Farc: em Arauca (leste), foram encontrados "1.473 hectares avaliados em 5 bilhões de pesos" (Jaime Saldarriaga/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 21h59.
A Justiça da Colômbia anunciou nesta quinta-feira o congelamento de bens avaliados em 98,2 milhões de dólares, pertencentes à guerrilha das Farc, que implementa com o governo de um pacto de paz assinado em novembro passado.
"Congelamos, para fins de extinção de domínio, bens em um valor próximo a 282 bilhões de pesos (98,2 milhões de dólares) em (...) prédios de influência das dissidências e ex-combatentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (marxistas)", disse o procurador Néstor Humberto Martínez em coletiva de imprensa.
Martínez assegurou que este resultado foi produto de um trabalho conjunto com o Exército, a Polícia e autoridades administrativas, que durou "vários meses" e "que conseguiu identificar igualmente bens produto de atividades ilícitas como o narcotráfico", desenvolvidas por alguns membros da guerrilha dissidentes de frentes como 7, 10, 40 e o "Acacio Medina".
As operações foram realizadas em quatro departamentos (estados), entre eles Vichada, leste do país, onde foram identificados "6 imóveis e 4 sociedades avaliadas em 6 bilhões de pesos" (uns US$ 2 milhões), que se dedicavam à mineração ilegal.
Enquanto isso, em Arauca (leste), foram encontrados "1.473 hectares avaliados em 5 bilhões de pesos" (1,7 milhão de dólares).
Martínez também disse que no sul do departamento de Bolívar se identificaram "260 mil hectares de prédios rurais que foram aproveitados historicamente pela frente 24 (das Farc)" para a exploração de cultivos ilícitos, terras que têm um valor de "cerca de 260 bilhões de pesos" (90 milhões de dólares).
Além disso, no centro do país, no departamento (estado) de Meta, as autoridades encontraram 11 prédios por um valor aproximado de "4 bilhões de pesos" (1,4 milhão de dólares), nos municípios de La Uribe e Mesetas, zonas próximas à concentração das Farc para iniciar seu processo de desarmamento e retorno à vida civil.
O procurador apontou que o artigo 41 da lei de anistia, aprovada em dezembro pelo Congresso para rebeldes apontados unicamente pela prática de crimes políticos e que faz parte da implementação do acordo de paz, diz que as autoridades podem realizar ações "contra os bens ilícitos" dos ex-combatentes e dissidentes da guerrilha.