Mundo

Coreia do Norte volta a ameaçar EUA e Coreia do Sul

As manobras militares entre os dois países aliados são fonte anual de tensão na península coreana e a Coreia do Norte diz que a guerra está próxima

O líder norte-coreano, Kim Jong-un: a Coreia do Norte recorre de maneira frequente à retórica bélica durante os tradicionais exercícios militares conjuntos de EUA e Coreia do Sul (AFP/ Kns)

O líder norte-coreano, Kim Jong-un: a Coreia do Norte recorre de maneira frequente à retórica bélica durante os tradicionais exercícios militares conjuntos de EUA e Coreia do Sul (AFP/ Kns)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de março de 2015 às 11h54.

Seul - A Coreia do Norte lançou mísseis nesta segunda-feira no mar e prometeu "bombardeios impiedosos" em caso de agressão dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que iniciaram exercícios militares conjuntos anuais.

De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, a Coreia do Norte lançou dois mísseis com alcance de 500 km no mar do Japão a partir do porto de Nampo (oeste).

Os artefatos cruzaram o país em direção oeste-leste antes de cair no mar do Japão.

Um porta-voz do Exército do Povo Coreano (KPA), citado pela agência oficial de Pyongyang, a Korean Central News Agency (KCNA), informou que a península está "de novo a dois dedos do início de uma guerra".

"A única forma de enfrentar a agressão realizada pelos imperialistas americanos e seus aliados não é nem o diálogo nem a paz. Devemos apenas responder com bombardeios impiedosos", disse.

A Coreia do Norte recorre de maneira frequente à retórica bélica durante os tradicionais exercícios militares conjuntos EUA-Coreia do Sul.

As manobras militares são uma fonte anual de tensão na península coreana.

Washington e Seul chamaram de "provocação" os lançamentos de mísseis norte-coreanos. Em um comunicado, o comando conjunto dos dois exércitos informa que estará "atento a qualquer novo disparo".

O porta-voz do ministério sul-coreano da Defesa, Kim Min-Seok, prometeu uma resposta "firme e forte a qualquer provocação".

O Japão protestou oficialmente e destacou o perigo que os mísseis norte-coreanos representam para o tráfego marítimo e aéreo. A China pediu moderação às partes.

Quase 200.000 militares sul-coreanos e 3.700 americanos participarão, durante oito semanas, de exercícios de terra, mar e ar em grande escala nesta operação batizada como Foal Eagle.

Ao mesmo tempo, nesta segunda-feira também está previsto o início de um exercício conjunto de simulação por computador, conhecido como Key Resolve, de uma semana de duração.

Seul e Washington afirmam que são exercícios defensivos, mas Pyongyang considera as manobras como o prenúncio de uma invasão.

Ameaça balística

Para o porta-voz do exército norte-coreano, estes são "exercícios perigosos de guerra nuclear para invadir a DPRK" (República Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte) e uma "histeria guerreira imperdoável das forças hostis desonestas".

"Nossas Forças Armadas revolucionárias nunca serão apenas espectadores passivos diante desta situação grave", disse a mesma fonte, antes de afirmar que a Coreia do Norte responderá a qualquer ato de guerra convencional, nuclear ou cibernética.

"Se apenas um disparo tocasse o solo da DPRK, o país responderia imediatamente", alertou Pyongyang.

A Coreia do Norte faz ameaças frequentes aos Estados Unidos com bombardeios nucleares, mas o país não demonstrou a capacidade de lançar mísseis balísticos capazes de chegar ao território americano.

Segundo um estudo publicado em fevereiro por especialistas americanos, a Coreia do Norte teria a capacidade de aumentar seu programa nuclear militar nos próximos cinco anos e poderia dispor, em 2020, de até uma centena de armas atômicas.

A Coreia do Norte efetuou três testes nucleares, em 2006, 2009 e 2013. Em janeiro, o país propôs o fim dos testes nucleares, caso Washington renunciasse às manobras de treinamento com Seul. Os dois aliados rejeitaram imediatamente a proposta por considerá-la uma "ameaça implícita".

O analista Jeung Young-Tae, do Korea Institute for National Unification de Seul, considera pouco provável que Pyongyang realize um quarto teste nuclear com o único objetivo de expressar descontentamento.

Mas o país poderia realizar testes de mísseis de médio e longo alcance.

"A demonstração de que pode preparar um ogiva nuclear seria uma ameaça muito maior contra o mundo do que um teste nuclear", disse à AFP.

Acompanhe tudo sobre:ArmasÁsiaCoreia do NorteCoreia do SulEstados Unidos (EUA)Países ricos

Mais de Mundo

Incêndio florestal na Califórnia destruiu área maior do que a de Los Angeles

Blinken preocupado com 'ações provocativas' da China nas imediações de Taiwan

Após críticas de Trump, FBI confirma que ele foi ferido por uma bala

Exército de Israel ordena novas evacuações no sul de Israel

Mais na Exame