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Deixar o poder seria "traição nacional", afirma Assad

Presidente sírio acrescentou que o conflito será longo e acusou países que apoiam oposição de obstruir esforços de paz

O presidente sírio, Bashar al-Assad: apoiado pela Rússia, Irã e o Hezbollah libanês, ele se nega a deixar o poder desde o início da revolta contra seu regime, em março de 2011 (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2013 às 11h35.

Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, envolvido em uma sangrenta guerra contra rebeldes há mais de dois anos, declarou que deixar o poder no contexto atual seria uma "traição nacional", em entrevista a um jornal alemão.

Na entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) publicada na íntegra nesta terça-feira pela agência oficial de notícias SANA, ele acrescentou que o conflito será longo e acusou os países que apoiam a oposição de obstruir os esforços de paz.

"Se eu decidir deixar o poder nas circunstâncias (atual), seria uma traição nacional. Mas seria outra questão, se o povo exigir", disse Assad.

"É por meio de eleições ou referendos que podemos saber se as pessoas querem que você deixe o seu cargo", assegurou. "O mandato do presidente (sírio) termina em 2014. Durante tempos de crise (...) é normal não deixar o país."

Assad, apoiado pela Rússia, Irã e o Hezbollah libanês, se nega desde o início da revolta contra seu regime, em março de 2011, a deixar o poder como exigido pela oposição e os países que a apoia.

O movimento de contestação popular se transformou em um conflito armado contra a repressão. A violência já causou a morte de mais de 93 mil pessoas, segundo a ONU.


Assad reconheceu que há algumas centenas de combatentes xiitas do Hezbollah que ajudam o Exército sírio, mas minimizou a sua importância.

"Não há batalhões (do Hezbollah). Eles enviaram um número de combatentes para a região de Qousseir, onde há terroristas (rebeldes). Eles ajudaram o Exército sírio para limpar esta área", indicou.

O apoio do Hezbollah foi decisivo para a retomada em 5 de junho da cidade estratégica de Qousseir, localizada na fronteira com o Líbano. Após esta vitória, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou que seu partido continuará envolvido na guerra na Síria .

Questionado sobre a conferência de paz proposta por Moscou e Washington, ele respondeu que "há obstáculos externos, como a Turquia, Qatar, Arábia Saudita, França e Grã-Bretanha. Esses países não querem o diálogo e querem que a violência continue, é por esta razão que uma solução política é adiada".

"Desde o início, eu me perguntava quanto tempo a crise duraria (..) e a minha resposta é que ele irá durar muito tempo, devido a fatores externos", disse.

Num trecho dessa entrevista divulgada na véspera, Assad

afirmou que a Europa pagará muito caro por um possível fornecimento de armas aos rebeldes sírios, no momento em que a reunião do G8 debate o conflito sírio.

"Se os europeus fornecerem armas, o quintal da Europa será (terreno fértil) para o terrorismo e a Europa pagará muito caro", declarou o ditador sírio.


A consequência de facilitar armas seria exportar o terrorismo para a Europa, segundo Assad.

"Virão terroristas (à Europa) com uma experiência de combate e uma ideologia extremista", prosseguiu o presidente.

"O terrorismo significa o caos e o caos leva à pobreza. E a pobreza significa que a Europa perde um mercado importante", disse, assegurando que "a Europa, querendo ou não, não tem outra escolha a não ser cooperar com o Estado sírio".

Bashar al-Assad negou ainda que o Exército sírio tenha utilizado armas químicas contra os rebeldes, como afirmam vários países ocidentais.

"Se Paris, Londres e Washington tivessem uma só prova de suas alegações, teriam apresentado abertamente", afirmou.

"Tudo o que tem sido dito sobre o uso de armas químicas é mentira sobre a Síria. É uma tentativa de justificar uma ingerência militar maior", acrescentou o presidente sírio.

A Casa Branca endureceu a posição em relação ao regime sírio na semana passada e acusou Damasco pela primeira vez de ter utilizado armas químicas, principalmente o gás sarin, na guerra contra os rebeldes.

