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Brasil pode ganhar novas usinas a etanol

Petrobras começa a produzir energia em sua primeira termelétrica a etanol; mudança pode ser adotada em outras usinas do país

Projeto que explora o uso do etanol economiza volume de água equivalente ao consumido diariamente por 72 mil brasileiros (./Divulgação)

Projeto que explora o uso do etanol economiza volume de água equivalente ao consumido diariamente por 72 mil brasileiros (./Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

O etanol produzido no Brasil, maior exportador do mundo, ainda não corresponde às expectativas de se tornar a principal fonte de energia renovável no mercado global. No ano passado, as receitas obtidas com as exportações de álcool foram de 1,3 bilhão de dólares, 44% inferiores em relação a 2008. Diante dessa baixa demanda e da alta produção, o combustível etílico tem ganhado cada vez mais espaço aqui dentro, fazendo do país um agente pioneiro em produção de energia alternativa.

O principal exemplo disso é a Usina Termelétrica Juiz de Fora (UTE JF). Adquirida pela Petrobras em 2007, a unidade até então movida a gás natural se torna a primeira do mundo a gerar energia elétrica a partir do etanol. O complexo flex-fuel (biocombustível) foi inaugurado nesta terça-feira (19/1) em Juiz de Fora, Minas Gerais, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas a ideia é expandir essa iniciativa - por meio de parcerias com investidores - para outras regiões do Brasil e também para países interessados em adotar esse tipo de tecnologia limpa. 

O projeto de Juiz de Fora custou cerca de 45 milhões de reais aos cofres da Petrobras e foi desenvolvido em parceria com a multinacional General Electric (GE), líder em tecnologia de infraestrutura. Há cerca de 200 horas funcionando sem problemas, a térmica tem provado que a potência de suas turbinas, derivadas das utilizadas no Boeing 747, têm capacidade para extinguir o uso de enxofre e reduzir as emissões de óxido de nitrogênio e dióxido de carbono, causadores do chamado efeito estufa.

Além disso, uma das maiores contribuições para o meio ambiente é a considerável diminuição no volume de água para a geração de energia. "Agora, a usina economiza um volume de água equivalente ao consumido diariamente por 72.000 brasileiros", afirma o diretor de produtos da GE para a América Latina, John Ingham. "Os principais resultados desse projeto para a economia brasileira são o desenvolvimento do mercado do etanol e a maior segurança energética", completa o executivo.

Segundo o diretor da GE, o projeto pioneiro no mundo ainda tem bastantes espaços para se expandir no Brasil. Mas para se candidatar a receber as novas turbinas, as unidades precisam ter como pré-requisito o difícil acesso ao gás natural. Em Macaé, Rio de Janeiro, uma térmica da Petrobras de 900 megawatts possui cerca de 20 turbinas da GE, com potencial de serem convertidas ao etanol. "A maior estatal do país já se mostrou interessada em dar continuidade à geração de energia elétrica por meio do etanol. À medida que a exploração do pré-sal for ganhando consistência, teremos mais possibilidades de atuar em outras regiões do país", diz Igham.

O custo para manter turbinas abastecidas por etanol ainda é mais alto do que o do gás natural porque o consumo do combustível etílico na unidade é elevado. Para uma hora de funcionamento, são precisos 18.000 litros de álcool. "O etanol ainda não é o novo principal biocombustível, mas apenas uma alternativa de energia renovável. Ele faz sentido em lugares que dependem de importação como a própria região amazônica, onde são utilizadas térmicas a diesel", diz o diretor da GE, dona de 770 turbinas iguais às utilizadas na térmica de Juiz de Fora. Pelo menos nas próximas 800 horas que irão completar o teste, o mundo terá uma geradora de eletricidade com uma fonte menos poluente.

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