Crianças morrem após receberem vacina contaminada no Sudão do Sul
Denúncia aponta que a equipe de vacinação não respeitou as normas de segurança da OMS, utilizando uma só seringa durante a campanha
AFP
Publicado em 2 de junho de 2017 às 11h58.
Última atualização em 2 de junho de 2017 às 13h48.
Quinze crianças morreram após receberem uma vacina contaminada em uma região isolada do sudeste do Sudão do Sul , país em guerra desde o fim de 2013, anunciou nesta sexta-feira o ministro da Saúde.
"A equipe de vacinação não respeitou as normas de segurança aprovadas pela Organização Mundial de Saúde", declarou o ministro Riek Gai Kok em coletiva, que denunciou a utilização de somente uma seringa durante a campanha contra o sarampo, que durou quatro dias.
"A reutilização da seringa, denominada reconstituição, implica que esta última está contaminada e, por sua vez, contamina os frascos da vacina contra o sarampo e infecta todas as crianças", criticou o ministro.
A investigação, comandada por um comitê sul-sudanês especialista em saúde e com a ajuda de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), demonstrou que as vacinas administradas na região de Kapoeta não foram conservadas respeitando as regras da cadeia de frio, o que favoreceu a sua contaminação.
As crianças começaram a morrer por conta deste incidente a partir de 2 de maio, enquanto outras 32 sofreram sintomas que incluíram vômito, febre e diarreia, embora tenham sobrevivido. No total, 300 pessoas foram vacinadas durante esta campanha.
Segundo Riek Gai Kok, a equipe de saúde contratou crianças de 12 anos para aplicar as vacinas. "Utilizar crianças de 12 e 13 anos é inaceitável, vamos descobrir como aconteceu, mas não tem nada a ver com uma possível falta de equipe", assegurou
"Esta lição que aprendemos hoje não deve impedir de continuar com as vacinações, as vacinas são seguras quando seguem as instruções", disse o diretor da OMS no Sudão do Sul.
Segundo as diretivas da OMS, a vacina contra o sarampo devem ser armazenadas em um local protegido da luz e a uma temperatura entre 2ºC e 8ºC.
"Neste ano, 70 crianças morreram por causa do sarampo em diferentes partes do país", advertiu o ministro.
A epidemia de sarampo que o Sudão do Sul está vivendo é uma nova catástrofe humanitária para um país que em 2013 caiu em uma guerra civil, dois anos e meio após a sua independência, que causou dezenas de milhares de mortes e mais de 3,5 milhões de deslocados.
A fome, consequência direta do conflito, afeta mais de 100.000 pessoas em certas zonas do país e ameaça um milhão.