O ministro das relações exteriores, Mauro Vieira (Creative Commons)
Agência de notícias
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 11h10.
Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 11h15.
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados desta quarta-feira, o chanceler Mauro Vieira admitiu que houve perda do dinamismo nas relações com a Venezuela. Contudo, ele deixou claro que o Brasil não pretende romper com o país caribenho.
Vieira defendeu o diálogo e citou o Barão do Rio Branco, referência na diplomacia brasileira na resolução de conflitos.
"Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa, de forma alguma, que o Brasil deve romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento, como bem ensinou o Barão do Rio Branco, as a chave para qualquer solução pacífica na Venezuela", afirmou o ministro das Relações Exteriores.
Brasil e Venezuela estão em crise desde meados deste ano, após a eleição de 28 de julho, quando o presidente Nicolás Maduro foi proclamado vitorioso pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Porém, não foram apresentadas provas mostrando que Maduro vencera o oposicionista Edmundo González.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não reconheceu o resultado do pleito e ainda barrou o ingresso do país vizinho no Brics, em uma reunião de cúpula na Rússia. Maduro, que esteve no evento e saiu de mãos vazias passou a criticar Lula, o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim, e o Itamaraty como um todo.
"As relações pacíficas e respeitosas com nossos 12 vizinhos são um patrimônio da política externa brasileira", disse Mauro Vieira.
O chanceler de Lula lembrou que o Brasil foi "garante", uma espécie de fiador, do Acordo de Barbados, firmado, no fim do ano passado, entre representantes de Maduro e da oposição. Ficou acertado que as eleições que ocorreriam em 2024 seriam livres, transparentes e aceitas por todos. Parte da comunidade internacional não reconhece o resultado.
Vieira afirmou que o Brasil trabalha com profissionalismo, parcimônia e cautela. Disse que as relações entre os dois países é de Estados. "O Brasil reconhece Estados, e não governos", ressaltou.