Centro foi inaugurado pelos ministros das Relações Exteriores dos três países fundadores e pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon (©AFP / Mohammed Huwais)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 19h28.
Viena - Com o objetivo de fazer com que a religião não seja vista como um problema, mas sim como solução, a Áustria, a Espanha e a Arábia Saudita inauguraram, nesta segunda-feira, em Viena, um centro de diálogo para colocar frente a frente os representantes das principais crenças.
O Centro Internacional para o Diálogo Inter-religioso e Intercultural Rei Abdullah Bin Abdulaziz foi inaugurado pelos ministros das Relações Exteriores dos três países fundadores e pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Impulsionado pelo rei saudita, que dá nome ao local, a nova instituição conta com um diretório formado por representantes católicos, protestantes, ortodoxos, judeus, budistas, hinduístas e pelas três principais vertentes do Islã: xiita, wahhabista e sunita.
Entre os membros do diretório só há uma mulher, a budista japonesa Kosho Niwano, enquanto o Vaticano participa como Estado observador.
''O que tentamos é que a religião seja vista não como parte de um problema, mas como parte de uma solução'', resumiu o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo.
''Isso é o que este centro pretende conseguir em momentos de grande turbulência no mundo todo, no qual a religião foi muitas vezes, mais que uma solução, um problema'', indicou.
O chefe da diplomacia espanhola lembrou que o que originou este novo centro foi a Conferência Internacional do Diálogo realizada em Madri, em 2008, com o patrocínio da Arábia Saudita.
Margallo defendeu a iniciativa de criar um fórum de diálogo ''não entre religiões, mas entre crentes de distintas religiões que compartilham valores e princípios para fazer com o que mundo viva mais em paz, mais estável e mais harmonioso''.
Por sua vez, Ban se referiu ao conflito sírio e aos enfrentamentos entre israelenses e palestinos como exemplos que mostram como o projeto é necessário para ''um entendimento a longo prazo que passa por fronteiras e identidades religiosas, nacionais, culturais e étnicas''.
O centro, financiado a princípio por Riad, foi muito criticado na Áustria, onde os partidos da oposição não concordam com sua criação.
Um coletivo austríaco de defesa dos direitos dos homossexuais e uma associação a favor do laicismo denunciaram o centro ao entender que não pode ter o status de órgão internacional por ser impulsionado por um país que viola os direitos humanos e onde não existe a liberdade religiosa.
Fontes diplomáticas austríacas asseguraram à Agência Efe que este centro faz parte dos esforços do rei saudita para fortalecer os setores de seu país.
Apesar de Riad financiar o centro, seu secretário-geral, o saudita Faisal bin Abdulrahman bin Muammar, explicou que ''não haverá interferências políticas de nenhum tipo'' e que o diretório será o único responsável pelas atividades.