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Confrontos entre exército e Al Qaeda prosseguem

A ONU e organizações não governamentais advertiram que os civis não têm acesso a produtos de primeira necessidade devido ao bloqueio governamental

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 10h07.

Iraque - Os confrontos entre as as tropas iraquianas e os insurgentes que proclamaram a fundação de um "Estado islâmico" perto de Bagdá entraram nesta sexta-feira em sua segunda semana.

Homens armados se apoderaram na semana passada da cidade de Fallujah, a 60 km da capital, e de setores de Ramadi, a capital da província de Al-Anbar, e desalojá-los destas zonas pode levar várias semanas, segundo um funcionário americano de alto escalão.

Trata-se da primeira vez que os milicianos têm um controle declarado em grandes cidades desde o movimento insurgente que se seguiu à invasão de 2003, liderada pelos Estados Unidos.

A ONU e organizações não governamentais advertiram que os civis não têm acesso a produtos de primeira necessidade devido ao bloqueio governamental.

E Washington aumentou a pressão sobre o Iraque para que centre seus esforços na reconciliação política e nas operações militares para resolver esta situação.

A crise de Al-Anbar e o aumento da violência em nível nacional são algumas das maiores ameaças enfrentadas pelo primeiro-ministro Nuri al-Maliki desde que assumiu o cargo, a poucos meses da primeira eleição geral em quatro anos.

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch condenou os abusos de todas as partes em Al-Anbar, criticando as forças governamentais por terem lançado obuses de morteiro de forma indiscriminada contra urbanizações civis, e os milicianos por se mobilizarem e atacarem zonas habitadas.

"Aparentemente, métodos ilegais de luta de todas as partes deixaram vítimas civis e graves danos às propriedades", denunciou este grupo, cuja sede se encontra em Nova York.


A organização Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), vinculada à Al-Qaeda, teve uma participação ativa nos combates em Al-Anbar, assim como as tribos antigovernamentais.

Ao mesmo tempo, as forças de segurança recrutaram seus próprios aliados tribais nos combates que atingiram Al-Anbar por mais de dez dias.

Na sexta-feira passada, centenas de homens armados, alguns com bandeiras negras jihadistas, se reuniram para as orações no exterior de Fallujah (centro), onde um militante anunciou que "Fallujah é um Estado islâmico", segundo uma testemunha.

O Crescente Vermelho indicou que havia fornecido assistência humanitária a mais de 8.000 famílias em Al-Anbar, e que 13.000 pessoas fugiram do local.

O vice-presidente americano, Joe Biden, pediu que Maliki "continue os esforços do governo para se aproximar dos líderes locais, tribais e nacionais", depois da perda de Fallujah, segundo um comunicado da Casa Branca.

Um funcionário de alto escalão americano advertiu que resolver a crise pode levar várias semanas.

"Estamos encorajando um enfoque paciente e deliberado", declarou este funcionário, que pediu o anonimato. "Acredito que seria prudente pensar em semanas", acrescentou.

Um porta-voz militar iraquiano declarou que estava evitando atacar Fallujah por medo de provocar vítimas civis.

Uma ofensiva contra as cidades de maioria sunita seria uma teste significativo para as forças de segurança, que devem realizar uma operação importante sem o apoio das tropas americanas.

Também seria uma questão muito delicada politicamente, porque aumentaria as tensões já importantes entre a minoria árabe sunita e o governo liderado por xiitas.

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