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China mantém silêncio no aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial

Para evitar comemorações de qualquer tipo, a praça amanheceu hoje rodeada por fortes medidas de segurança

Policiais na Praça da Paz Celestial de Pequim (Mark Ralston/AFP)
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EFE

Publicado em 4 de junho de 2019 às 16h17.

Última atualização em 4 de junho de 2019 às 16h53.

Pequim — No dia do 30° aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, a imprensa oficial preferiu informar sobre os progressos econômicos e sociais do país, assim como os governantes, que praticamente não fizeram referência a uma das maiores tragédias da história da China .

O único meio de comunicação que fez alguma referência nesta terça-feira ao fato histórico foi o " Global Times ", que publicou declarações do pesquisador da Universidade Fudan, Zhang Weiwei, que disse que a "China teria seguido o caminho da União Soviética e afundado" se os líderes chineses "não tivessem tomado duras decisões para salvaguardar a estabilidade do país há 30 anos".

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"O tremendo êxito (econômico do país asiático) mostra que a decisão tomada foi correta", afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, durante sua entrevista coletiva diária.

"Preservou a estabilidade da China e seu entorno, e o povo continuará avançando pela caminho do socialismo com caraterísticas chinesas", acrescentou Geng.

De qualquer maneira e para evitar comemorações de qualquer tipo, a praça de Tiananmen (Praça da Paz Celestial) amanheceu hoje rodeada por fortes medidas de segurança, com dezenas de veículos policiais e agentes nos arredores - muito mais do que os habituais.

Trinta anos depois, não eram tanques do exército, mas viaturas policiais as que rodeavam a praça, e os únicos estudantes visíveis eram aqueles estrangeiros que queriam visitar o icônico local que deu nome a um massacre que, no entanto, se estendeu por vários distritos da cidade e acabou com, pelo menos, várias centenas de vidas.

Neste dia, há 30 anos, ocorreu a sangrenta batalha final de várias semanas de protestos a favor de uma reforma política e contra a corrupção institucional, nas quais as posturas de estudantes e do governo se radicalizaram progressivamente.

Hoje, qualquer esforço de protesto é silenciado com rapidez e, além disso, como costuma acontecer a cada vez que há uma reunião sensível em Pequim, a censura cibernética se intensifica. Este 4 de junho, assim como os dias anteriores, não foi uma exceção.

Dessa forma, as conexões de rede virtual (VPN, rede privada virtual paga que simula uma conexão à internet de países com acesso livre para burlar o bloqueio chinês) deixaram de funcionar, por exemplo.

Outras medidas frequentes nos aniversários deste tipo também foram postas em funcionamento para a ocasião: como acontece, por exemplo, a cada ano durante a reunião da Assembleia Nacional Popular, alguns ativistas foram obrigados a tirar "férias forçadas".

O caso do ativista Ou Biaofeng foi especialmente chamativo, já que as autoridades o enviaram desta vez a Yunnan, na outra ponta do país.

Com um episódio histórico de tal calibre silenciado na China, as vozes críticas foram limitadas ao âmbito privado e ao exterior.

Na União Europeia, a vice-presidente e alta representante de Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, condenou o episódio e pediu a Pequim que assuma responsabilidades e respeite àqueles que querem lembrar a data.

Além disso, convidou o governo chinês a colocar em prática as recomendações sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial que o Comitê contra a Tortura da ONU emitiu em fevereiro de 2016.

Por sua vez, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, acusou Pequim de querer "ocultar a verdade" sobre o ocorrido na Praça da Paz Celestial, onde as dimensões da barbárie militar ainda são desconhecidas, embora diferentes fontes falem de várias centenas e de até milhares de mortos.

"Para um país ser civilizado ou não depende de como o governo trata as pessoas e como enfrenta os erros do passado", disse Tsai em seu perfil no Facebook.

O texto está acompanhado de um desenho no qual é possível ver a presidente participando de uma vigília, com a mensagem: "A liberdade é como o ar, só pode sentir sua existência quando não pode respirar. Não se esqueça de 4 de junho".

Tanto hoje como nas semanas anteriores ao aniversário, várias organizações defensoras dos direitos humanos realizaram apelos para que haja justiça e se deixe de criminalizar as vítimas da repressão e para que Pequim assuma as responsabilidades correspondentes.

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