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Chile, Espanha, Reino Unido e outros países têm sábado de protestos

Hong Kong e Líbano também registraram tumultos nas ruas; no Chile, população reivindica desde esta sexta-feira a revogação do aumento das passagens do metrô

Protestos em Barcelona: Tribunal condenou nove líderes do movimento separatista a penas de até 13 anos de prisão (Jon Nazca/Reuters)

Protestos em Barcelona: Tribunal condenou nove líderes do movimento separatista a penas de até 13 anos de prisão (Jon Nazca/Reuters)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 19 de outubro de 2019 às 17h17.

Última atualização em 19 de outubro de 2019 às 17h55.

São Paulo — Este sábado (19) foi de protestos ao redor do mundo, cada um por um motivo. Pelo menos cinco países tiveram suas populações nas ruas.

No Reino Unido, manifestantes principalmente contra a saída do país da União Europeia foram para a frente do parlamento britânico criticar o chamado Brexit.

Do lado de dentro, os parlamentares da Câmara dos Comuns decidiram impedir a saída da União Europeia sem que um acordo seja votado. Como a votação da saída deveria acontecer neste sábado, na prática o primeiro-ministro Boris Johnson precisará pedir uma extensão de prazo para o Brexit, o que vai contra a sua vontade.

Chile

No Chile, manifestantes foram às ruas contra aumentos nas passagens do metrô de Santiago. Nesta sexta, a população já havia ido às ruas, levando o governo a decretar "estado de emergência" e ordenado a presença de militares nas ruas da capital.

Milhares de pessoas participaram de um panelaço neste sábado (19) na capital e em outras cidades do Chile. No centro de Santiago e bairros  de classe média como Ñuñoa, Providencia e Maipú, moradores batendo em panelas em apoio ao movimento contrário ao aumento das passagens do metrô.

Em outras regiões e cidades como Valparaíso e Viña del Mar também ocorreram manifestações com milhares de pessoas gritando palavras de ordem contra o presidente Sebastián Piñera mas sem causar tumulto.

O protesto que inicialmente era sobre o reajuste no preço da passagem do metrô logo derivou para reclamação contra o modelo econômico do país, onde o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, contra a desigualdade social, contra os baixos valores das aposentadorias e a alta dos serviços básicos, entre outras críticas ao presidente Sebastián Piñera.

Convocados inicialmente pelas redes sociais, os protestos começaram por conta do aumento nos bilhetes do metrô, que passaram de 800 para 830 pesos (cerca de 4,80 reais) nos horários de pico. Desde 2010, não havia um reajuste dessa proporção. Segundo informações oficiais, o acerto foi feito por conta da alta do preço do petróleo e dólar e na modernização do sistema.

Chile: Em estado de emergência, soldados patrulham as ruas de Santiago

Chile: Em estado de emergência, soldados patrulham as ruas de Santiago (Edgard Garrido/Reuters)

Barcelona

Milhares de separatistas participam de uma manifestação neste sábado (19) em meio a um ambiente tenso em Barcelona, palco de violentos distúrbios desde que o Tribunal Supremo condenou na segunda-feira passada nove líderes do movimento a penas de até 13 anos de prisão por seu papel na tentativa frustrada de secessão.

Na mesma região no centro da cidade turística espanhola onde ocorreram confrontos na noite de sexta-feira, os manifestantes se reuniam convocados pela esquerda radical separatista e outros grupos que apoiam o movimento.

Líbano

Milhares de libaneses se protestaram neste sábado, pelo terceiro dia consecutivo, contra o aumento de impostos e para criticar uma classe política que consideram corrupta, depois que as forças de segurança prenderam dezenas de pessoas.

Durante a manhã o exército liberou as estradas que os manifestantes haviam bloqueado com barricadas, mas eles rapidamente construíram outras.

Uma equipe de voluntários limpava as imediações do Parlamento do rastro de destruição deixado na véspera, enquanto alguns manifestantes gritavam "revolução".

Em um comunicado, o exército pediu que os manifestantes atuem de maneira pacífica, sem atacar os bens públicos e privados".

De acordo com as forças de segurança, 70 pessoas foram detidas.

Mas durante a tarde todo os detidos de um dos principais quartéis da polícia da capital foram liberados, segundo a Agência Nacional de Informação (ANI).

Antes do anúncio da liberação, o pai de um detido tentou atear fogo ao corpo diante do edifício das forças de segurança.

As manifestações começaram após o anúncio na quinta-feira pelo governo de um imposto sobre ligações feitas por aplicativos de mensagem pela internet.

As autoridades desistiram da medida após a pressão popular, mas a irritação foi canalizada para a situação econômica e política em geral.

O protesto alcançou alguns redutos do poderoso movimento xiita Hezbollah e de seu aliado, o partido Amal.

O líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah, fez seu primeiro pronunciamento neste sábado. "Não queremos que o governo renuncie se esta saída significa que não há governo", declarou, antes de pedir aos libaneses a trabalhar juntos.

Nas últimas semanas, a tensão aumentou no Líbano, onde o agravamento da situação econômica, com o temor de desvalorização da moeda e escassez de dólares nos mercados de câmbio.

As escolas, universidades, bancos e instituições públicas permaneceram fechadas na sexta-feira.

O primeiro-ministro Saad Hariri deu prazo até segunda-feira para que os aliados na coalizão - muito dividida - respaldem um pacote de reformas que pretende dar solidez às finanças do governo e garantir o pagamento de vários empréstimos e doações.

Hong Kong

Um homem que carregava panfletos a favor do movimento pró-democracia de Hong Kong foi esfaqueado no pescoço e no abdômen neste sábado, no segundo incidente desse tipo em menos de uma semana.

A vítima, de 19 anos e que usava uma máscara e vestia uma roupa preta, foi apunhalado no distrito de Tai Po (nordeste) perto de um "Lennon Walls", uma das várias paredes e muros em locais públicos cobertos por mensagens de paz e de apoio ao movimento pró-democracia, informou a polícia, acrescentando que o jovem ferido foi levado para um hospital.

Em imagens publicadas em redes sociais, é possível ver o suposto agressor portando uma faca ensanguentada pouco depois do ataque gritando: "Hong Kong é parte da China [...] [Vocês] arruinaram Hong Kong".

A polícia confirmou que um indivíduo de 22 anos foi preso.

"O homem veio correndo em direção ao meu amigo e o esfaqueou no pescoço. Então meu amigo tentou fugir, mas ele caiu e foi esfaqueado no abdômen", disse uma testemunha à imprensa local.

Os "Lennon Walls", cobertos com bilhetes e cartazes coloridos, estão espalhados por centenas de locais em Honk Kong, como estações de metrô e passagens subterrâneas para pedestres. Receberam esse nome em referência a um famoso muro em Praga, na República Checa, chamado Lennon Wall ou John Lennon Wall, que desde a década de 1980 é preenchido com grafites inspirados no falecido músico, trechos de letras de músicas de seu grupo, os Beatles, e outras mensagens relacionadas a causas locais e globais

Há quatro meses, essa região semi-autônoma está passando por sua pior crise política desde que deixou de ser administrada pelo Reino Unido e passou a ficar sob às ordens da China em 1997, com protestos quase diários que exigem reformas democráticas e denunciam a crescente interferência de Pequim nos assuntos internos do território.

Enquanto isso, na Itália...

O líder ultraconservador italiano, Matteo Salvini, comandou uma manifestação neste sábado em Roma contra o governo, que reuniu mais de 100.000 pessoas e que ele apresentou como "o ato fundador" de sua reconquista do poder.

Vindos de todo o país, os partidários do líder da Liga (extrema-direita) chegaram à Cidade Eterna em oito trens especiais e 400 ônibus.

"Fizemos bem em deixar este governo", afirmou Salvini, após os discursos de vários líderes da extrema direita e do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

O ex-ministro do Interior e o líder da Liga, que em agosto rompeu com o Movimento 5 Estrelas (M5E), tendo que deixar o poder, tenta agitar as ruas para protestar contra o governo nascido da aliança entre o M5E e o Partido Democrático (PD, esquerda).

Seu partido tem atualmente entre 30% e 33% das intenções de voto e continua sendo o maior partido do país, seguido pelo M5E e pelo PD, com 18% e 20% cada um.

Para os organizadores se trata do "ato fundador" de um projeto que inclui diferentes forças de direita tendo em vista as próximas eleições.

Salvini acredita no desgaste do novo governo liderado por Giuseppe Conte, mais à esquerda, e que considera "ilegítimo". Ele faz campanha para voltar às urnas o mais rápido possível, antes do final da legislatura, previsto para 2023.

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