BALEIAS NA COSTA AUSTRALIANA: pedido de retomada da caça foi feito pelo Japão, e precisa ser aprovado por 75% dos países
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2018 às 06h02.
Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 10h14.
A Comissão Internacional das Baleias (International Whaling Comission, ou IWC, em inglês) está desde o começo da semana reunida em Florianópolis, em Santa Catarina. Ela deve decidir nesta quinta-feira se revoga a proibição da caça comercial desses animais, estabelecida em 1986 diante da iminência de extinção de várias espécies por conta da pesca industrial predatória, intensa ao longo do século 20.
A pedido do Japão, porém, a restrição está sendo revista. O país hoje captura entre 300 e 400 animais por ano – e já chegou a abater cerca de 1.000 em 2005 e em 2006, incluindo animais jovens e fêmeas grávidas. A justificativa é controversa: a captura funciona como um instrumento de investigação populacional e detecção de ameaças aos animais em seu habitat, mas a carne dos animais estudados acaba sendo comercializada.
Composta por 88 países, a instituição está na 67ª reunião anual e é agora presidida justamente pelo Japão. Desde o estabelecimento da moratória da caça, países como Noruega e Islândia também defendem cotas anuais de caça consideradas sustentáveis, só para espécies em grande número, e de forma a evitar o sofrimento dos animais no momento da captura.
A ideia é que essas cotas possam viabilizar a comercialização de carne, óleo e gordura dos animais, além de atender a trabalhos de pesquisa e suprir a demanda alimentar de comunidades mais isoladas do Alasca, da Groenlândia e da região da Sibéria, na Rússia, que tradicionalmente caçam baleias. Segundo estudiosos, as baleias são animais inteligentes e com estruturas sociais altamente desenvolvidas – o que torna a morte de um mamífero extremamente atordoante para o grupo e pode causar desequilíbrio à biodiversidade marinha.
Para entrar em vigor, a proposta precisa ser aprovada por 75% dos países que compõem a comissão. A proposta do Brasil, que está entre os países contrários à liberação da caça, é a de criar um santuário na parte sul do Atlântico, com 20 milhões de quilômetros de área protegida, e a partir dele desenvolver pesquisas não letais e programas de interesse turístico ao redor dos animais.
A retomada da caça comercial pode fazer com que baleias-franca que se reproduzem nas proximidades do litoral catarinense, por exemplo, sejam diretamente atingidas. O pleito, que vem sendo defendido pelo Brasil desde 2001, teve maioria de votos favoráveis na comissão deste ano, mas não alcançou os 75% necessários para virar regra.