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Capriles, a esperança de um discurso que evita o extremismo

Nas eleições de 7 de outubro, enfrentou nas urnas Chávez na condição de representante da oposição unida e, em 14 de abril, enfrentará Nicolás Maduro


	"Nicolás, eu não vou te deixar o caminho livre, companheiro, vai ter que me derrotar por votos, e vou brigar com estas mãos por cada voto, custe-me o que custar", ressaltou o candidato da oposição
 (Leo Ramirez/AFP)

"Nicolás, eu não vou te deixar o caminho livre, companheiro, vai ter que me derrotar por votos, e vou brigar com estas mãos por cada voto, custe-me o que custar", ressaltou o candidato da oposição (Leo Ramirez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 19h48.

Caracas - O advogado Henrique Capriles, governador do rico estado de Miranda, será a cara da oposição venezuelana nas eleições convocadas para 14 de abril, nas quais com um discurso afastado dos extremismos espera mobilizar os descontentes após 14 anos de chavismo.

Com apenas 40 anos, Capriles já acumula uma longa carreira política que o levou a ser eleito duas vezes governador do estado de Miranda, presidente da Câmara dos Deputados e prefeito, convertendo-se no político opositor com maior número de vitórias nas urnas. No entanto, isso não foi suficiente para vencer Hugo Chávez.

Descendente de judeus do gueto de Varsóvia e bisneto de vítimas do campo de extermínio de Treblinka, Capriles se declara católico praticante e mantém um discurso no qual tenta se afastar dos radicais da oposição e do governo.

Ele nunca teve problema em reconhecer a necessidade de manter os programas sociais de Chávez, além de ressaltar a necessidade de ir ao essencial, garantindo que, ao contrário do falecido presidente venezuelano, não vai falar durante horas na televisão.

Nas eleições de 7 de outubro, Capriles enfrentou nas urnas Chávez na condição de representante da oposição unida e, em 14 de abril, enfrentará Nicolás Maduro, presidente encarregado do país desde a sexta-feira passada e a quem acusou de mentir e de usar a dor dos seguidores de Chávez.

"Nicolás, eu não vou te deixar o caminho livre, companheiro, vai ter que me derrotar por votos, e vou brigar com estas mãos por cada voto, custe-me o que custar", ressaltou.

Capriles pertence à classe alta de Caracas. Pelo lado paterno, faz parte de uma família de donos de veículos de comunicação e empresas imobiliárias, entre outros negócios, e pelo materno, seus parentes possuem um grande complexo de salas de cinema.


Embora seus sobrenomes estejam associados ao poder empresarial, ele procurou se desvincular de uma imagem elitista ou poderosa para captar simpatias entre as classes mais despossuídas.

Apesar de sua juventude, Capriles conta com um grosso currículo. É governador de Miranda, estado que abrange parte de Caracas e é um dos mais importantes do país. Ele foi reeleito para este cargo em dezembro do ano passado, após vencer Elías Jaua, aliado de Chávez.

Antes, Capriles tinha feito o mesmo com Diosdado Cabello, atual presidente da Assembleia Nacional.

O candidato opositor foi ainda duas vezes prefeito do município caraquenho de Baruta e há 14 anos se tornou o presidente mais jovem da Câmara dos Deputados.

Capriles é militante do partido Primeiro Justiça praticamente desde sua fundação e se manteve dentro desta organização política, que emergiu como uma das principais da oposição desde 2000.

Ele nunca se casou e também não tem filhos, embora se saiba de alguns de seus romances.

Seus opositores o acusam de "inação" durante o ataque que sofreu a embaixada de Cuba na Venezuela por parte de radicais antichavistas durante o golpe de Estado que tirou Chávez do poder por dois dias em abril de 2002.

O então embaixador cubano na Venezuela, Germán Sánchez, afirmou que Capriles, que nessa época era prefeito da região onde se encontra a sede diplomática, não fez nada para evitar as agressões e depredações.

Aquelas acusações terminaram com seu encarceramento por 119 dias, e seu caso chegou até o final da via judicial, onde foi exonerado de culpa.

Durante a campanha para o pleito de outubro, ele percorreu cerca de 300 cidades com um discurso no qual não poupou críticas ao governo pela insegurança, a falta de produtividade no país, problemas de educação e a corrupção, enquanto se queixava do desequilíbrio da campanha.

No final, Capriles foi vencido por Chávez em 7 de outubro, mas sua vitória em Miranda contra Jaua em meio ao desastre da oposição nas eleições de dezembro praticamente deixou garantida sua liderança nas aspirações opositoras.

Com a morte do chefe de Estado, ele volta a ficar à frente das esperanças opositoras para pôr fim a 14 anos de chavismo.

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