Campanha da CNBB critica exploração do pré-sal
O pré-sal, diz o texto, "não é essa maravilha toda" e exige o investimento de uma fortuna para ser explorado
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 19h27.
Brasília - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou hoje a Campanha da Fraternidade 2011, que irá tratar desta vez das mudanças climáticas e do aquecimento global. O documento base da campanha, que pretende incentivar os fiéis da igreja católica a fazer sua parte no combate às mudanças no clima, traz críticas diretas a um dos projetos mais caros do governo brasileiro: a exploração de petróleo na camada pré-sal.
O pré-sal, diz o texto, "não é essa maravilha toda" e exige o investimento de uma fortuna para ser explorado. "O programa pré-sal exige o dispêndio de fortunas para a extração de um produto altamente poluente", diz o documento. "Não é essa maravilha toda apresentada pelas propagandas governamentais".
Na entrevista em que a campanha foi apresentada, na tarde de hoje, o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, ainda acrescentou que o petróleo brasileiro pode atrair a cobiça de outros países. "A primeira vez que ouvi falar no petróleo do pré-sal tive uma sensação muito ruim. Pensei que temos água e temos óleo. Ou estamos feitos ou estamos fritos", disse.
A CNBB também acrescenta críticas ao agronegócio, uma atividade que, avalia o secretário-executivo da campanha, padre Luiz Carlos Dias, "não está preocupada com a natureza". O agronegócio, diz a conferência, desperdiça 70% da água doce do planeta e contamina mares e rios com fertilizantes. "Mais de 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa vêm de agricultores familiares. Ainda assim, a pressão do agronegócio para aumentar as fronteiras agrícolas é enorme", afirmou o padre.
A campanha da fraternidade é repassada para todas as paróquias católicas do País. O seu tema anual é usado em sermões durante as missas e discutido em encontros de fiéis e nas atividades das pastorais. "Pode-se perguntar o que o cidadão comum pode fazer? Um exemplo são as enchentes em São Paulo, que poderiam ser minimizadas se não houvesse aquela massa de detritos nos rios", afirmou dom Dimas.