Temendo surto de coronavírus, Filipinos usam máscaras de proteção em missa. 09 de fevereiro de 2020. Ezra Acayan / Correspondente ; Getty Images (Ezra Acayan/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 9 de fevereiro de 2020 às 15h23.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2020 às 17h45.
São Paulo - O surto de coronavírus que infectou 8 mil pessoas e matou 800 em 12 países no começo dos anos 2000 levou nove meses para acabar. Chamada de Sars (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave), a doença foi encarada como a primeira transmissível grave do século XXI, e é semelhante à doença identificada em dezembro na China.
Apesar do menor grau de letalidade, o coronavírus de hoje, oficialmente chamado de 2019-nCov, já superou o total de infecções registradas pela Sars. Já são mais de 812 mortes confirmadas e 320 casos espalhados em 30 países e territórios.
Os cientistas ainda não conseguiram fazer uma vacina contra os coronavírus, que parecem estar em constante mutação. Isso significa que, como aconteceu no fim da epidemia de Sars em 2003, autoridades precisam encontrar uma forma de bloquear a disseminação da doença.
Apesar de o surto atual ainda não estar contido, o preparo da China e da OMS para lidar com eventos do tipo está mais avançado e ágil. Entre as lições aprendidas com a saga no passado, está a maior rapidez no reconhecimento da doença como um risco global.
As pesquisas que já estão sendo conduzidas em torno da vacina contra a Sars ou a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), outro tipo de coronavírus, também podem agilizar esse trabalho.
O número de contaminações registradas diariamente na China “está se estabilizando”, segundo a organização, que registra “um período de estabilidade de quatro dias”.
O primeiro alerta sobre o 2019-nCovfoi foi recebido pela OMS em 31 de dezembro de 2019. Um mês depois, a organização decretou emergência de saúde pública no mundo todo, em 30 de janeiro.
Acredita-se que a pneumonia atípica seja causada por um novo tipo de coronavírus transmitido por animais para humanos na província chinesa de Guangdong.
No caso da Sars, primeiro caso apareceu em novembro de 2002, também em Guangdon, mas só foi identificado três meses depois, em 11 de fevereiro de 2003. Naquele momento, já havia cinco mortes confirmadas pela China e 300 contaminações. Somente em 12 de março veio o alerta mundial da OMS.
O surto conseguiu ser controlado no mundo quatro meses depois, conforme comunicado da organização de 5 de julho. Economistas estimam que a Sars foi responsável por uma redução de 1% a 2% no crescimento econômico chinês em 2003.
Já chega a 0,6 ponto percentual a queda nas previsões para avanço do PIB chinês de 2020.
A linha cronológica da Sars (abaixo) mostra em detalhes o longo processo de combate à epidemia. As informações da linha do tempo foram compiladas em 2004 por um trabalho da Universidade portuguesa de Évora, intitulado "A primeira doença grave transmissível do séc. XXI".