Clientes em outlet em Los Angeles, nos Estados Unidos (Frederic Brown/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 10h34.
Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 11h39.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,2% em outubro. O dado foi divulgado nesta quarta-feira, 13, pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho.
Em agosto e em setembro, o indicador também havia subido 0,2% na comparação com os meses anteriores. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no país avançou 2,6%. Em setembro, o índice para 12 meses estava em 2,4%.
O núcleo do CPI, que exclui gastos com comida e energia, subu 0,3% em outubro e 3,3% em 12 meses.
A alta foi puxada por itens como habitação (subiu 0,4%) e comida (+0,2%). O custo de energia se manteve inalterado. Outros itens que subiram de preço foram carros usados, caminhões, passagens aéreas, cuidados médicos e lazer. Já os preços de vestuário, comunicações e móveis domésticos tiveram queda no último mês.
Esta foi a primeira divulgação dos dados do CPI depois das eleições presidenciais de 5 de novembro, em que Donald Trump conquistou um novo mandato. A inflação foi um dos principais temas da disputa. Trump prometeu cortar impostos para baixar os preços, entre outras medidas. Ele toma posse em 20 de janeiro.
“Neste momento as atenções inevitavelmente começam a se voltar para 2025 e os potenciais impactos das medidas do novo governo Trump”, avalia Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
"Os dados da CPI referente ao mês de outubro não surpreenderam, mas encerram a sequência de quedas observada nos últimos meses. Embora a inflação esteja próxima da meta e o Fomc usualmente não se deixa influenciar por apenas uma leitura, dúvidas sobre o que pode vir pela frente serão levantadas", diz Igliori.
"O CPI americano sugere que o Fed ainda precisa monitorar de perto as pressões inflacionárias, especialmente com o núcleo da inflação estável. Esse cenário reforça a perspectiva de que o Fed vai manter as taxas de juros no patamar atual, o que pode beneficiar mercados emergentes, como o Brasil, ao manter uma estabilidade no fluxo de capitais e no câmbio", diz João Kepler, CEO da Equity Fund Group.
A inflação nos EUA chegou a 9,1% ao ano em junho de 2022, na esteira da crise gerada pela pandemia, e vem caindo. A meta do Fed, o banco central americano, é trazer a inflação para 2%. No começo do ano, ela estava acima de 3%, e agora está em 2,4%.
Em setembro, o Fed deu início ao corte de juros e baixou a taxa principal em 0,5 ponto percentual, para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Foi a primeira baixa em quatro anos. No dia 6 de novembro, houve nova baixa de 0,25 ponto, para a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano.
Os juros altos nos EUA atraem mais capitais ao país, o que reduz o fluxo para outros países, como o Brasil, que passam a ter mais dificuldade para captar recursos. A alta nos juros americanos também influencia a queda na taxa de juros do Brasil.