Mundo

Com Yellen e Biden, estímulo trilionário nos EUA agora sairá do papel?

Após algum tempo de silêncio, líderes do Congresso americano voltaram a negociar opções para um pacote de estímulo que é aguardado pelo mercado

Janet Yellen, escolhida por Biden para ser secretária do Tesouro: nome foi bem visto pelo mercado e pode ajudar no consenso com republicanos (Win McNamee/Getty Images)

Janet Yellen, escolhida por Biden para ser secretária do Tesouro: nome foi bem visto pelo mercado e pode ajudar no consenso com republicanos (Win McNamee/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 06h37.

Última atualização em 2 de dezembro de 2020 às 14h29.

O líder republicano no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, voltou a falar nesta terça-feira sobre passar um novo pacote de estímulos à economia ainda em dezembro. A notícia animou os mercados, uma vez que as conversas tinham praticamente sido paralisadas em virtude da eleição americana.

Nos últimos meses, republicanos (que controlam o Senado) e democratas (que controlam a Câmara) têm tido dificuldade em chegar a um consenso sobre o novo estímulo para a economia americana, após os mais de 3 trilhões de dólares já empregados no começo da crise da covid.

Ambos os lados avaliam que o novo pacote é necessário, mas o diabo está nos detalhes (ou nos valores). Embora os debates nos bastidores ontem sejam opções parecidas com as já rejeitadas anteriormente, novos fatores como a transição do governo Biden e o avanço cada vez mais persistente da covid-19 pelo interior dos EUA podem levar a uma nova leva de negociações mais positiva por parte dos congressistas.

O próprio Biden se pronunciou nesta semana afirmando que o Congresso deve passar o pacote o mais rapidamente possível. “Neste momento, todo o Congresso deve se reunir e aprovar um pacote robusto de alívio para atender a essas necessidades urgentes”, disse.

Ao menos três sugestões pipocaram nas negociações no Congresso americano ontem. A nova sugestão de McConnel, agora, foi incluir recursos contra o coronavírus junto com um pacote de 1,4 trilhão de dólares para financiar agências federais (que, se não passar rapidamente, levará o governo a um shutdown, um bloqueio do governo diante de falta de orçamento, uma discussão que é comum anualmente nos EUA; daí a escolha por um incluir as polêmicas medidas anti-covid no mesmo bolo).

O plano seria incluir mais de 330 bilhões de dólares em empréstimos a pequenos negócios. O senador tem defendido até 500 bilhões de dólares nesse novo pacote, mas é um valor parecido justamente ao que vem sendo rejeitado no Congresso há meses pelos democratas da Câmara.

os líderes democratas no Senado e na Câmara, Chuck Schumer e Nacy Pelosi, também procuraram McConnel na busca por novas formas de conciliar e fechar um acordo, algo que não acontecia há algum tempo. Os detalhes da conversa não foram divulgados. Os democratas defenderam nos últimos meses um pacote de mais de 2 trilhões de dólares, rejeitado pelos republicanos e pelo governo do presidente Donald Trump.

Por fim, também na terça-feira, um grupo bipartidário de senadores e deputados sugeriu um pacote maior que o dos republicanos, mas não tanto quanto o dos democratas: de 908 bilhões de dólares, que teria medidas de auxílio a negócios, algumas novas parcelas de auxílio a desempregados, companhias aéreas e outras indústrias.

Dos 3 trilhões de dólares em medidas de combate aos efeitos do coronavírus já investidos no começo deste ano, foram fornecidos auxílio a pessoas físicas desempregadas, crédito a empresas e investimento para compra de equipamentos médicos.

Pela parte do governo Trump, até então, as negociações do novo pacote tinham ficado a cargo do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. A partir de janeiro, no novo governo Biden, quem assume é a ex-presidente do Fed (banco central americano), Janet Yellen.

Seu nome foi bem visto pelo mercado. Em discurso nesta segunda-feira para a apresentação de sua indicação oficialmente, Yellen disse que é preciso agir com "urgência" contra os impactos econômicos da crise. Ao reiterar como a pandemia intensificou a desigualdade social, de raça e de gênero disse que "precisamos ter certeza de que a recuperação econômica incluirá todo mundo”. Ao apresentar a equipe econômica, Biden também prometeu outras medidas para amenizar o impacto da crise.

O que esperar da economia para o final do ano? Assista no Questão Macro, programa da Exame Research e do jornalismo da EXAME, todas as quartas às 13h30. 

yt thumbnail

 

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Joe Biden

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado