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Charles III inicia visita ao Quênia em meio a tensões sobre o passado colonialista britânico

A visita de quatro dias, que acontece antes do Quênia celebrar o 60º aniversário da sua independência da coroa britânica

Charles III: objetivo é "destacar a parceria forte e dinâmica entre o Reino Unido e o Quênia", afirmou a embaixada britânica em comunicado (AFP/AFP)

Charles III: objetivo é "destacar a parceria forte e dinâmica entre o Reino Unido e o Quênia", afirmou a embaixada britânica em comunicado (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 31 de outubro de 2023 às 11h24.

O rei Charles III e a rainha Camilla iniciaram, nesta terça-feira, 31, uma visita de Estado ao Quênia, ex-colônia britânica onde se multiplicam os pedidos para que o rei apresente um pedido de desculpas pelo passado do Reino Unido neste país do leste da África.

A visita de quatro dias, que acontece antes do Quênia celebrar o 60º aniversário da sua independência da coroa britânica, em dezembro, é a primeira de Charles III como rei a um país da Commonwealth.

Objetivo

O objetivo é "destacar a parceria forte e dinâmica entre o Reino Unido e o Quênia", afirmou a embaixada britânica em comunicado.

Mas a viagem de Charles, de 74 anos, e da rainha Camilla, de 76, permitirá evocar "os aspectos mais dolorosos da história comum do Reino Unido e do Quênia" nos anos anteriores à independência, segundo Buckingham.

Entre 1952 e 1960, mais de 10.000 pessoas morreram durante a revolta Mau Mau contra o poder colonial, uma das repressões mais sangrentas do império britânico, que também deixou 32 colonos mortos.

Depois de serem recebidos pelo casal presidencial queniano William e Rachel Ruto, Charles III e Camilla fizeram uma visita simbólica aos "Jardins da Liberdade" ("Uhuru Gardens" - "Uhuru" significa liberdade em suaíli) da capital.

O soberano depositou uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido neste local onde a bandeira queniana foi hasteada em dezembro de 1963, no lugar da "Union Jack" britânica.

- Desculpas públicas incondicionais -
No domingo, a ONG Comissão dos Direitos Humanos do Quênia (KHRC) pediu "ao rei, em nome do governo britânico, que apresente um pedido público incondicional e inequívoco de desculpas (...) pelo tratamento brutal e desumano infligido aos cidadãos quenianos durante todo o período colonial", entre 1895 e 1963.

A KHRC também pediu reparações "por todas as atrocidades cometidas contra diferentes grupos no país".

Após anos de processos judiciais, Londres concordou em 2013 em indenizar mais de 5.000 vítimas quenianas pelos abusos durante a insurreição Mau Mau.

O ministro das Relações Exteriores, William Hague, expressou então o "sincero pesar" do Reino Unido.

O casal real ficará em Nairóbi por dois dias. O programa inclui encontros com empresários, jovens, um banquete de Estado e uma visita a um novo museu dedicado à história do Quênia.

Depois, viajará para a cidade portuária de Mombaça (sul), onde Charles III – comprometido com as questões ambientais – visitará uma reserva natural e se reunirá com representantes religiosos.

Ele não viajará para Nanyuki, onde fica a sede da Unidade de Treinamento do Exército Britânico no Quênia (Batuk), em meio a controvérsias recorrentes entre acusações de estupro, assassinato e a presença de munições não detonadas que mutilam as populações locais.

Após visitas de Estado à Alemanha e depois à França, marcando o desejo de Londres de se aproximar dos seus aliados europeus, Charles III voltou-se para a Commonwealth.

Este vestígio do império britânico, que reúne 56 países – na sua maioria ex-colônias britânicas – está enfraquecido pelas críticas cada vez mais vivas ao passado colonialista do Reino Unido.

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