apresentar o estudo, destacando que as "luzes estridentes" desse fenômeno provêm primeiramente de Honduras, seguido de Nicarágua, Guatemala, El Salvador, Panamá e Costa Rica.
Gutiérrez comentou que os países mais afetados pela pressão social são os que têm a menor taxa de arrecadação fiscal em relação a seu Produto Interno Bruto (PIB).
O estudo, baseado em dados oficiais, foi elaborado com o apoio dos governos da Espanha e Dinamarca, a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e a Transparência Internacional.
"A região é afetada pelas mudanças climáticas, insegurança e violência, que convergem em uma série de ameaças que colocam em risco o futuro e que, provavelmente, nos levará a Estados degradados", comentou a coordenadora do relatório, a costa-riquenha Evelyn Villarreal.
"A América Central é considerada a região mais violenta do mundo, superando, inclusive, zonas em guerra. Tem níveis de assassinato maiores do que em tempos de guerra", que enlutaram o istmo, lamentou.
"A região vive a situação mais difícil e complexa dos últimos 20 anos, porque está muito vulnerável aos problemas de pobreza, violência e exclusão social", assinalou Evelyn. "Há retrocessos e crises políticas que acreditava-se terem sido superadas, como golpes de Estado (Honduras), fraudes eleitorais (Nicarágua) e acusações de assassinato de presidentes (Guatemala)."
Houve, no entanto, avanços na região, como a ampliação da cobertura do ensino e de saúde, e a redução das mortalidades infantil e materna. A crise econômica mundial de 2008-2009 não teve o impacto previsto.
Os pesquisadores concordaram que, para evitar a crise, são necessários "pactos políticos duradouros" que incluam o setor privado.