Exame Logo

Comissário da ONU pede que conflito sírio seja levado ao TPI

Para Zeid, este é "um apocalipse proposital, planejado e executado por pessoas dentro do governo" e com apoio de "aliados estrangeiros"

Zeid Ra'ad al Hussein: comissário da ONU para os Direitos Humanos pediu o fim da "catástrofe" no país árabe (Beawiharta/Reuters)
E

EFE

Publicado em 7 de março de 2018 às 18h03.

Genebra - O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos , Zeid Ra'ad al Hussein, solicitou mais uma vez à comunidade internacional nesta quarta-feira que denuncie os graves crimes cometidos no conflito armado na Síria ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, e pediu o fim da "catástrofe" no país árabe.

"Este mês é Ghouta Oriental, que é, nas palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, o inferno na terra. Porém, no mês que vem, e no seguinte, serão outros os lugares onde os sírios enfrentarão um apocalipse", afirmou Zeid na apresentação de seu relatório anual na 37ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.

Veja também

Para Zeid, este é "um apocalipse proposital, planejado e executado por pessoas dentro do governo e, aparentemente, com pleno apoio de alguns de seus aliados estrangeiros", em referência ao apoio oferecido por Rússia e Irã ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad.

"É urgente reverter este curso catastrófico (da guerra) e levar a Síria ao TPI ", opinou o jordaniano, algo que ele vem pedindo com insistência há muito tempo.

Zeid lembrou que, além do "massacre" em Ghouta Oriental, o principal reduto opositor nos arredores de Damasco, a intensificação da violência na província de Idlib pôs em risco 2 milhões de pessoas, e a ofensiva turca no distrito curdo de Afrin, no noroeste da Síria, também ameaça um grande número de civis.

Os sírios em Damasco, que é controlada pelo governo, também sofrem uma nova escalada de ataques terrestres, e a ofensiva contra alguns grupos extremistas resultaram em grande perda de vidas civis, indicou Zeid.

No conflito sírio, mais de 400 mil pessoas morreram e mais de 1 milhão ficaram feridas.

Mais de 11 milhões de sírios se viram obrigados a deixar seus lares e "dezenas de milhares" se encontram detidos, frequentemente em condições desumanas e sob tortura, e muitos outros são considerados desaparecidos.

O escritório de Zeid documentou mais de mil ataques aéreos e terrestres em 2017 e várias violações de direitos humanos "intoleráveis" cometidas por todas as partes no conflito: as forças governamentais, suas milícias aliadas, atores internacionais e grupos armados da oposição, além do Estado Islâmico (EI).

Quanto ao pretexto da luta contra o terrorismo, Zeid considerou "legalmente e moralmente insustentáveis as tentativas de justificar ataques indiscriminados e brutais contra centenas de milhares de civis com a necessidade de lutar contra poucas centenas de combatentes, como acontece em Ghouta Oriental ".

"Quando alguém está preparado para matar sua própria gente tão facilmente, também é fácil mentir. As alegações do governo sírio de que teria tomado todas as medidas para proteger a população civil são francamente ridículas", frisou o alto comissário.

Acompanhe tudo sobre:Conselho de Segurança da ONUDireitos HumanosSíria

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame