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Desempregados de Gaza tiram proveito da crise do combustível

Muitos se dedicam ao mercado negro de diesel que floresceu no território

O movimento islamita Hamas reparte o pouco gasóleo que entra do Sinai e definiu um horário diferente em cada posto de gasolina para distribuir o pouco que recebe (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2012 às 10h51.

Gaza - Os desempregados da Faixa de Gaza tentam tirar proveito da crise do combustível , que desde o início do ano provoca constantes blecautes na região, e muitos se dedicam ao mercado negro de diesel que floresceu no território.

O tempo de um desempregado em Gaza, onde o desemprego atinge 45% da população, não vale nada e por isso muitos optam por dedicar longas horas a esperar nas intermináveis filas que se formam nos postos de gasolina para conseguir algo do pouco combustível que chega a Gaza através dos túneis com o Sinai egípcio.

A espera parece eterna, mas, uma vez que conseguem encher vários baldes de gasóleo, os taxistas, motoristas e moradores que precisam alimentar seus geradores elétricos os vendem por um preço consideravelmente mais alto do que pagaram.

"Demorei pouco mais de dez minutos em vender tudo o que tinha comprado, é um negócio muito bom. Tiro 40% de lucro e, enquanto continuar a crise, as pessoas seguirão comprando", afirmou à Agência Efe Mehdi, um jovem palestino de 22 anos sem emprego.

Após uma espera de cinco horas no posto de gasolina, Mehdi pagou 3,75 shekels (R$ 1,8) por cada litro de combustível egípcio, que depois transferiu com sua moto a um cruzamento de estradas e o vendeu por 5,2 shekels (R$ 2,5).

"Cada galão tem 18 litros, portanto posso ganhar 20 shekels por cada um (quase R$ 10)", disse sorridente, enquanto esperava ao lado do reboque conectado à sua motocicleta, no qual esperavam 12 recipientes vazios.

"Os taxistas e motoristas não podem passar o dia todo nas filas para conseguir um pouco de combustível para seus carros. Eu lhes poupo tempo, esforço e dinheiro", comentou.

Este negócio permite a gente como Mehdi ganhar 350 shekels por dia (R$ 168), cinco vezes mais do que podiam receber antes quando, ocasionalmente, encontravam trabalho para descarregar mercadorias nos mercados, fazer mudanças ou realizar outras tarefas pesadas.

O taxista Abu Mohammed, residente de Gaza capital, se mostrou mais que satisfeito após fechar negócio com Mehdi, que lhe permitiu voltar a trabalhar após duas semanas com o veículo parado por falta de combustível.

Com o que comprou, poderá trabalhar poucas horas, mas sabe que terá clientes, porque a escassez de combustível deixou centenas de carros e táxis em Gaza parados e as ruas estão cheias de passageiros que não têm quem lhes transporte.

Enquanto conduzia seu táxi, Abu Mohammed assegurou que tinha "o olho mais atento aos postos de gasolina que nos clientes, porque preciso garantir que terei combustível para amanhã".

O movimento islamita Hamas reparte o pouco gasóleo que entra do Sinai e definiu um horário diferente em cada posto de gasolina para distribuir o pouco que recebe.

O repentino florescimento do mercado negro enfurece os donos dos postos de gasolina que, no entanto, sabem que não pode fazer nada para evitá-lo.

"É um fenômeno incivilizado que prejudica as companhias de gasolina, mas não podemos obrigar os motoristas a não comprar no mercado negro: sabemos que todos estão tentando trabalhar", declarou à Efe Mohammed al Abadella, membro do sindicato de postos de gasolina.

O ministro da Economia do Hamas, Ala al Deen Rafati, destacou em comunicado que faz o que pode para pôr fim à venda ilegal de combustível.

"Vigiamos os postos de gasolina e avisamos à polícia para que detenham quem comprar grandes quantidades e as vendam depois a preços mais altos. Mas, em uma crise como esta, é normal que o povo venda o diesel desta forma", ponderou.

A crise começou na Faixa de Gaza no início deste ano, após uma notável diminuição da entrada de combustível egípcio pouco depois que o Hamas decidiu prescindir do diesel que comprava de Israel e depender exclusivamente do que adquiria a preços muito mais econômicos no Egito.

Em fevereiro as autoridades do Hamas fecharam um acordo com o Cairo para solucionar o problema de abastecimento, mas o pacto conseguido não faz chegar a quantidade necessária de combustível.

