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Cena captada em vídeo entre estudante e indígena causa indignação nos EUA

Usando boné com slogan "Tornar a América Grande de Novo", jovem fica imóvel, com um largo sorriso, encarando o ancião, que entoa cânticos em sua marcha

(Kaya Taitano / Social Media/Reuters)

Vanessa Barbosa

Publicado em 20 de janeiro de 2019 às 17h04.

Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 15h39.

São Paulo - Na última sexta-feira (18),a capital dos Estados Unidosrecebeu pela primeira vez a Marcha dos Povos Indígenas, movimento em defesa de políticas que fortaleçam a soberania indígena e o reconhecimento das profundas injustiças que continuam afetando as comunidades nativas.

O evento emWashington, D.C. coincidiu com aMarcha pela Vida, que atraiu milhares de manifestantes contrários à prática do aborto, entre eles, alunos de uma escola privada do estado de Kentucky que protagonizaram um vídeo que viralizou nas redes sociais no sábado.

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As imagens mostram uma multidão de estudantes rodeando um nativo americano e veterano do Vietnã, conhecido como Nathan Phillips, que em sua marcha está cantando e tocando um tambor indígena, enquanto os jovensriem e filmam com celulares.

Um menino, usando um boné vermelho da MAGA, sigla em inglês do slogan "Tornar a América Grande de Novo",de Donald Trump, fica a poucos centímetros do rosto do homem, bloqueando a passagem e olhando para ele, imóvel e com um largo sorriso no rosto.

As imagens do comportamento causaramuma torrente de indignação popular, atraindo críticasde nativos americanos e legisladores, que qualificaram o comportamento do jovem como "desrespeitoso".

Darren Thompson, organizador do Movimento dos Povos Indígenas, que coordenou a marcha, disse em um comunicado que o incidente é um efeito "emblemático do estado de discurso da América de Trump", uma retórica que segundo ele encoraja atos de assédio e racismo.

"Isso demonstra claramente a validade de nossas preocupações sobre a marginalização e o desrespeito aos povos indígenas", escreveu Thompson.

"Eu os ouvi dizendo: 'Construa aquele muro, construa aquele muro'", disse o ancião em um vídeo sobre o ocorrido postado na mídia social. Ele não conteve as lágrimas: "Estas são terras indígenas. Você sabe que não devemos ter muros aqui. Nós nunca fizemos isso, por milênios, antes que mais alguém viesse para cá. Nós nunca tivemos paredes. Nós nunca tivemos prisões".

https://www.instagram.com/p/Bsy9_7WFDQO/

Em uma entrevista ao Washington Post, Phillips disse que dezenas de adolescentes começaram a se reunir em torno de seu grupo enquanto eles concluíam sua marcha e estavam se preparando para sair.

"Estava ficando feio", disse ele ao jornal.“Eu comecei a ir desse jeito, e aquele rapaz de boné ficou no meu caminho e nós estávamos em um impasse. Ele apenas bloqueou meu caminho e não me permitiu recuar".

Em uma declaração inflamada postada em sua conta no Facebook, a Secretária de Estado do Kentucky, Alison Lundergan Grimes, chamou os vídeos virais de “horríveis”.

“Apesar dessas cenas horríveis, eu me recuso a me envergonhar e culpar apenas essas crianças por esse tipo de comportamento. Em vez disso, dirijo-me aos adultos e à administração encarregados de ensiná-los e àqueles que silenciosamente permitem que outros promovam esse comportamento".

A Covington Catholic High School, escola privada do Kentucky, emitiu um comunicado conjunto com a Diocese de Covington, no sábado, condenando o incidente e dizendo que iria investigar e "tomar as medidas adequadas, até incluindo expulsão."

"Nós estendemos nossas mais profundas desculpas ao Sr. Phillips", escreveu a escola. "Esse comportamento se opõe aos ensinamentos da Igreja sobre a dignidade e o respeito à pessoa humana".

Outro lado

Em uma carta divulgada no domingo, o jovem do vídeo, que se identificou como NicK Sandmann, apresenta uma outra versão ao ocorrido.

Ele conta que antes dos dois grupos de manifestantes se encontrarem (os dos indígenas e os dos contrários ao aborto), um terceiro e menor grupo de pessoas afiliadas ao movimento israelita hebraico negro havia se aproximado e gritado insultos em direção aos jovens, chamando-os de racistas, elite branca entre outras qualificações.

Temendo um confronto direto, Nick conta que os estudantes teriam pedido permissão aos representantes da escola para cantarem o hino oficial do colégio, a fim de abafar os insultos. Nesse momento, segundo ele, a marcha dos nativos americanos teria se aproximado.

Nick disse que ficou surpreso quando o anciãoNathan Phillips o encarou, mas que decidiu adotar uma expressão tranquila para mostrar que não havia problema algum ali.

No comunicado, o jovem também ressalta ser católico praticante e respeitar todas pessoas, além de evitar qualquer circunstância que possa causar violência ou conflitos.

 

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