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Cessar-fogo no leste da Ucrânia é colocado à prova

A UE impôs a Moscou quatro condições que devem ser cumpridas até segunda-feira à tarde

Ucrânia espera ações da Rússia para fortalecer o cessar-fogo com os rebeldes (Shamil Zhumatov/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2014 às 13h28.

A Ucrânia esperava neste sábado ações concretas da Rússia para fortalecer o frágil cessar-fogo com os rebeldes decretado no leste do país, que foi prorrogado por três dias, na esperança de iniciar um diálogo para a paz.

Os líderes da União Europeia, que na sexta-feira assinaram um acordo de associação histórico com a Ucrânia, para o descontentamento de Moscou, também exigiram que a Rússia adote até segunda-feira medidas para acabar com a insurgência separatista pró-russa, sob pena de novas sanções.

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O ministro russo da Economia, Alexei Oulioukaev, advertiu neste sábado que novas sanções poderiam ter "sérias consequências" para o crescimento do país.

De acordo com o cenário mais pessimista, "o crescimento econômico poderia entrar em território negativo: as taxas de investimento atingiriam níveis ainda mais negativos, a receita cairia, a inflação aumentaria e as reservas estatais diminuíram", afirma.

No campo de batalha, o Exército, que na quinta-feira denunciou "violações em massa" do cessar-fogo pelos rebeldes, declarou que esta noite foi "relativamente calma" e citou alguns ataques sem vítimas.

Contudo, durante o dia, um porta-voz das operações militares ucranianas, Oleksii Dmitrachkivski, anunciou a morte de três soldados em um ataque contra posições ucranianas perto de Slaviansk, reduto dos insurgentes.

'Melhor uma paz instável'

Sem citar as novas perdas, o ministro ucraniano da Defesa, Mykhailo Koval, elevou o tom.

"Todo mundo sabe que é melhor uma paz instável do que uma boa guerra (...) Se não houver solução pacífica, nós destruíremos os separatistas" que se recusarem a depor as armas, ameaçou, citado por uma agência de notícias ucrania.

Por sua vez, os guardas de fronteira russos de Rostov-sur-le-Don afirmaram neste sábado que um posto de controle e vilarejos no território russo foram atingidos por três morteiros disparados pelo Exército ucraniano. Um prédio da alfândega foi atingido.

O presidente Petro Poroshenko anunciou na sexta-feira à noite que o cessar-fogo ordenado às tropas há uma semana, e aceito alguns dias depois pelos rebeldes, foi prorrogado por 72 horas.

No entanto, na sexta-feira à noite, os rebeldes tomaram o controle de uma base do ministério do Interior que abriga uma fábrica de munições na periferia de Donetsk, reduto insurgente. Neste sábado os separatistas propuseram que os 100 soldados jurassem lealdade à Rússia ou voltassem para casa.

Libertar os reféns

A UE impôs a Moscou quatro condições que devem ser cumpridas até segunda-feira à tarde, incluindo a "abertura de negociações sobre a aplicação do plano de paz" do presidente ucraniano Petro Poroshenko.

O plano, apresentado na semana passada, prevê o estabelecimento de uma zona de exclusão na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, com o estabelecimento de um corredor para permitir que os rebeldes e mercenários da Rússia voltem para casa após a entrega das armas, assim como uma descentralização do poder na região industrial de Donbass.

A UE também exige um acordo sobre um "mecanismo de verificação, supervisionado pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), do cessar-fogo", o retorno das autoridades ucranianas em pontos de fronteira com a Rússia e a libertação dos reféns, incluindo todos os observadores da OSCE.

Um líder rebelde da autoproclamada república separatista de Donetsk, Alexander Borodai, afirmou na sexta-feira que após a libertação na quinta-feira de quatro observadores da OSCE detidos desde 26 de maio, uma segunda equipe detida no leste desde 29 de maio deve ser liberada em breve.

Ele falou depois de uma terceira rodada de consultas com representantes de Kiev.

A extensão do acordo de cessar-fogo ocorre em meio a novas tensões entre Kiev e Moscou após a assinatura, em Bruxelas, da última parte de um acordo de associação com a União Europeia.

Sobre o acordo, o presidente russo, Vladimir Putin, aproveitou a oportunidade para denunciar um "golpe de Estado inconstitucional em Kiev" que colocou Poroshenko no poder, apoiado pelo Ocidente.

O vice-chanceler russo Grigory Karasin advertiu que este acordo teria "sérias consequências" nas relações comerciais com a Ucrânia, privada há duas semanas do abastecimento de gás russo em consequência da falta de acordo sobre o pagamento de sua dívida.

O acordo de associação UE-Ucrânia é o mesmo que o antecessor de Poroshenko, o destituído Viktor Yanukovytch, se recusou a assinar em novembro, o que provocou uma onda de protestos, a queda de Yanukovytch e o conflito com a Rússia, que anexou em março a Crimeia a seu território.

Desde então, Kiev lançou uma operação militar para reprimir a insurreição separatista pró-russa no leste do país que já deixou mais de 400 mortos.

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