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Carta inédita do nazista Eichmann para Israel é revelada

A solicitação de indulto foi feita após ele ter sido condenado de 15 acusações, entre eles crimes contra o povo judeu, contra a humanidade e de guerra


	Adolf Eichmann, em 1961: o oficial nazista foi considerado responsável direto pelo plano da "solução final", principalmente na Polônia
 (AFP)

Adolf Eichmann, em 1961: o oficial nazista foi considerado responsável direto pelo plano da "solução final", principalmente na Polônia (AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 09h06.

Jerusalém - O criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann solicitou em um manuscrito o indulto do presidente israelense Yitzhak Ben-Zvi dois dias antes de morrer executado na forca em 1962, revelou um documento inédito apresentado nesta quarta-feira em Israel.

A carta manuscrita original, junto com outros documentos e notas pessoais do segundo chefe do Estado israelense Ben-Zvi, foram apresentados em um evento realizado na sede da presidência de Israel, liderado pelo presidente Reuven Rivlin, no Dia Internacional em Lembrança do Holocausto.

A solicitação de indulto de Eichmann foi feita após ele ter sido condenado de 15 acusações, entre eles crimes contra o povo judeu, contra a humanidade e de guerra.

Adolf Eichmann, político alemão membro do partido nazista austríaco e tenente-coronel das SS, foi sequestrado por agentes do serviço secreto exterior israelense, a Mossad, na Argentina em 1960 e levado a Israel.

Após a realização de um julgamento que terminou com a condenação à pena capital, Eichmann foi enforcado na noite entre 31 de maio e 1 de junho de 1962.

O oficial nazista foi considerado responsável direto pelo plano da "solução final", principalmente na Polônia, e pelo transporte aos campos de concentração alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

Na solicitação de indulto Eichmann afirmou: "os juízes cometeram um erro crítico ao avaliar minha personalidade, porque não podem se colocar no momento e na situação em que eu estive durante os anos da guerra".

Ao apelar ao segundo presidente israelense, ele escreveu que "não é certo que fosse tal figura importante que pudesse supervisionar ou acompanhar de forma independente a perseguição de judeus", e argumentou que o tribunal ignorou suas alegações de que "nunca serviu em uma posição elevada que implicasse em tal autoridade decisiva e independente".

"Nunca dei ordens em meu nome, mas sempre atuei segundo as ordens. No caso de ter sido, como assumem os juízes, uma força fanática motora da perseguição aos judeus, isto teria se refletido em minha promoção ou outros reconhecimentos, mas nunca me concederam nenhum benefício", se defendeu o criminoso nazista.

O documento ainda disse que "deve traçada uma linha entre os líderes que são os responsáveis por pessoas como eu, que nos vimos obrigadas a ser ferramentas, e a liderança. Não estive a cargo das coisas e por isso não me considero culpado. E solicito, honorável presidente, que faça uso de sua autoridade para me indultar e ordene que a sentença de morte não seja levada a cabo".

Entre os documentos expostos hoje também há uma carta da mulher de Eichmann, Vera, que solicitou o perdão presidencial "como esposa e mãe de quatro crianças", e de seu advogado, Robert Servatius, que destacou no processo que seu cliente "não era uma figura relevante da hierarquia nazista, mas se viu empurrado pelos eventos políticos".

Ben-Zvi negou o pedido e, em carta concisa, respondeu que "após estudar a solicitação de indulto sobre o caso de Adolf Eichmann, e após ter analisado todos os materiais à minha disposição, cheguei à conclusão de que não há justificativa para outorgar o perdão a Eichmann ou diminuir a punição" ditada pelos tribunais israelenses.

"Portanto, informo que decidi rejeitar a solicitação e não fazer uso da minha autoridade para perdoar ou reduzir o castigo neste caso", concluiu o então presidente israelense.

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