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Combates em Mianmar deixaram quase 400 mortos

No total, 27.400 pessoas entraram em Bangladesh desde a sexta-feira passada e 20.000 delas estão retidas na fronteira, de acordo com a ONU

Refugiados Rohingya: a violência provocou uma nova fuga da minoria muçulmana (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)

Refugiados Rohingya: a violência provocou uma nova fuga da minoria muçulmana (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de setembro de 2017 às 18h17.

O exército de Mianmar anunciou nesta sexta-feira que a luta contra os rebeldes muçulmanos no noroeste do país deixou quase 400 mortos em uma semana, principalmente combatentes rohingyas.

A violência provocou uma nova fuga da minoria muçulmana. No total, 27.400 pessoas entraram em Bangladesh desde a sexta-feira passada e 20.000 delas estão retidas na fronteira, de acordo com a ONU.

O exército birmanês anunciou em seu Facebook que "os corpos de 370 terroristas foram encontrados" e que 15 soldados e 14 civis morreram nas operações.

O último balanço fornecido há alguns dias falava de 110 mortos.

Paralelamente, várias organizações acusaram o exército de ter cometido uma nova matança na localidade de Chut Pyin.

A ONG local Fortify Rights obteve o relato de sobreviventes que falam de uma chacina que teria durado cinco horas.

Chris Lewa, do projeto Arakan, organização de defesa dos direitos dos rohingyas, disse à AFP "que forças de segurança acompanhadas por colonos da etnia rakhine atacaram no domingo o povoado, queimaram casas e atiraram contra os rohingyas que fugiam".

"Segundo uma lista que pudemos estabelecer, 130 pessoas morreram, entre elas mulheres e crianças", acrescentou.

Uma área fechada

Essa região está fechada desde outubro e nenhum jornalista pode chegar a ela de forma independente. O governo de Mianmar, contactado pela AFP, não respondeu.

Em sua conta do Facebook, no começo da semana o governo se referiu a uma grande operação na área.

"As tropas trocaram tiros com 80 terroristas bengalis (termo utilizado pelas autoridades para designar os rohingyas) armados com bombas caseiras, facas e lanças", afirmou o Executivo, dirigido pela ex-dissidente e prêmio Nobel da paz Aung San Suu Kyi.

Os combates começaram no dia 25 de agosto, quando centenas de homens, que fariam parte do Arakan Rohingya Salvation Army (ARSA), atacaram várias delegacias de polícia do estado de Rakhine (Mianmar), dando lugar aos maiores episódios violentos há meses.

Os confrontos levaram milhares de civis, principalmente membros da minoria rohingyas, perseguida, a abandonar suas casas.

Mais de 400.000 rohingyas se encontram em Bangladesh, um país que não quer mais acolhê-los e que fechou sua fronteira com Mianmar.

Os rohingyas, muçulmanos sunitas, falam um dialeto de origem bengali utilizado no sudeste de Bangladesh, de onde são originários.

Quase um milhão deles moram em Mianmar, país majoritariamente budista, boa parte nos campos de refugiados, principalmente no estado de Rakhine, no noroeste do país.

A enviada especial das Nações Unidas em Mianmar, Yanghee Lee, expressou sua preocupação na última quinta-feira, declarando-se "gravemente preocupada" pela situação e exigindo que se "rompa urgentemente" o ciclo de violência.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu igualmente "moderação" às forças de segurança diante do risco de uma "catástrofe humanitária".

Por sua vez, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chamou a violência de "genocídio" e assegurou que quer levar o caso à Assembleia Geral da ONU este mês.

"Os que fecham os olhos para o genocídio cometido sob o disfarce de democracia são seus colaboradores", declarou em um discurso em Istambul.

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