Coreia do Norte dispara mísseis na direção do Mar Amarelo, diz Exército sul-coreano
Ao contrário dos mísseis balísticos, os testes de mísseis de cruzeiro não são proibidos pelas sanções da ONU contra a Coreia do Norte
Agência de notícias
Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 09h55.
A Coreia do Norte disparou vários mísseis de cruzeiro contra o Mar Amarelo nesta quarta-feira, 24, informou o Exército sul-coreano, em meio à crescente preocupação com a posição endurecida de Pyongyang.
"Nossas Forças Armadas detectaram vários mísseis de cruzeiro lançados pela Coreia do Norte em direção ao Mar Amarelo às 7h de hoje (19h de terça-feira em Brasília)", disse o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em um comunicado.
"As especificações detalhadas estão sendo analisadas de perto por autoridades de Inteligência sul-coreanas e americanas", acrescentou.
Este ano, Pyongyang acelerou seus testes nucleares, incluindo testes do que chamou de "sistema de arma nuclear subaquática" e um míssil balístico hipersônico com combustível sólido.
Ao contrário dos mísseis balísticos, os testes de mísseis de cruzeiro não são proibidos pelas sanções da ONU contra a Coreia do Norte.
Os mísseis de cruzeiro costumam ser de propulsão a jato e voam em altitudes mais baixas do que os mísseis balísticos, tornando-os difíceis de detectar e interceptar.
O novo lançamento ocorre no momento em que a Coreia do Sul realiza um exercício de infiltração de forças especiais de dez dias de duração em sua costa leste, "à luz das graves situações de segurança" com o Norte, de acordo com a Marinha sul-coreana.
"Cumpriremos nossa missão de nos infiltrarmos profundamente no território inimigo e neutralizá-lo completamente sob qualquer circunstância", disse o comandante do exercício em um comunicado.
Principal inimigo
A situação na Península da Coreia se agravou nos últimos meses, com ambos os lados renunciando a um acordo crucial de contenção nas tensões, aumentando sua segurança fronteiriça e conduzindo exercícios de fogo real ao longo da fronteira.
Recentemente, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, declarou o Sul como seu "principal inimigo" e dissolveu as agências governamentais dedicadas a promover a cooperação e a reunificação da península.
Também ameaçou deflagrar uma guerra se Seul violar "nem que seja 0,001 milímetro" de seu território.
Kim afirmou também que seu país não reconhecerá a fronteira marítima "de facto" com o Sul e pediu mudanças constitucionais que permitiriam ao Norte "ocupar" a Coreia do Sul em uma guerra, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA.
Em Seul, o presidente Yoon Suk Yeol disse ao seu gabinete que, no caso de uma provocação do Norte, seu país responderá "múltiplas vezes mais forte", citando as "capacidades de resposta esmagadoras" de seu Exército.
Durante a reunião anual do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, no final de 2023, Kim ameaçou lançar um ataque nuclear contra o Sul e ordenou o reforço do arsenal militar de seu país para uma "guerra" que poderia "estourar a qualquer momento".
Há semanas, o Norte lançou um míssil hipersônico de combustível sólido, pouco depois de realizar exercícios militares com fogo real perto da tensa fronteira marítima com o Sul. Também lançou um satélite-espião, que Seul afirma ter sido fabricado com o apoio russo em troca de munições para a guerra de Moscou na Ucrânia.