Segundo Washington, entre 100 e 150 pessoas morreram em ataques químicos em um ano. Sobre isso, Assad respondeu: "De um ponto de vista militar, as armas convencionais podem matar em apenas um dia um número muito maior".

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Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, envolvido em uma sangrenta guerra contra rebeldes há mais de dois anos, declarou que deixar o poder no contexto atual seria uma "traição nacional", em entrevista a um jornal alemão.

Na entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) publicada na íntegra nesta terça-feira pela agência oficial de notícias SANA, ele acrescentou que o conflito será longo e acusou os países que apoiam a oposição de obstruir os esforços de paz.

"Se eu decidir deixar o poder nas circunstâncias (atual), seria uma traição nacional. Mas seria outra questão, se o povo exigir", disse Assad.

"É por meio de eleições ou referendos que podemos saber se as pessoas querem que você deixe o seu cargo", assegurou. "O mandato do presidente (sírio) termina em 2014. Durante tempos de crise (...) é normal não deixar o país."

Assad, apoiado pela Rússia, Irã e o Hezbollah libanês, se nega desde o início da revolta contra seu regime, em março de 2011, a deixar o poder como exigido pela oposição e os países que a apoia.

O movimento de contestação popular se transformou em um conflito armado contra a repressão. A violência já causou a morte de mais de 93 mil pessoas, segundo a ONU.


Assad reconheceu que há algumas centenas de combatentes xiitas do Hezbollah que ajudam o Exército sírio, mas minimizou a sua importância.

"Não há batalhões (do Hezbollah). Eles enviaram um número de combatentes para a região de Qousseir, onde há terroristas (rebeldes). Eles ajudaram o Exército sírio para limpar esta área", indicou.

O apoio do Hezbollah foi decisivo para a retomada em 5 de junho da cidade estratégica de Qousseir, localizada na fronteira com o Líbano. Após esta vitória, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou que seu partido continuará envolvido na guerra na Síria .

Questionado sobre a conferência de paz proposta por Moscou e Washington, ele respondeu que "há obstáculos externos, como a Turquia, Qatar, Arábia Saudita, França e Grã-Bretanha. Esses países não querem o diálogo e querem que a violência continue, é por esta razão que uma solução política é adiada".

"Desde o início, eu me perguntava quanto tempo a crise duraria (..) e a minha resposta é que ele irá durar muito tempo, devido a fatores externos", disse.

Num trecho dessa entrevista divulgada na véspera, Assad

afirmou que a Europa pagará muito caro por um possível fornecimento de armas aos rebeldes sírios, no momento em que a reunião do G8 debate o conflito sírio.

"Se os europeus fornecerem armas, o quintal da Europa será (terreno fértil) para o terrorismo e a Europa pagará muito caro", declarou o ditador sírio.


A consequência de facilitar armas seria exportar o terrorismo para a Europa, segundo Assad.

"Virão terroristas (à Europa) com uma experiência de combate e uma ideologia extremista", prosseguiu o presidente.

"O terrorismo significa o caos e o caos leva à pobreza. E a pobreza significa que a Europa perde um mercado importante", disse, assegurando que "a Europa, querendo ou não, não tem outra escolha a não ser cooperar com o Estado sírio".

Bashar al-Assad negou ainda que o Exército sírio tenha utilizado armas químicas contra os rebeldes, como afirmam vários países ocidentais.

"Se Paris, Londres e Washington tivessem uma só prova de suas alegações, teriam apresentado abertamente", afirmou.

"Tudo o que tem sido dito sobre o uso de armas químicas é mentira sobre a Síria. É uma tentativa de justificar uma ingerência militar maior", acrescentou o presidente sírio.

A Casa Branca endureceu a posição em relação ao regime sírio na semana passada e acusou Damasco pela primeira vez de ter utilizado armas químicas, principalmente o gás sarin, na guerra contra os rebeldes.

Segundo Washington, entre 100 e 150 pessoas morreram em ataques químicos em um ano. Sobre isso, Assad respondeu: "De um ponto de vista militar, as armas convencionais podem matar em apenas um dia um número muito maior".

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