Brics são vítimas das políticas das nações ricas, diz professor
Professor da Universidade de Brasília considera que excesso de dólares no mercado prejudica o Brasil
Da Redação
Publicado em 18 de abril de 2011 às 18h29.
Brasília – Os países emergentes, principalmente as economias do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), são as principais vítimas das políticas econômicas das nações desenvolvidas, disse hoje (18) o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em economia internacional Newton Marques. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ele afirmou que as medidas econômicas adotadas pelos países ricos para combater a crise agravam os desequilíbrios externos nas nações em desenvolvimento.
Sobre o encontro do G20 (grupo das 20 principais economias do mundo), que ocorreu na semana passada nos Estados Unidos, Marques destacou que o Brasil tem sido visto como uma liderança emergente, ao lado da China, Índia e Rússia. Segundo ele, esses países procuram influenciar as decisões porque são os mais afetados pelas políticas econômicas que ele considera equivocadas. “Com a recessão nos Estados Unidos, o Banco Central norte-americano injeta um volume maior de dólares na economia, com reflexos no mundo todo, principalmente nos países emergentes”, enfatizou.
Para o professor, o Brasil é um dos países que mais sofre com o excesso de dólares no mercado e o forte processo de valorização cambial, com consequências para as exportações, pois a valorização excessiva do real torna os produtos brasileiros mais caros no exterior. “No fim, perdemos produtividade perante o mercado norte-americano”, disse. Segundo ele, as medidas adotadas pela União Europeia para salvar o euro também terão reflexo sobre os países emergentes.
De acordo com o especialista, o Brasil tem trilhado um bom caminho, mas precisa aprender a lidar com a desvalorização do dólar e a controlar a inflação. “As economias vão ter que se desenvolver de tal modo que se resolva tanto o câmbio quanto a inflação, se preocupando com o equilíbrio externo”, disse. Segundo o professor, não adianta ter desenvolvimento econômico financiado com dívida externa, nem baixo endividamento sem crescimento. “É um processo que acaba sendo insustentável [nos dois casos]”, afirmou.
Ele lembrou que os países desenvolvidos conseguem resolver os problemas com maior facilidade do que países em desenvolvimento, como os países que formam o Brics. “Um país desenvolvido tem crise passageira. O Japão, num instante, resolveu a maior parte dos problemas provocados pelo tsunami. O Brasil, no entanto, tem problemas sérios e não consegue resolver as coisas rapidamente”, afirmou.
Para Marques, o Brasil sofre não apenas com problemas culturais, mas também com a escassez de capital. Ele afirmou que o país apenas está começando a enfrentar os problemas estruturais. “O Brasil tem trilhado esse caminho, mas tem muito a fazer”, declarou.
Quanto à reclamação da população sobre os gastos públicos e o aumento da carga tributária, o economista lembra que a sociedade quer um governo que não gaste muito, mas, ao mesmo tempo, forneça bons serviços. “Infelizmente, é difícil identificar o que precisa ser feito, mas é imediato gastar recursos públicos e arrecadar impostos. A sociedade quer um governo que não gaste e, ao mesmo tempo, utilizar os serviços públicos”, explicou.
Brasília – Os países emergentes, principalmente as economias do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), são as principais vítimas das políticas econômicas das nações desenvolvidas, disse hoje (18) o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em economia internacional Newton Marques. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ele afirmou que as medidas econômicas adotadas pelos países ricos para combater a crise agravam os desequilíbrios externos nas nações em desenvolvimento.
Sobre o encontro do G20 (grupo das 20 principais economias do mundo), que ocorreu na semana passada nos Estados Unidos, Marques destacou que o Brasil tem sido visto como uma liderança emergente, ao lado da China, Índia e Rússia. Segundo ele, esses países procuram influenciar as decisões porque são os mais afetados pelas políticas econômicas que ele considera equivocadas. “Com a recessão nos Estados Unidos, o Banco Central norte-americano injeta um volume maior de dólares na economia, com reflexos no mundo todo, principalmente nos países emergentes”, enfatizou.
Para o professor, o Brasil é um dos países que mais sofre com o excesso de dólares no mercado e o forte processo de valorização cambial, com consequências para as exportações, pois a valorização excessiva do real torna os produtos brasileiros mais caros no exterior. “No fim, perdemos produtividade perante o mercado norte-americano”, disse. Segundo ele, as medidas adotadas pela União Europeia para salvar o euro também terão reflexo sobre os países emergentes.
De acordo com o especialista, o Brasil tem trilhado um bom caminho, mas precisa aprender a lidar com a desvalorização do dólar e a controlar a inflação. “As economias vão ter que se desenvolver de tal modo que se resolva tanto o câmbio quanto a inflação, se preocupando com o equilíbrio externo”, disse. Segundo o professor, não adianta ter desenvolvimento econômico financiado com dívida externa, nem baixo endividamento sem crescimento. “É um processo que acaba sendo insustentável [nos dois casos]”, afirmou.
Ele lembrou que os países desenvolvidos conseguem resolver os problemas com maior facilidade do que países em desenvolvimento, como os países que formam o Brics. “Um país desenvolvido tem crise passageira. O Japão, num instante, resolveu a maior parte dos problemas provocados pelo tsunami. O Brasil, no entanto, tem problemas sérios e não consegue resolver as coisas rapidamente”, afirmou.
Para Marques, o Brasil sofre não apenas com problemas culturais, mas também com a escassez de capital. Ele afirmou que o país apenas está começando a enfrentar os problemas estruturais. “O Brasil tem trilhado esse caminho, mas tem muito a fazer”, declarou.
Quanto à reclamação da população sobre os gastos públicos e o aumento da carga tributária, o economista lembra que a sociedade quer um governo que não gaste muito, mas, ao mesmo tempo, forneça bons serviços. “Infelizmente, é difícil identificar o que precisa ser feito, mas é imediato gastar recursos públicos e arrecadar impostos. A sociedade quer um governo que não gaste e, ao mesmo tempo, utilizar os serviços públicos”, explicou.