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Coreia do Norte se diz aberta a discutir programa nuclear

Segundo enviado, país está próximo para retomar as conversas de seis partes sobre seu programa nuclear


	Centro de Pesquisa Nuclear em Yongbyon, na Coreia do Norte, em foto de 2008
 (Wikimedia Commons)

Centro de Pesquisa Nuclear em Yongbyon, na Coreia do Norte, em foto de 2008 (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 22h42.

Genebra - A Coreia do Norte está pronta para retomar as conversas de seis partes sobre seu programa nuclear, mas precisa se manter em estado de alerta diante dos exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, declarou um enviado de primeiro escalão do país nesta quinta-feira em Genebra.

O embaixador da República Democrática Popular da Coreia (DPRK, na sigla em inglês) na Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, So Se Pyong, disse à Reuters que sua nação não planeja um teste nuclear ou de mísseis.

Em uma entrevista abrangente, ele afirmou que os relatos sobre a saúde frágil de seu líder, Kim Jong Un, são "boatos fabricados" e que não está claro se os EUA estão dispostos a negociar a libertação de três cidadãos norte-americanos.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse depois das reuniões com seu colega norte-coreano na quarta-feira em Moscou que vê a possibilidade de se retomar as conversas travadas sobre as atividades nucleares de Pyongyang, mas que isso levará tempo.

“Estamos prontos para as conversas com as seis partes, e no que me diz respeito, China, Rússia e a DPRK estão prontas", declarou So na rara entrevista na missão da Coreia do Norte com vista para o lago Genebra.

“Mas a América (os Estados Unidos), eles não gostam deste tipo de conversa no momento. E a América não gostar é a razão de países como Coreia do Sul e Japão tampouco estarem prontos para estas conversas.”

A Coreia do Norte prometeu abandonar seu programa nuclear em 2005, mas pareceu voltar atrás no acordo quando testou artefatos nucleares em 2006 e 2009.

Já afetado por sanções pesadas da ONU por seus testes nucleares e de mísseis, o país recluso finalizou uma grande reforma em suas instalações de lançamento de foguetes, afirmou um centro de pesquisa norte-americano nesta quinta-feira, que o permitirá lançar foguetes maiores e de maior alcance.

Sem ser específico, So relacionou os preparativos militares da Coreia do Norte aos exercícios “muito graves” dos EUA e da Coreia do Sul no início deste ano, que ele disse terem empregado porta-aviões nucleares, submarinos e bombardeiros B-52.

“Temos que estar alerta também, estar preparados para adotar medidas defensivas em reação àquele exercício militar contra nós.” I

ndagado especificamente sobre o fato de a Coreia do Norte estar ou não preparando um teste nuclear ou para disparar um míssil, ele respondeu: “Não, não.”

“Caso, caso eles realizem esse tipo de exercício militar nuclear conjunto frequentemente contra meu país, também temos que fazer.”

O programa de armas nucleares da Coreia do Norte a protege dos EUA, disse So. “Caso desistamos das armas, como outros países, então é claro que acho que eles já teriam nos atacado”, afirmou.

Não se acredita que a Coreia do Norte tenha dominado a tecnologia para miniaturizar uma ogiva nuclear pequena o suficiente para caber em qualquer um de seus foguetes atuais, embora analistas digam que testes nucleares posteriores aumentam a chance de aprimorar essa capacidade.

Indagado se o líder norte-coreano está comprometido com a desnuclearização, So disse: "É a política do partido."

Prisioneiros

Três cidadãos norte-americanos estão presos na Coreia do Norte acusados de crimes contra o Estado. Um jornal pró-Coreia do Norte publicado no Japão citou um deles, que teria apelado para que o governo dos EUA ajude a obter sua soltura.

“Fui informado de que eles pediram ao seu governo para negociar estes problemas, mas não sei se a América está pronta ou não para soltá-los ou tem alguma compreensão ou reconhecimento dos crimes que eles cometeram”, comentou So.

Ele revelou que seu país buscou uma cooperação maior no tema dos direitos humanos, primeiro com a ONU para obter assistência técnica, e também através do diálogo com a União Europeia.

“Na verdade, demos uma indireta sobre esse tipo de diálogo a um país membro da UE, mas eles não esboçaram nenhuma reação, não deram nenhuma resposta”, disse So.

Um relatório de investigadores da ONU deste ano denunciou o sistema de campos de trabalho com prisioneiros políticos.

“Claro que todo país tem prisões. Mas não os campos de trabalho de que estão falando. Esta é uma discriminação totalmente fabricada”, afirmou o diplomata.

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