Mundo

China vai acelerar vacinação entre idosos após protestos contra confinamentos

Apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de vacinação completo no país

Covid na China: apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de vacinação completo no país (Tyrone Siu/Reuters)

Covid na China: apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de vacinação completo no país (Tyrone Siu/Reuters)

A

AFP

Publicado em 29 de novembro de 2022 às 06h58.

Última atualização em 29 de novembro de 2022 às 08h15.

A China anunciou nesta terça-feira, 29, que vai acelerar a vacinação entre os idosos contra a covid-19, dois dias após as manifestações históricas contra as restrições no país e em um momento de grande presença policial nas ruas, o que impediu novos protestos.

A Comissão Nacional da Saúde prometeu em um comunicado "acelerar o aumento da taxa de vacinação das pessoas com mais de 80 anos e continuar aumentando a taxa de vacinação de pessoas de 60 a 79 anos".

Quer receber os fatos mais relevantes do Brasil e do mundo direto no seu e-mail toda manhã? Clique aqui e cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

Apenas 65,8% das pessoas com mais de 80 anos estão com o esquema de vacinação completo no país, informaram diretores da Comissão.

A limitada cobertura de vacinação entre os idosos é um dos argumentos do governo comunista para justificar sua política de saúde rígida, que inclui confinamentos prolongados, quarentenas no momento da chegada do exterior e testes praticamente diários para a população.

O avanço nas taxas de vacinação poderia oferecer à China uma saída para sua política de "covid zero".

Em vigor há quase três anos, esta política foi alvo da revolta popular em manifestações durante o fim de semana, as maiores no país desde o movimento pró-democracia de 1989.

A frustração de muitos com o sistema político chinês também influencia os protestos.

Alguns manifestantes chegaram a pedir a renúncia do presidente Xi Jinping, que conquistou recentemente o terceiro mandato.

O elemento que desencadeou os protestos foi o incêndio da semana passada em um prédio de Urumqi, capital da região de Xinjiang (noroeste), que deixou pelo menos 10 mortos. Muitos chineses afirmam que os trabalhos dos bombeiros foram prejudicados pelas restrições provocadas pela estratégia "covid zero", o que o governo de Pequim negou na segunda-feira.

LEIA TAMBÉM:

Grande presença policial

Após os protestos do fim de semana em várias cidades do país, outras manifestações estavam previstas para segunda-feira à noite, mas a forte presença policial nas ruas impediu qualquer evento, segundo os correspondentes da AFP em Pequim e Xangai.

Na cidade de Xangai, perto do local onde aconteceram protestos no fim de semana, os proprietários dos bares afirmaram à AFP que receberam ordens para fechar as portas às 22H00 sob a alegação de "controle da epidemia".

Policiais também estavam posicionados nas saídas das estações de metrô.

Jornalistas da AFP observaram o momento em que agentes prenderam quatro pessoas e depois liberaram uma. Um repórter viu 12 viaturas policiais em 100 metros ao longo da rua que concentrou os protestos de domingo.

"Hoje a atmosfera é nervosa. Há muitos policiais", disse um homem de 30 anos à AFP no final da tarde em Xangai.

LEIA TAMBÉM: Ucrânia prevê novos ataques russos durante a semana

As autoridades de Pequim impediram novos protestos na segunda-feira com a grande presença de policiais nas ruas.

Porém, manifestações foram organizadas em outras localidades. Em Hong Kong, dezenas de estudantes se reuniram para para prestar homenagem às vítimas do incêndio em Urumqi.

"Não desviem o olhar, não esqueçam", gritaram os manifestantes.

Em Hangzhou, quase 170 quilômetros ao sudoeste de Xangai, pequenos protestos foram registrados em meio ao intenso esquema de segurança no centro da cidade.

"As autoridades aproveitam o pretexto da covid, mas utilizam os confinamentos excessivamente rígidos para controlar a população chinesa", declarou à AFP um manifestante de 21 anos que revelou apenas o sobrenome, Chen.

A sombra da covid

O governo chinês insiste na política de 'covid zero', mas há sinais de que as autoridades locais pretendem flexibilizar algumas regras para conter os protestos.

Em Urumqi, um funcionário do governo local disse que a cidade pagaria 300 yuanes (42 dólares) a cada pessoa "de baixa renda ou sem renda garantida" e anunciou uma moratória de cinco meses no aluguel para algumas famílias.

Em Pequim foi proibido fechar com cadeado os portões das áreas residenciais, informou no domingo a agência estatal Xinhua. A prática desencadeou uma revolta por deixar as pessoas trancadas diante de pequenos surtos de contágio.

Um influente analista político da imprensa estatal indicou que os controles contra a covid serão ainda mais reduzidos e que a população "ficará tranquila em breve".

LEIA TAMBÉM: Pequim reforça presença policial após protestos contra política 'covid zero'

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírusProtestos

Mais de Mundo

Após ser atingido por ciclones e terremotos em um mês, Cuba recebe ajuda internacional

Bruxelas diz que negociação com Mercosul está progredindo, mas não dá prazo para conclusão

EUA criticam mandados de prisão da Corte de Haia contra Netanyahu e ex-ministro

Em autobiografia, Angela Merkel descreve Trump como alguém 'fascinado' por autocratas