Mundo

Congresso argentino vota polêmica reforma judicial

A chamada "democratização da justiça" consta de seis projetos de lei, três dos quais serão debatidos nesta quarta-feira pelos deputados


	A presidente da Argentina, Cristina Kirchner: o sindicato dos funcionários do Judiciário decretou uma paralisação de 72 horas para protestar contra o pacote de leis de reforma.
 (AFP)

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner: o sindicato dos funcionários do Judiciário decretou uma paralisação de 72 horas para protestar contra o pacote de leis de reforma. (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2013 às 17h35.

Buenos Aires - A Câmara dos Deputados argentina vota nesta quarta-feira duas das seis leis de uma polêmica reforma judicial promovida pela presidente Cristina Kirchner, em meio a uma forte rejeição política e sindical, com a convocação de uma passeata diante do Congresso para protestar contra o que consideram um atentado à independência do Poder Judiciário.

A chamada "democratização da justiça" consta de seis projetos de lei, três dos quais serão debatidos nesta quarta-feira pelos deputados, e os demais pelos senadores no próximo mês. Em todos os casos, os projetos já foram parcialmente aprovados.

O mais questionado pelos juízes é o que busca aumentar de 13 para 19 os membros do Conselho da Magistratura (que nomeia e remove juízes), 12 dos quais serão eleitos pelo voto popular (três juízes, três advogados e seis representantes de âmbitos acadêmicos e científicos).

Outra das iniciativas contempla a criação de três câmaras de cassação (apelação), que têm como objetivo, segundo o governo, aliviar o acúmulo de casos em poder da Suprema Corte.

Um terceiro projeto oficial prevê limitar a duração das cautelares (prevenção de um direito), uma medida diretamente relacionada com a forte disputa entre o governo e o Clarín, o mais poderoso grupo de meios de comunicação da Argentina e um dos principais da América Latina.

A lei foi rejeitada pela maioria dos partidos opositores e setores da central sindical CGT crítica do governo, depois que na quinta-feira passada dezenas de milhares de pessoas protestaram contra esta iniciativa em Buenos Aires e em outras cidades do país.

O protesto inclui a instalação de uma tenda em frente à sede do Parlamento, onde as forças opositoras darão ao público seu ponto de vista sobre a chamada "democratização da justiça".


No entanto, um dia antes da votação, o governo abriu um novo espaço de negociações na comissão de justiça da Câmara de Deputados, aceitando introduzir mudanças, depois que o presidente da Suprema Corte, Hernán Lorenzetti, e vários juízes questionaram alguns pontos da reforma.

Devido à situação, os partidos opositores convocaram os argentinos a se concentrar diante do Congresso nesta quarta-feira para protestar contra a votação de uma reforma que, segundo eles, vai comprometer a independência da justiça.

A União Cívica Radical dos ex-presidentes Raúl Alfonsín (1983-89) e Fernando de la Rúa (1999-2001), segunda força legislativa, convocou seus seguidores a participar de maneira pacífica da manifestação em defesa de uma justiça independente, diante da sede do Parlamento.

O sindicato dos funcionários do Judiciário decretou uma paralisação de 72 horas, também para protestar contra o pacote de leis de reforma.

Além disso, a organização Human Rights Watch (HRW) pediu ao Congresso argentino que rejeite e reforma porque, em seu entender, isso vai socavar a independência dos tribunais.

"Esta reforma dará ao partido no poder na Argentina uma maioria automática no Conselho (da Magistratura) que supervisiona os juízes, o que compromete seriamente a independência judicial", assinalou o diretor para as Américas do HRW, José Miguel Vivanco, em um comunicado.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCristina KirchnerLegislaçãoPolíticos

Mais de Mundo

Ursula von der Leyen é reeleita presidente da Comissão Europeia

França faz hoje eleição para a Presidência da Assembleia Nacional

Autor do atentado contra Donald Trump postou sobre ataque dias antes em plataforma de jogos online

Seul afirma que Pyongyang colocou dezenas de milhares de minas na fronteira entre as Coreias

Mais na Exame