Papa Francisco: 135 membros da Organização das Nações Unidas (ONU) já reconheceram a Palestina (REUTERS/Alessandro Bianchi)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2015 às 12h38.
Jerusalém - A decisão do Vaticano de reconhecer o Estado Palestino pela primeira vez em um tratado causou uma reação áspera de Israel, mas pode dar ensejo a um debate mais aberto na Europa sobre como proceder a respeito da espinhosa questão palestina.
A Santa Sé se refere à Palestina desde 2012, mas o tratado finalizado na quarta-feira, que cobre as atividades de Igreja Católica em áreas controladas pela Autoridade Palestina, faz um reconhecimento mais formal, que autoridades do Vaticano disseram esperar ser benéfico para os laços israelo-palestinos com o passar do tempo.
Um funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Israel descreveu o gesto do Vaticano como uma “decepção” e insinuou que pode levar a represálias, embora não tenha dito de que tipo.
“Isto não estimula o processo de paz e o retorno dos palestinos às negociações”, afirmou.
“Israel irá estudar o tratado e analisar seus próximos passos de acordo com ele.”
O Vaticano, cada vez mais atuante na política externa sob o comando do papa Francisco, está longe de ser o único Estado a ter reconhecido a Palestina – 135 membros da Organização das Nações Unidas (ONU) já o fizeram, quase 70 por cento do total. Em comparação, 160 dos 193 membros da ONU reconhecem Israel.
Em outubro passado, a Suécia foi o primeiro grande país europeu a endossar a Palestina, uma decisão criticada por Israel e que desde então gerou tensões na relação entre os dois países.
A União Europeia como um todo não reconhece a Palestina, assumindo a mesma postura dos Estados Unidos – a de que um país independente só pode emergir via negociações com Israel, e não através de um processo de reconhecimento unilateral.
Mas, como as conversas entre israelenses e palestinos foram interrompidas mais de um ano atrás, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu um dia antes de sua reeleição, em março passado, que não haverá um Estado Palestino em seu mandato, os diplomatas questionam que alternativas lhes restam.