Mundo

Coreia do Norte: entenda o programa nuclear que abala o mundo

O mundo segue acompanhando essa crise que parece não ter fim. Entenda como o programa norte-coreano funciona e como evoluiu ao longo das décadas

Teste balístico conduzido pela Coreia do Norte: programa nuclear e de mísseis acelerou nos últimos anos (KCNA/Reuters)

Teste balístico conduzido pela Coreia do Norte: programa nuclear e de mísseis acelerou nos últimos anos (KCNA/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 12h20.

São Paulo – A crise nuclear com a Coreia do Norte é vista por especialistas como a maior e mais preocupante ameaça à segurança mundial. Elaborado ainda na década de 70 como uma estratégia de sobrevivência do regime fundado por Kim Il-Sung, o programa nuclear e de mísseis assumiu novas proporções desde 2014, quando Kim Jong-un ascendeu ao poder.

Fato é que essa tática é um problema complexo que assombra o mundo há décadas e cuja solução sempre foi um desafio para a comunidade internacional. Atualmente, a retórica agressiva do presidente americano Donald Trump, e a escalada das provocações do regime impactaram severamente para tornar a situação ainda mais incerta e delicada.

Segundo analistas, uma possível intervenção militar na Coreia do Norte seria ineficaz e traria ainda mais insegurança para a região. Ainda que as capacidades militares do Norte sejam colocadas em xeque, fato é que o país é dono de um dos maiores exércitos do mundo e seria capaz de causar estragos em seus vizinhos antes de ser derrotado na ocasião de um conflito.

No entanto, tampouco a imposição de sanções econômicas por parte do Conselho de Segurança da ONU se mostrou eficiente para fazer com que Kim Jong-un cesse as suas ameaças. Muito pelo contrário: tais são usadas pelo regime como uma poderosa ferramenta de propaganda interna para garantir que a população permaneça ao seu lado.

O mundo segue acompanhando os desdobramentos dessa crise que não parece ter data para acabar. Para entender como o programa norte-coreano funciona e ver como sua evolução se deu nas últimas décadas, EXAME produziu um guia com as datas-chave e informações de tudo o que o regime já fez.

Datas-chave

- Final de 1970: Coreia do Norte começa a trabalhar em uma versão do míssil soviético Scud-B (alcance de 300 km) e que foi eventualmente testado em 1984.

- 1987-1992: desenvolvimento das versões do Scud-C (500 km), do Rodong-1 (1.300 km), do Taepodong-1 (2.500 km), do Musudan-1 (3.000 km) e do Taepodong-2 (6.700 km).

- Setembro de 1999: adiamento dos testes de mísseis de longo alcance devido à melhora das relações com Washington.

- 12 de julho de 2000: fracasso das negociações com os Estados Unidos sobre os mísseis, depois que a Coreia do Norte exigiu um bilhão de dólares americanos para paralisar as exportações dos aparatos.

- 3 de março de 2005: fim da prorrogação dos testes de mísseis de longo alcance, alegando uma política "hostil" por parte da administração Bush.

- Julho de 2006: testes de sete mísseis de longo alcance. Um deles (Taepdong-2) explode em pleno voo depois de 40 segundos. O Conselho de Segurança adota a resolução 1695, que pede o fim de qualquer atividade de mísseis balísticos.

- Outubro de 2006: primeiro teste nuclear subterrâneo e a edição da resolução 1718 do Conselho de Segurança, que pede o fim dos testes balísticos e nucleares.

- Abril de 2009: lançamento de um foguete de longo alcance que sobrevoa o Japão e cai no Pacífico. Para Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, trata-se de um teste do Taepodong-2. O Conselho de Segurança condena a operação e reforça as sanções. A Coreia do Norte abandona as negociações sobre seu programa nuclear.

- Maio e junho de 2009: segundo teste nuclear subterrâneo, muito mais potente. Resolução 1874 do Conselho de Segurança, que impõe sanções suplementares.

- 12 de fevereiro de 2013: terceiro teste nuclear subterrâneo.

- 6 de janeiro de 2016: quarto teste nuclear subterrâneo. A Coreia do Norte afirma ter testado uma bomba de hidrogênio, fato ainda questionado por especialistas.

- 7 de fevereiro de 2016: Pyongyang anuncia o sucesso de seu segundo lançamento de foguete espacial e que o país colocou um satélite em órbita.

- 2 de março de 2016: o Conselho de Segurança impõe à Coreia do Norte as sanções ainda mais duras.

- 9 de março de 2016: o dirigente norte-coreano Kim Jong-Un afirma que Pyongyang conseguiu miniaturizar uma ogiva termonuclear.

- 8 de julho de 2016: Estados Unidos e Coreia do Sul anunciam a mobilização na Coreia do Sul do escudo antimísseis americano THAAD.

- 3 de agosto de 2016: pela primeira vez, regime dispara um míssil balístico em águas japonesas.

- 5 de setembro de 2016: lançamento de três mísseis balísticos durante a reunião dos líderes do G20 na China.

- 9 de setembro de 2016: quinto teste nuclear.

- 1 de dezembro de 2016: a ONU endurece as sanções e limita as exportações norte-coreanas de carvão à China.

- 12 de fevereiro de 2017: teste de um novo míssil balístico, que percorre 500 km antes de cair no Mar do Japão.

- 6 de março de 2017: Pyongyang lança quatro mísseis balísticos e afirma se tratar de um exercício para atingir bases dos Estados Unidos no Japão.

- 7 de março de 2017: Estados Unidos iniciam o estabelecimento do sistema antimísseis THAAD na Coreia do Sul.

- 14 de maio de 2017: Coreia do Norte lança míssil que percorreu 700 km antes de cair no mar do Japão. Os analistas estimam a capacidade do alcance do projétil em 4.500 km.

- 4 de julho de 2017: Pyongyang dispara um míssil balístico que percorre 930 km antes de cair no mar do Japão. Os analistas estimam seu alcance em até 6.700 km, o que chegaria ao Alasca. O regime norte-coreano diz ter sido um teste de míssil balístico intercontinental Hwasong-14.

- 28 de julho de 2017: Pyongyang lança um míssil com alcance teórico de 10.000 quilômetros e que poderia atingir os Estados Unidos.

- 29 de agosto de 2017: Coreia do Norte dispara um míssil que sobrevoa o Japão antes de cair no Pacífico. De acordo com Seul percorreu 2.700 quilômetros a uma altura máxima de 550 km.

- 3 de setembro de 2017: Regime anuncia o sucesso em seu sexto teste nuclear, e o mais poderoso da sua história, com a explosão de bomba de hidrogênio que causou um terremoto de magnitude 6,3 na Península da Coreia.

Infográfico sobre o programa nuclear da Coreia do Norte

Acompanhe tudo sobre:Coreia do NorteCoreia do SulDonald TrumpEstados Unidos (EUA)JapãoMísseisTestes nucleares

Mais de Mundo

Donald Trump nomeia Susie Wiles como chefe de gabinete

Milei terá encontro com Trump na semana que vem nos Estados Unidos

Setores democratas atribuem derrota de Kamala à demora de Biden para desistir da disputa

Pelúcias inspiradas na cultura chinesa viralizam e conquistam o público jovem