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Comunidade internacional aumenta pressão sobre Assad

Autoridades se mostram cada vez mais convencidas de que governo sírio é responsável de um suposto ataque químico

Soldados do regime sírio em Jobar, arredores de Damasco, 24 de agosto de 2013 (AFP)

Soldados do regime sírio em Jobar, arredores de Damasco, 24 de agosto de 2013 (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2013 às 11h58.

Damasco - A comunidade internacional se mostra cada vez mais convencida de que as autoridades sírias são as responsáveis de um suposto ataque químico na quarta-feira na região de Damasco e, neste sentido, Estados Unidos e Reino Unido avaliam uma eventual operação militar contra o regime.

Enquanto o regime sírio insistiu no sábado que "nunca utilizou armas químicas", a comunidade internacional pressionava para que especialistas da ONU - na Síria, desde 18 de agosto para investigar outros casos similares - possam ter acesso rapidamente ao local dos fatos.

Neste domingo, o regime sírio aceitou que os inspetores da ONU investiguem imediatamente o suposto uso de armas químicas próximo a Damasco, segundo comunicado do Ministério sírio das Relações Exteriores.

"Um acordo foi concluído hoje em Damasco entre o governo sírio e as Nações Unidas durante a visita da Alta representante da ONU para o desarmamento, Angela Kane, para permitir que a equipe da ONU dirigida pelo professor Aake Sellström investigue as acusações de utilização de armas químicas na província de Damasco", informou o Ministério. O acordo "entra em vigor imediatamente", informou.

De forma excepcional, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, falou por telefone na quinta-feira com seu homólogo sírio Walid al Muallem e disse que "se o regime sírio, como proclama, não tem nada a ocultar, deveria autorizar um acesso imediato aos inspetores da ONU ao local", revelou no sábado à tarde um responsável do departamento de Estado.

O regime "continuou atacando a região afetada" para "bloquear o acesso e destruir as provas", disse Kerry, segundo este responsável.


O presidente francês, François Hollande, disse neste domingo que existe "um conjunto de indícios" que mostram que o ataque do dia 21 de agosto próximo a Damasco foi "de natureza química" e que "tudo leva a pensar" que o regime sírio é "responsável".

O presidente norte-americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, conversaram por telefone no sábado e expressaram "profunda preocupação (...) diante dos sinais cada vez mais importantes de que o regime sírio realizou um significativo ataque com armas químicas", explicou Downing Street.

"A utilização significativa de armas químicas merece uma resposta séria da comunidade internacional", considerou Londres.

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse neste domingo em Israel que "não seria compreensível se, a partir do momento onde os fatos estão estabelecidos, não houvesse uma forte reação da comunidade internacional".

O presidente israelense Simon Peres cumprimentou a França pela "clareza e coragem" de suas declarações e apelou à comunidade internacional para eliminar as armas químicas da Síria.

O secretário de Defesa norte-americano, Chuck Hagel, declarou que o Pentágono mobiliza forças para uma possível ação militar contra a Síria caso o presidente Barack Obama decida por esta opção.

Já o Irã, aliado do regime sério, alertou este domingo que se os Estados Unidos atravessarem "a linha vermelha" na Síria haverá "duras consequências".


Na frente jihadista Al Nosra, grupo próximo a Al Qaeda, prometeu neste domingo atacar as cidades alauítas, corrente do xiismo a qual pertence Bashar al-Assad, como vingança pelo "ataque químico" de quarta-feira próximo a Damasco. O grupo jihadista deu a entender que os ataques poderiam começar neste domingo.

Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), cerca de "3.600 pacientes com sintomas neurotóxicos" chegaram na quarta-feira a três hospitais da província de Damasco, dos quais 355 morreram, embora a ong não tenha podido "confirmar cientificamente a causa desses sintomas nem estabelecer a responsabilidade deste ataque".

Com base em informações médicas, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) contabilizou mais de 300 mortos por gás tóxico, entre eles uma dezena de rebeldes.

As autoridades sírias acusaram, no sábado, os rebeldes de ter utilizado gas tóxico em Khobar, na periferia de Damasco, para repelir uma ofensiva do exército.

A oposição rejeitou "em bloco" estas acusações, ao considerar que se tratava de "uma tentativa desesperada (do regime) para desviar a atenção de seus repetidos crimes".

O papa Francisco fez um pedido neste domingo para "fazer calar as armas" na Síria e solicitou à "comunidade internacional para encontrar uma solução", na oração dominical do Ângelus.

"Não é o enfrentamento que oferece perspectivas de esperança para resolver os problemas, mas sim a capacidade para se reunir e dialogar", acrescentou o papa.

Na terça-feira, a Liga Árabe se reunirá para "estudar o horrível crime de uso de armas químicas que custou a vida de centenas de inocentes", informou neste domingo o número um da organização, Ahmed Ben Hilli.

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