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Conheça a prisão militar de Guantánamo

A prisão militar que catalisou o sentimento anti-americano após o 11 de Setembro e que Barack Obama tenta fechar desde 2009 ainda abriga 91 prisioneiros


	Guantánamo: o centro de detenção foi inaugurado em janeiro de 2002 em uma base naval dos Estados Unidos da costa sudeste da ilha de Cuba
 (U.S. Department of Defense / Reuters)

Guantánamo: o centro de detenção foi inaugurado em janeiro de 2002 em uma base naval dos Estados Unidos da costa sudeste da ilha de Cuba (U.S. Department of Defense / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2016 às 16h22.

Mais de 14 anos após a abertura de Guantánamo, em 11 de janeiro de 2002, a prisão militar que catalisou o sentimento anti-americano após o 11 de Setembro e que Barack Obama tenta fechar desde 2009 ainda abriga 91 prisioneiros.

Americana desde 1903

O centro de detenção foi inaugurado em janeiro de 2002 em uma base naval dos Estados Unidos da costa sudeste da ilha de Cuba.

Este encrave de 117 km2 (dos quais apenas 49 km2 de terra) foi cedido por Cuba para os Estados Unidos em 1903, como forma de agradecer a seu poderoso vizinho por sua ajuda na guerra contra os espanhóis.

Os primeiros prisioneiros chegaram na base localizada a 1.000 quilômetros de Havana após os atentados de 11 de Setembro.

Estes detidos eram classificados como "combatentes inimigos" pela administração de George W. Bush e privados de seus direitos fundamentais.

91 prisioneiros restantes

Até a presente data restam 91 detidos nesta prisão que abrigou até 680 em 2003. Ao todo, cerca de 760 prisioneiros passaram por Guantánamo, 85% dos quais já foram transferidos sob condições.

A administração Obama afirma ter realizado 147 transferências, principalmente para países do Oriente Médio e África.

Mais recentemente, alguns presos foram transferidos a conta-gotas para países terceiros e 35 que permanecem atrás das grades tiveram sua transferência aprovada pelas autoridades.

Os outros devem permanecer presos indefinidamente, porque são considerados muito perigosos ou aguardam julgamento.

Dez deles foram condenados ou estão à espera de julgamento. Destes dez, cinco são acusados pelo 11 de Setembro.

Em seu relatório apresentado nesta terça-feira, o governo Obama prevê que, além dos detidos atualmente, a situação de possíveis prisioneiros futuros serão consideradas "caso a caso", e estes últimos poderão ser julgados perante uma comissão militar.

13 potenciais prisões nos Estados Unidos

Conforme o desejo de Barack Obama - contestado por muitos republicanos - os últimos prisioneiros poderiam ser transferidos para solo americano.

Neste sentido, o Pentágono enviou no ano passado uma equipe de especialistas para visitar potenciais locais de detenção.

Entre os locais considerados estão o Naval Consolidated Brig de Charleston (Carolina do Sul, sudeste), Fort Leavenworth (Kansas, centro) e a prisão federal de segurança máxima de Florence (Colorado, oeste).

A prisão de Florence já abriga presos como Ramzi Yousef, mentor dos primeiros ataques ao World Trade Center em 1993, Zacarias Mussaui, o francês condenado em conexão com os ataques de 11 de Setembro, ou Dzhokhar Tsarnaev, condenado à morte pelos ataques de Boston em 2013.

Em seu projeto, a administração Obama identificou 13 locais potenciais.

450 milhões de dólares por ano

A prisão de Guantánamo custa aos contribuintes americanos entre 400 e 450 milhões de dólares por ano.

Como ordem de grandeza, a senadora democrata Dianne Feinstein afirmou no ano passado que "o custo de detenção de um prisioneiro em Guantánamo é 30 vezes maior do que o de um prisioneiro em prisões de segurança máxima de ponta nos Estados Unidos".

Feinstein se distinguiu em dezembro de 2014 com a publicação de um relatório de inquérito parlamentar sobre os métodos de tortura usados ​​pela CIA após o 11 de Setembro.

De acordo com a administração Obama, a detenção em solo americano permitiria uma poupança anual de cerca de 65 a 85 milhões por ano.

O custo de transferência dos detidos seria, no entanto, significativo, entre 290 e 475 milhões.

Estas despesas devem, contudo, ser amortizados ao longo de 3 a 5 anos, e as economias em comparação com a situação atual seria 337 milhões ao longo de 10 anos e 1,7 bilhão ao longo de 20 anos.

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