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Combates violentos continuam em Gaza, apesar das discussões 'construtivas' para nova trégua

Segundo autoridades de Israel, 132 reféns continuam detidos na Faixa de Gaza, 28 deles considerados mortos

Três soldados americanos morreram na Jordânia em um ataque de drone que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, atribuiu a grupos apoiados pelo Irã (AFP/AFP)

Três soldados americanos morreram na Jordânia em um ataque de drone que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, atribuiu a grupos apoiados pelo Irã (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 10h55.

Os combates violentos continuam, nesta segunda-feira, 29, na Faixa de Gaza, deixando pelo menos 140 mortos desde a véspera, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, enquanto o conflito se estende a novas fronteiras, e Israel fala em discussões "construtivas" para uma nova trégua.

Três soldados americanos morreram na Jordânia em um ataque de drone que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, atribuiu a grupos apoiados pelo Irã.

Esta é a primeira vez que soldados americanos morrem no Oriente Médio desde que eclodiu o conflito entre Israel e o Hamas, após os ataques cometidos pelo movimento islamista em solo israelense, em 7 de outubro.

Também ocorre no meio de uma grave disputa entre Israel e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), que ameaça a existência da agência, assim como a ajuda vital que presta aos palestinos em Gaza e na Cisjordânia ocupada.

Tanto as Nações Unidas como a Organização Mundial de Saúde (OMS) instaram os países doadores a garantir a continuidade da ajuda, apesar do suposto envolvimento de funcionários da UNRWA no ataque do Hamas em 7 de outubro. Vários Estados doadores importantes suspenderam seu financiamento à UNRWA após estas denúncias.

Discussões "construtivas"

O ataque sem precedentes lançado pelo Hamas em 7 de outubro matou cerca de 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista - considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e UE - e lançou uma vasta operação militar em Gaza, que deixou 26.422 mortos, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde do Hamas, divulgado no domingo.

Na frente diplomática, o diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA, na sigla em inglês), William Burns, reuniu-se no domingo em Paris com autoridades do Egito, Israel e Catar, os principais mediadores do conflito.

Israel mencionou discussões "construtivas". Em um comunicado, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que ainda há "discrepâncias" e que novas negociações são esperadas nos próximos dias.

Uma fonte de segurança confirmou à AFP que o presidente Biden enviou Burns para tentar negociar a libertação dos últimos reféns israelenses detidos pelo Hamas em troca de um cessar-fogo.

Catar, Egito e Estados Unidos negociaram a primeira trégua, que se concretizou no final de novembro com a libertação de uma centena de reféns, das 250 pessoas sequestradas em Israel no dia 7 de outubro, em troca de prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses.

Segundo autoridades de Israel, 132 reféns continuam detidos na Faixa de Gaza, 28 deles considerados mortos.

O jornal americano The New York Times informou que o projeto de acordo envolveria uma trégua de dois meses e a libertação de todos os reféns, assim como a libertação de prisioneiros palestinos de Israel.

"Prestar contas"

Nesta segunda-feira, o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, disse que pelo menos 140 pessoas morreram durante bombardeios noturnos em Khan Yunis, na Cidade de Gaza e outras áreas. Entre os mortos estão 20 membros da família Al-Mutwi, atingidos por um ataque aéreo, conforme a mesma fonte.

O Exército israelense indicou que seus soldados, apoiados por tanques, "enfrentaram e mataram dezenas de terroristas armados durante os combates no centro de Gaza", onde foram encontradas grandes quantidades de armas.

Em Khan Yunis, considerado um reduto do movimento islamista, as tropas israelenses realizaram incursões contra "alvos terroristas" e "localizaram armas e equipamento militar dentro de uma residência de terroristas do Hamas".

No domingo, houve combates principalmente em torno dos hospitais Nasser e Al Amal, que agora funcionam parcialmente e acolhem milhares de refugiados.

Mais de 1,3 milhão de habitantes de Gaza deslocados pelo conflito, segundo a ONU, estão concentrados em Rafah, no extremo-sul do território perto da fronteira fechada com o Egito.

Do lado israelense, os manifestantes bloquearam a entrada de caminhões de ajuda humanitária na passagem de Kerem Shalom, perto de Rafah, no domingo, exigindo que a ajuda não chegue a Gaza até que os reféns sejam libertados.

Ao mesmo tempo, vários ministros de extrema direita e aliados de Netanyahu se juntaram aos milhares de israelenses que se manifestaram na tarde de domingo em Jerusalém. Eles pediram o restabelecimento das colônias judaicas na Faixa de Gaza. Israel tomou o território em 1967, antes de retirar suas tropas e colonos do enclave em 2005.

Em um contexto regional explosivo, três militares americanos morreram, e 25 ficaram feridos, em um ataque de drones no nordeste da Jordânia, perto da fronteira com a Síria, anunciaram os Estados Unidos no domingo, atribuindo o ataque a grupos pró-iranianos. Teerã nega qualquer envolvimento.

"Não tenham dúvidas: faremos com que todos os responsáveis prestem contas, quando e como quisermos", lançou o presidente Joe Biden durante uma visita à Carolina do Sul.

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