O efeito mais grave da crise foi o repetido fechamento da única usina elétrica de Gaza, que fornece 35% da eletricidade do território, o que provocou longos blecautes e afetou vários serviços.

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O tempo de um desempregado em Gaza, onde o desemprego atinge 45% da população, não vale nada e por isso muitos optam por dedicar longas horas a esperar nas intermináveis filas que se formam nos postos de gasolina para conseguir algo do pouco combustível que chega a Gaza através dos túneis com o Sinai egípcio.

A espera parece eterna, mas, uma vez que conseguem encher vários baldes de gasóleo, os taxistas, motoristas e moradores que precisam alimentar seus geradores elétricos os vendem por um preço consideravelmente mais alto do que pagaram.

"Demorei pouco mais de dez minutos em vender tudo o que tinha comprado, é um negócio muito bom. Tiro 40% de lucro e, enquanto continuar a crise, as pessoas seguirão comprando", afirmou à Agência Efe Mehdi, um jovem palestino de 22 anos sem emprego.

Após uma espera de cinco horas no posto de gasolina, Mehdi pagou 3,75 shekels (R$ 1,8) por cada litro de combustível egípcio, que depois transferiu com sua moto a um cruzamento de estradas e o vendeu por 5,2 shekels (R$ 2,5).

"Cada galão tem 18 litros, portanto posso ganhar 20 shekels por cada um (quase R$ 10)", disse sorridente, enquanto esperava ao lado do reboque conectado à sua motocicleta, no qual esperavam 12 recipientes vazios.

"Os taxistas e motoristas não podem passar o dia todo nas filas para conseguir um pouco de combustível para seus carros. Eu lhes poupo tempo, esforço e dinheiro", comentou.

Este negócio permite a gente como Mehdi ganhar 350 shekels por dia (R$ 168), cinco vezes mais do que podiam receber antes quando, ocasionalmente, encontravam trabalho para descarregar mercadorias nos mercados, fazer mudanças ou realizar outras tarefas pesadas.

O taxista Abu Mohammed, residente de Gaza capital, se mostrou mais que satisfeito após fechar negócio com Mehdi, que lhe permitiu voltar a trabalhar após duas semanas com o veículo parado por falta de combustível.

Com o que comprou, poderá trabalhar poucas horas, mas sabe que terá clientes, porque a escassez de combustível deixou centenas de carros e táxis em Gaza parados e as ruas estão cheias de passageiros que não têm quem lhes transporte.

Enquanto conduzia seu táxi, Abu Mohammed assegurou que tinha "o olho mais atento aos postos de gasolina que nos clientes, porque preciso garantir que terei combustível para amanhã".

O movimento islamita Hamas reparte o pouco gasóleo que entra do Sinai e definiu um horário diferente em cada posto de gasolina para distribuir o pouco que recebe.

O repentino florescimento do mercado negro enfurece os donos dos postos de gasolina que, no entanto, sabem que não pode fazer nada para evitá-lo.

"É um fenômeno incivilizado que prejudica as companhias de gasolina, mas não podemos obrigar os motoristas a não comprar no mercado negro: sabemos que todos estão tentando trabalhar", declarou à Efe Mohammed al Abadella, membro do sindicato de postos de gasolina.

O ministro da Economia do Hamas, Ala al Deen Rafati, destacou em comunicado que faz o que pode para pôr fim à venda ilegal de combustível.

"Vigiamos os postos de gasolina e avisamos à polícia para que detenham quem comprar grandes quantidades e as vendam depois a preços mais altos. Mas, em uma crise como esta, é normal que o povo venda o diesel desta forma", ponderou.

A crise começou na Faixa de Gaza no início deste ano, após uma notável diminuição da entrada de combustível egípcio pouco depois que o Hamas decidiu prescindir do diesel que comprava de Israel e depender exclusivamente do que adquiria a preços muito mais econômicos no Egito.

Em fevereiro as autoridades do Hamas fecharam um acordo com o Cairo para solucionar o problema de abastecimento, mas o pacto conseguido não faz chegar a quantidade necessária de combustível.

O efeito mais grave da crise foi o repetido fechamento da única usina elétrica de Gaza, que fornece 35% da eletricidade do território, o que provocou longos blecautes e afetou vários serviços.

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